Opinião

Tesouro direto: investir e errar, aprender e acertar. É só começar!

Tesouro direto surgiu em 2002, e hoje tem mais de 4 milhões de investidores cadastrados

Leandro Trajano
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Leandro Trajano
Publicado em 12/07/2020 às 8:00
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
. - FOTO: Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Os títulos do tesouro estão entre os produtos mais seguros do mercado, muitos especialistas consideram que são os mais seguros. Trata-se de um programa do Tesouro Nacional numa parceria com a B3, totalmente on-line, para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas. Surgiu em 2002, e hoje tem mais de 4 milhões de investidores cadastrados, entre eles, mais de 1 milhão ativos, com mais de 60 bilhões em investimentos. Números que podem impressionar, mas, na minha visão, apesar da crescente nos últimos anos, ainda é pouco representativo, o brasileiro que poupa, em sua maioria, ainda mantém o dinheiro na poupança, conta corrente ou até em casa, mas o número de investidores vem crescendo bastante, isso é animador.

Há um tempo, já não faz diferença investir no tesouro através dos bancos ou das corretoras, pois os bancos deixaram de cobrar uma taxa de administração, que na prática não tinha sentido. Apesar disso e devido às facilidades da época, muitos começavam no tesouro através do banco de relacionamento, mas com o tempo isso mudou. O incômodo da taxa por parte dos investidores e, por outro lado, grande “incentivo” por parte das corretoras, que exploravam a tal cobrança como argumento para atrair clientes para elas. As corretoras não cobravam isso desde aquela época, e com isso aumentaram a sua fatia no mercado. O que se viu foi a partida de vários clientes para as corretoras devido à taxa dos bancos, assim como a adesão às corretoras pelos novos investidores. Aos poucos os bancos foram recuando, tentando evitar a perda de clientes e fechar a janela para a concorrência no mundo dos investimentos.

Falando da parte prática, são três títulos diferentes no Tesouro Direto, tendo um total de 10 ofertas, variando entre elas apenas a data de vencimento e o fluxo de remuneração, modo de “recebimento dos juros” que pode ser no resgate ou através dos "cupons semestrais". Esse eu não recomendo para quem está em fase de composição de patrimônio e quer investir com foco no longo prazo, é melhor evitar títulos com juros semestrais, deixando assim os juros compostos fazerem o trabalho dele.

Todos os títulos têm alta liquidez, porém, apenas o Selic não oferece perdas efetivamente quando resgatado antes do vencimento. Sendo uma alternativa ainda interessante para a reserva de emergência, esse título é conhecido também como primo, substituto imediato da poupança, com uma rentabilidade um pouco maior do que ela e sem tanta vulnerabilidade, uma vez que a poupança pode ser facilmente acessada a qualquer momento. E isso pode ser perigoso em momentos de stress e impulso, em que muitos terminam usando o dinheiro que não deviam com algo que não foi planejado. Por isso, gosto também do Tesouro: a necessidade de acesso à corretora, ordem de resgate e recebimento no próximo dia útil, faz com que as pessoas pensem duas vezes antes de avançar.

O Tesouro Prefixado, como o nome já diz, tem uma taxa prefixada, que não varia, e não tem influência em relação à taxa Selic ou IPCA do período, e pode ser interessante no médio ou longo prazo. O tesouro IPCA+, por sua vez, rende de acordo com o IPCA + uma taxa prefixada no momento da compra, sendo um título interessante para o longo prazo, e uma alternativa para a composição da carteira para este período e objetivos como a aposentadoria.

Interessante que, no passado os títulos públicos não eram acessados por qualquer investidor, não podiam ser comprados de forma direta pela pessoa física. Para ter títulos do tesouro, era através da compra de cotas de fundos de investimentos que tinham estes na composição da carteira. Com o tempo, se criou essa ferramenta que passou a permitir a compra dos títulos do tesouro de forma direta, por isso também o nome da ferramenta.

A quantidade mínima que pode ser comprada é a fração de 0,01 do título, ou seja, 1% do valor de um título, desde que respeitado o valor mínimo de R$ 30. Isso torna o Tesouro Direto bastante acessível, democrático mesmo, por isso, pense bem antes de assumir alguns mitos e o que muitas pessoas falam, que não investem porque não tem muito dinheiro, e que isso é coisa pra rico. A prova está nas últimas linhas e cada vez mais o mercado abre portas para investimentos com ticket de entrada que estão ao alcance dos pequenos investidores.

Por isso sempre digo, conhecimento é a chave, procure, se dedique, e não espere estar morrendo afogado para aprender a nadar, isto é, não espere chegar o dia que você tem dinheiro o suficiente para aprender a investir, ou perderá muito tempo investindo mal com o que acumulou até aprender e confiar.

Portanto, comece, com pouco, mas comece, de forma tímida e conservadora, mas comece, com o que você pode achar que é pouco, mas comece, não necessariamente pelo Tesouro Direto, mas comece... Invista ou chore e se lamente um dia por não ter começado antes e achar que é tarde, pois ainda assim, certamente ainda estará em tempo de começar.

E se por acaso você chegou até aqui e está se perguntando como alguém que não está com a vida financeira organizada pode fazer isso... O que costumo sugerir é que analise friamente as suas despesas e o que você poderia cortar de supérfluo para dar os primeiros passos e começar. Um almoço, uma saidinha, alguma compra que não era de fato necessária, poupe esses pequenos valores e... COMECE A INVESTIR!

Conhecimento nunca é demais, avance, SEMPRE! A colheita e o resultado no mundo do conhecimento e dos investimentos chega no longo prazo, claro que quanto antes começar, é melhor, consistência e recorrência para manter o ritmo e avançar, mas não deixe o tempo e a oportunidade passarem. Estou sempre por aqui e nas minhas redes e canais com muito conteúdo, insights e reflexões para te ajudar nessa caminhada, conte comigo.

Abraço e até a próxima!

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