Além da adaptação física, professores e alunos terão que vivenciar novas condutas, por causa da pandemia do novo coronavírus, quando houver o retorno das aulas presenciais, suspensas em Pernambuco desde 18 de março. Uma delas será o uso frequente de máscaras. Outra vai ser lavagem constante das mãos e a higienização dos espaços, bancas e cadeiras, além de horários diferentes de entrada, recreio e saída das turmas.
“Depois de dar bom dia aos colegas e ao professor, todos devem ir lavar as mãos. Entre todas as medidas de prevenção, é a mais efetiva para evitar a contaminação da covid-19”, diz o pediatra Eduardo Jorge Lima, vice-presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco.
Ele participou da redação de um guia da Sociedade Brasileira de Pediatria para orientar escolas no retorno das aulas presenciais. Também tem sido convidado por colégios de Recife para conversar, virtualmente, com as famílias. O médico acredita que as máscaras terão que ser usadas até o fim do ano, mesmo que os casos da doença diminuam. “A máscara veio pra ficar em 2020 inteiro”, comenta.
“Vai ser um dos desafios, mas as crianças se adaptam rapidamente. Sugiro usar as máscaras de tecido ou TNT. Devem ir para escola com três máscaras, para trocar a cada duas horas ou sempre que molhar ou sujar. É importante ensinar a criança a colocar e retirar corretamente, pegando apenas no elástico, sem tocar na parte da frente”, ressalta. O médico sugere que os estudantes levem um saquinho para guardar as máscaras usadas.
Atividades coletivas, como aulas de educação física ou futebol, não são recomendadas pelo pediatra no primeiro momento de retomada. Eduardo Jorge orienta ainda que seja separado um sapato para usar exclusivamente na escola. Ao chegar em casa, todos os dias, deve-se limpá-lo com água e água sanitária. “O ideal é não entrar em casa com o sapato”, afirma Eduardo.
Atividades ao ar livre são recomendadas. Mas o pediatra diz que balanços, escorregos e outros brinquedos devem ser evitados porque são difíceis de serem higienizados. Quanto às aulas, ele recomenda que se possível ocorram em salas sem ar condicionado e com janelas abertas para melhorar a ventilação.
RECOMENDAÇÕES
Diante da pandemia da covid-19 e da possibilidade de retorno das aulas presenciais nas escolas, veja algumas orientações que estão em um guia redigido pela Sociedade Brasileira de Pediatria
- A escola deve oferecer diversos locais para lavagem de mãos, água e sabão, álcool em gel e higienizar frequentemente os recintos e superfícies
– A escola deve propiciar ambientes arejados, com aberturas de janelas. Atividades ao ar livre devem ser estimuladas
– Cabe à escola evitar aglomerações, na entrada, saída de alunos ou intervalos, criando horários alternativos para as turmas
– Jogos, competições, festas, reuniões, comemorações e atividades que envolvam coletividade devem ser temporariamente suspensos
– O ensino à distância, sempre que possível, deve ser estimulado
- Em um primeiro momento o número de alunos por sala, sempre que possível, deve ser reduzido, e os alunos podem ser divididos em grupos que se alternem entre a atividade presencial e à distância, de acordo com as disciplinas curriculares.
- O colégio deve se organizar para que cada turma tenha o intervalo entre as aulas em horário diferente de outras turmas, assim como estabelecer horários de entrada e saída
escalonados, evitando aglomerações
- Sempre que possível, é recomendável manter um espaçamento entre os alunos dentro da sala de aula, de acordo com a realidade de cada escola, idealmente com espaço mínimo de um metro entre as mesas
- Em relação ao transporte escolar, é necessário avaliar o número de usuários, para que se preserve a distância recomendável entre as pessoas também no veículo
- Estimular a higienização das mãos frequentemente, especialmente antes e após as refeições e a ida ao banheiro. Reforçar a técnica adequada, conforme orientada pelo Ministério da Saúde, com duração mínima de 40 segundos utilizando água e sabão ou de 20 segundos quando utilizado álcool gel
- Uso de máscaras deve ser estimulado. Está contraindicado em crianças menores de dois anos, pelo risco de sufocação e em indivíduos que apresentem dificuldade em removê-las, caso necessário
- As máscaras devem ser trocadas a cada duas a quatro horas, ou antes, se estiverem sujas, úmidas ou rasgadas
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