UFPE: 150 feras entram com recurso para contestar reprovação nas cotas raciais do Sisu

Publicado em 09/02/2019 às 7:00
Edja Magalhães se considera parda. Ele passou em administração em Caruaru e foi reprovada pela comissão de validação. Foto: Felipe Ribeiro /  JC Imagem
FOTO: Edja Magalhães se considera parda. Ele passou em administração em Caruaru e foi reprovada pela comissão de validação. Foto: Felipe Ribeiro / JC Imagem
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Edja Magalhães se considera parda. Ele passou em administração em Caruaru e foi reprovada pela comissão de validação. Foto: Felipe Ribeiro / JC Imagem Pelo menos 150 estudantes cotistas e autodeclarados negros ou pardos já entraram com recurso na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) contestando a reprovação deles na Comissão de Validação de Autodeclaração Racial. Na última quarta-feira, a UFPE desclassificou 280 candidatos que tinham sido aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) pelas cotas raciais. Novidade no processo seletivo deste ano, a comissão avaliou que esses jovens não se enquadram no perfil de pessoas pardas ou negras e, por isso, não podem ocupar as vagas destinadas a esses públicos. Os alunos podem recorrer até 17h de segunda-feira. Segundo o pró-reitor acadêmico da UFPE, Paulo Goes, a comissão não reconheceu o direito a cota de pretos e pardos para 219 candidatos aprovados no câmpus Recife, 53 de Vitória de Santo Antão (Zona da Mata), e oito do câmpus de Caruaru (Agreste). “Quem ingressar com recurso será avaliado novamente, mas desta vez pela Comissão de Ações Afirmativas Étnico-raciais da UFPE”, explica Paulo. A decisão dessa segunda comissão é a última instância do processo dentro da universidade. Se a negativa for mantida, a alternativa do candidato será acionar a Justiça. A UFPE ofertou 6.972 vagas no Sisu, das quais 2.400 foram destinadas às cotas étnico-raciais. Candidatos indígenas não passarem pela validação porque possuem Registro de Nascimento Indígena que atesta a origem deles. Durante a matrícula, realizada nos dias 31 de janeiro, 1 e 4 de fevereiro, todos os cotistas pretos e pardos foram submetidos à comissão de validação. O grupo, formado por três integrantes (com representantes de professor, aluno e técnico), observou e filmou os candidatos. Somente quando os três membros discordaram, por unanimidade, da condição informada pelo estudante, é que o direito à ocupação da vaga foi negado. “É muito obscura e arbitrária essa decisão da comissão. Não levou em conta o histórico da pessoa. Gerou, pelo menos em mim, uma crise de identidade. Sempre me classifiquei como parda. Não sou negra, nem branca”, comenta Ivy Rodrigues, 29 anos, aprovada pelas cotas no curso de engenharia (ABI), no Recife. "Concordo que é importante haver a comissão para evitar fraudes. Mas a gente não sabe quais foram os critérios. Sou parda. Vi candidato mais claro que eu aprovado. Já curso engenharia civil e ingressei também pelas cotas raciais e como pessoa parda”, diz Edja Magalhães, 20 anos, aprovada em administração, câmpus Caruaru

CARACTERÍSTICAS

Segundo o edital das cotas, “para validar a autodeclaração de candidatos às vagas reservadas aos candidatos pretos ou pardos serão considerados unicamente os aspectos fenotípicos do candidato, sendo vedado qualquer outro critério, inclusive as considerações sobre a ascendência”. Em outro trecho, o documento diz que “entende-se por fenótipo o conjunto de características físicas do indivíduo, predominantemente a cor da pele, a textura do cabelo e os aspectos faciais, que, combinados ou não, permitirão validar ou invalidar a autodeclaração”.  

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