Próximo de completar um mês da suspensão das aulas nos colégios pernambucanos por causa da pandemia do novo coronavírus, no próximo sábado (18), muitas redes municipais ainda estão se organizando para definir como poderão suprir, com atividades online, a rotina escolar dos estudantes. No Recife, será lançada uma plataforma inicialmente voltada para os adolescentes do 9º ano do ensino fundamental. Depois vai ser estendida para as turmas do 6º ao 8º ano. Em Olinda, na Região Metropolitana, começou a funcionar um site com conteúdos de português e matemática do 5º ano ao 9º ano.
A previsão é que na capital pernambucana a plataforma seja lançada até o final deste mês. "Desenvolvemos um material observando a Base Nacional Comum Curricular e as diretrizes da nossa política de ensino. Os alunos terão aulas de todas as disciplinas e com a possibilidade de interagir com seus professores", diz o secretário de Educação do Recife, Bernardo d'Almeida.
"Primeiramente será para os 2.500 estudantes do 9º ano porque em média 90% deles participam, no fim do ano, de processos seletivos para escolas técnicas e institutos federais. Entendemos que o prejuízo com a suspensão das aulas é grande para todos, mas para essas turmas ainda mais", justifica Bernardo. Ele garante que serão ofertadas as condições tecnológicas para que todos os estudantes possam aproveitar o portal.
ANOS INICIAIS
"Acho ótimo porque quero entrar numa escola técnica. Dois professores, de português e matemática, estão fazendo lives para nos dar aula. E recebemos apostila com questões para resolver em casa. Mas fico preocupada com o restante das matérias", diz Jacilene Plácido, 14 anos, aluna do 9º ano da Escola Municipal Nadir Colaço, localizada na Macaxeira, Zona Norte do Recife. "O problema é que muitos alunos não têm acesso a internet. Eu consigo porque tem wi-fi na minha casa", relata.
Segundo Bernardo d'Almeida, a equipe pedagógica da Secretaria de Educação está correndo para preparar o material também para os cerca de 10 mil alunos dos 6º ao 8º ano. Para os 50 mil estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º) não há aula remota programada porque o formato não é autorizado pela legislação brasileira. O Conselho Nacional de Educação está preparando uma resolução e um parecer sobre educação remota e retomada das aulas após a suspensão das atividades presenciais devido à covid-19.
"A prefeitura deu uns livros. Mas seria melhor se houvesse alguma atividade, só que eu não tenho internet muito boa. A gente se vira, às vezes usa emprestado o sinal dos vizinhos", conta Joelma Ramalho, mãe de Maria Clara, 7, e Stefane, 9, ambas alunas da rede municipal do Recife. A família mora no Sítio do Berardo, no Prado, Zona Oeste. Joelma não tem trabalho formal. Recebe R$ 170 por mês do Bolsa Família.
APRENDIZADO
Em Olinda, um site com acesso exclusivo (mediante senha) foi lançado quinta-feira passada (09). Os 9 mil alunos do 5º ao 9º ano assistem a vídeos explicando o assunto e depois respondem 10 questões de português e 10 de matemática.
"É um meio que encontramos para que os estudantes continuem o processo de escolarização. Não vai substituir as aulas presenciais, mas ajuda a manter a rotina de aprendizado", afirma a secretária executiva de Educação, Edilene Soares. A meta é em breve oferecer também para os 12.500 alunos do 1º ao 4º ano do fundamental.
"Eu já estava chateada sem ter o que fazer. Gosto de ir pra escola. Com o site dá pra continuar um pouco os estudos", afirma Vânia Medeiros, 14, do 9º ano da Escola Municipal Sagrado Coração Jesus, que fica no Amaro Branco.
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