Apesar de o governo de Pernambuco, responsável por montar o plano de retorno das atividades educacionais durante a pandemia do novo coronavírus, não ter anunciado datas de reabertura das escolas e faculdades para aulas presenciais, colégios particulares do Estado já estão se organizando para adequar a infraestrutura à nova realidade provocada pela covid-19. Baseados na experiência internacional e em consultorias de especialistas de saúde, unidades de ensino de Recife começam a mexer na parte física das salas, a comprar equipamentos como webcâmeras e termômetros, a confeccionar máscaras. Estabelecimentos de ensino completam três meses fechados na próxima quinta (18).
É certo que a retomada das aulas presenciais acontecerá por etapas. A pergunta que pais, alunos, docentes e gestores mais fazem é: quando as aulas nas escolas vão voltar? Responsável pela elaboração do plano de retorno, o secretário de Educação de Pernambuco, Fred Amancio, prefere não adiantar prováveis datas. Ele reafirma que dependerá da observação do comportamento da covid-19 no Estado.
“Vamos esperar a primeira quinzena de junho para avaliar se a curva de queda no número de casos continua ou se houve agravamento. Isso vai determinar o quanto poderemos avançar nas etapas”, destaca Fred. O secretário espera apresentar o plano até o fim deste mês. Até este sábado, segundo boletim da Secretaria de Saúde de Pernambuco, havia 44.671 pessoas infectadas pela covid-19, com 3.784 mortes.
PROTOCOLOS
“Não se tem data. Mas é importante que o assunto comece a ser tratado para que se elabore um planejamento amplo, fundamentado no princípio maior de preservação da vida, bem como do bem-estar físico e emocional de todos. E do estrito cumprimento dos protocolos de segurança”, destaca o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco (Sinepe), José Ricardo Diniz. Existe no Estado cerca de 2.400 colégios particulares, com 400 mil alunos e 20 mil professores.
O Colégio Saber Viver tem em torno de 1.100 alunos da educação infantil e ensino fundamental. Para as duas unidades, localizadas no Espinheiro, Zona Norte do Recife, já foram comprados termômetros, máscaras de tecidos para distribuição entre os alunos e tapetes desinfectantes. Ao entrar na escola, crianças e adultos passarão por três tapetes. No primeiro, para limpar areia, no segundo para desinfectar os sapatos e no útimo para retirar o excesso do produto usado na limpeza.
“Desde que começou a pandemia começamos a analisar o que outros países estavam fazendo para termos como referência. Vamos seguir tudo que as nossas autoridades sanitárias determinarem, mas já sabemos que algumas medidas serão necessárias, como o reforço da limpeza, o uso de máscaras, o distanciamento mínimo entre os alunos. Estamos com um plano pronto, esperando apenas os ajustes de acordo com o que o Estado orientar”, explica a diretora do Saber Viver, Natália Ayres.
No Colégio Boa Viagem estudam 2.500 alunos, juntando as unidades Boa Viagem (Zona Sul) e Jaqueira (Zona Norte). Engenheiros e arquitetos estão observando as salas para avaliar a ventilação. Webcâmeras, notebooks, microfones, projetores e tripés foram comprados para equipar as salas a fim de garantir que os alunos que necessitarem ficar em casa acompanhem as aulas remotamente. “Estamos passando por adaptações”, observa o diretor geral do CBV, George Diniz.
O plano de retomada das aulas presenciais do Colégio Damas, na Zona Norte da capital, foi validado por um infectologista, um pediatra e uma biomédica. A escola tem 2.600 alunos e 500 funcionários. “Avaliamos experiências internacionais. Também nos inspiramos na vivência de dois colégios da Rede Damas que funcionam no Mato Grosso e que já retomaram as aulas presenciais. Vamos fazer todos os investimentos necessários”, assegura a diretora geral do colégio, irmã Marcela Sarmento.
REDE PÚBLICA
A adequação dos espaços é mais desafiadora na rede pública pois não há um padrão físico nas escolas e gestores das unidades necessitam de recurso público. Em Pernambuco, cerca de 1,6 milhão de estudantes estão matriculados na educação básica pública.
“A maioria das cidades aplica, em educação, apenas aquilo que recebe do governo federal, por meio do Fundeb. Os investimentos a mais dependem da sensibilidade dos prefeitos. E não temos recebido apoio do Ministério da Educação”, lamenta o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação e secretário de Educação de Belém de Maria, Natanael Silva.
No Recife, o secretário municipal de Educação, Bernardo d’Almeida, informa que já tem plano definido para as escolas municipais e que está fazendo compras para equipá-las, mas só divulgará as ações “depois que a autoridade sanitária disponibilizar os protocolos de prevenção”, explica.
Na rede estadual, segundo Fred Amancio, está sendo feito um levantamento da estrutura das escolas e as necessidades de adaptações.
Comentários