Você faz uso inteligente do cartão de crédito?
O cartão de crédito pode trazer controle ou descontrole, pode ajudar a ter maior domínio das contas ou se perder completamente
Um instrumento de acesso ao crédito, simples, prático e rápido, para o bem e para o mal eu poderia dizer, é polêmico: um grande parceiro e amigo para algumas pessoas, uma dor de cabeça daquelas a cada mês, vilão e um meio evidente para o endividamento de tantas outras. Isso mesmo, muitos brasileiros que estão enrolados ou endividados, têm ele mal utilizado no meio dessa história. Estamos falando do cartão de crédito! E para você, ele é parceiro ou motivo para dor de cabeça? Faço essa pergunta de vez em quando e vejo uma diversidade de opiniões e formas de encarar o cartão.
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Quando te perguntam: “senhor (a), quer pagar no crédito ou débito?”, bate uma dúvida? Com base em que você toma essa decisão? E se você tiver a possibilidade de parcelar em dez vezes sem juros? Se sente tentado? Afinal, para muitos pode aliviar e cair bem o valor mês a mês para quitar aquela compra, porém seriam meses pagando aquilo, hein?
O cartão de crédito pode trazer controle ou descontrole, pode ajudar a ter maior domínio das contas ou se perder completamente. Ou seja, tem a parceria e a dor de cabeça, o lado amigo e o lado vilão. O cartão de crédito pode servir para aliviar o fluxo financeiro mensal ou para empurrar as contas para o mês seguinte de forma descontrolada e inconsequente, apenas adiando e podendo aumentar ainda mais a tal dor de cabeça. Nesse último caso, pode até parecer um amigo, dando a oportunidade de jogar as despesas para frente, mas será que é isso mesmo? Será que quando o seu dinheiro acaba e você usa o cartão de crédito para supérfluos, está fazendo um bom uso do cartão? Lembre-se que no mês seguinte vem o acúmulo dessas pequenas compras e quem sabe pode te obrigar a “jogar” para frente de novo. Isso pode se tornar o começo da bola de neve, uma grande avalanche, que dá sinais fortes quando não se tem o dinheiro para pagar o total da fatura do cartão. Ou seja, mais que a hora de puxar o freio de mão e mudar muito, quase tudo, ou a situação entra na via expressa do endividamento e, para tantos outros, do superendividamento.
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Tem o caso de quem se vale do cartão para acumular milhas, mas não faz uma boa gestão e acaba ficando “milhonário” (com muitas milhas), mas sem o dinheiro para viabilizar a hospedagem, passeios e outras despesas de uma viagem. E aí, as milhas acabam por expirar, e dependendo da sua situação e das prioridades, não faz sentido pagar anuidade por esse benefício. Para ter acesso a essência deste instrumento, ou seja, ao crédito, tem muitas alternativas de cartões sem anuidade. Costumo dizer que, para comprar passagens, é possível com dinheiro ou milhas. Logo, milhas é igual a dinheiro. Se você deixa as suas milhas vencer, está jogando dinheiro fora. E não deixe isso acontecer, venda suas milhas e faça uma renda extra, troque por eletrônicos, eletrodomésticos, combustível, itens para a casa, roupas e mais, mesmo que essa troca não seja lá tão vantajosa, é melhor do que perder as milhas, melhor do que vimos aí, literalmente jogar dinheiro fora.
Retomo um ponto em relação ao pagamento da fatura. Quando ela chega, você honra com tranquilidade ou é aquela “guerra” e acaba não conseguindo pagar o valor total? Fuja de pagar o mínimo, o cartão de crédito tem um dos juros mais altos do mercado. É um crédito pré-aprovado, assim como o do cheque especial, e dinheiro que vem fácil, não é só que vai fácil, mas custa muito caro. Se chegar nessa situação, vale mais a pena tomar um empréstimo pessoal, pois os juros, apesar de geralmente altos, são bem melhores se comparados ao cartão. Isso traz a possibilidade de trocar uma dívida mais cara por uma dívida mais barata, pense nisso, e mesmo que não seja o seu caso, vale o aprendizado e certamente você iluminará a vida de alguém querido com essas dicas ao longo de sua vida.
Se usado de forma inteligente, o cartão traz segurança, pois é um “dinheiro de plástico”. Cada vez mais utilizado mundo afora e a tendência é o aumento substancial disso a cada ano. Se você perde, basta bloquear e solicitar outro. Já o dinheiro em espécie, se você perde, não é fácil recuperar, pode até voltar para sua mão um dia e você nem o “reconhecerá”.
Se você tem o hábito de checar as parciais da fatura, isso te ajuda a ter as rédeas mais curtas e a dosar, puxar o freio de mão, se for necessário. Porém, o mais comum, é as pessoas não fazerem esse acompanhamento e, quando chega a fatura, esta já leva uma grande parte do salário e sobra pouco para as outras despesas do mês, de forma que nos primeiros quinze dias o cartão já tem um papel fundamental na manutenção das despesas destas pessoas.
Destaco aqui mais alguns pontos de atenção. Em relação às compras parceladas, elas podem ser feitas, porém, se feitas em excesso, são um atalho para problemas financeiros. Fique de olho na anuidade, pois para a maioria das pessoas, não faz sentido algum ter um cartão de crédito com anuidade, de acordo com o seu perfil e necessidade, opte pelos gratuitos. As pequenas taxas de seguro de cartão de crédito são, para muitos, uma despesa fixa, mas também desnecessária, uma vez que a segurança é um dever da operadora e deve estar na natureza do cartão. Por isso, não é o seguro que vai aumentar essa segurança na prática, mas muitas operadoras, a fim de aumentar a receita, afirmam que é importante ter um seguro. No meio do ciclo de sua fatura, cheque a parcial ou, se possível, faça isso a cada semana ou dez dias, isso ajuda a ter mais controle e tomar decisões mais acertadas.
Para muita gente, vale ter dois gatilhos na forma de usar o cartão: só fazer compras no rotativo a partir de um valor X (R$ 100, por exemplo) e parcelar apenas se o valor for acima de Y (R$ 200, por exemplo). E aí você pode pensar: mas se o valor for menor que esses, eu não compraria? Sim, pode ser isso mesmo, não compra porque não está com o valor. Ou você compraria no débito, espécie ou junta o dinheiro para comprar no próximo mês. Se você esquecer, é porque não era importante. Naturalmente, se for algo de urgência, saúde, use como exceção à regra.
Quem determina se o cartão de crédito vai ser um amigo ou vilão na sua vida é você! Portanto, faça escolhas inteligentes, use o cartão a seu favor. Não hesite, se a situação é extrema, tome atitudes extremas, podendo chegar ao cancelamento do cartão, passando a usar apenas débito e espécie no dia a dia. E aí vai um detalhe que muitas pessoas não sabem: você pode cancelar o cartão mesmo se ainda tiver compras parceladas a pagar nele. Uma vez cancelado, o mesmo não estará disponível para novas compras e a fatura das compras já realizadas continua chegando. Se você está com a vida financeira enrolada, não desconsidere se desfazer do cartão por um tempo. Definitivamente, não continue agindo da mesma forma se você está buscando mudanças, é hora de agir!