O ano de 2022 começou com chuvas regulares, impactando de forma positiva na capacidade dos reservatórios e na previsão de um ano muito diferente ao observado em 2021, quando foi registrado um intenso período seco e utilização acima da capacidade operativa nas hidrelétricas.
A Trinity Energia, empresa que comercializa energia no mercado livre, apontou em um estudo interno, que a curva de preços, em um cenário mais favorável de chuvas, poderia permanecer no valor de R$ 55,70/MWh, piso regulatório para o ano de 2022. Já no cenário mais provável teríamos um preço de liquidação de diferenças (PLD) na média de R$ 87,00/MWh para o último semestre do ano. O PLD é o resultado de um cálculo complexo, que determina os valores de toda a energia elétrica que foi produzida, mas não foi contratada pelos agentes do mercado.
REGIÕES
Ainda de acordo com levantamentos da Trinity Energia, realizado no dia 17 de maio, na divisão por regiões, a entrada do período seco ocorreu de forma antecipada no Sudeste, mas, mesmo com a diminuição no volume de chuvas, o cenário favorável verificado no começo deste ano foi suficiente para elevação dos reservatórios aos volumes mais elevados dos últimos 10 anos e está acima dos 60% agora.
Nas regiões Nordeste e Norte os níveis se mantêm acima de 90%. E, no Sul, as chuvas de abril e início de maio minimizaram a seca, elevando a capacidade dos reservatórios em 40% em pouco mais de um mês, passando de 45,6% para 89,2%.
Apesar do atual cenário positivo no Sul do país, João Sanches, CEO da Trinity Energia, esclarece que as chuvas devem permanecer irregulares na região.“O motivo que ainda persiste para essa informação é a presença do fenômeno La Ninã, que tem projeções de continuidade até pelo menos o fim da primavera. Normalmente, durante os meses de inverno, com a atuação da La niña, observa-se um Sul mais seco. Já durante os meses de verão, a influência do fenômeno favorece a umidade nas regiões Nordeste, Norte e temperaturas mais amenas na região Sudeste, explica o especialista em energia”.
FAVORÁVEL
Para o especialista, a expectativa de preços baixos, devido às melhores condições de reservatórios em 2022, indica um cenário favorável para manutenção da bandeira verde até o final deste ano, desta forma, não teríamos cobranças extras tarifárias.
Para João Sanches “o principal reflexo, com isso, é diretamente no bolso do consumidor, que pagou caro pela conta de energia no ano anterior e deve ter uma folga daqui pra frente, sem a cobrança extra de mais de R$ 14 a cada 100 quilowatts consumidos e economia em torno de 20% na conta”, complementa.
Mesmo com o fim do período úmido, em abril, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) prevê que em 2022 haverá o pleno atendimento energético no país e sem o uso de reservas operacionais. Mas João Sanches alerta que as medidas para economizar energia, como secar roupas aproveitando a luz solar e o vento, em vez de secadoras, e evitar acender as luzes durante o dia, devem se tornar um hábito, evitando outra crise hídrica como a de 2021.
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