COLUNA ENEM E EDUCAÇÃO

Aulas totalmente presenciais na UFPE, UFRPE e UPE só em 2021

Reitores das três universidades acreditam que neste ano as aulas serão híbridas, nos modelos remoto e presencial. Pernambuco completa 3 meses nesta quinta-feira de suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia

Katarina Moraes Margarida Azevedo
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Katarina Moraes
Margarida Azevedo
Publicado em 17/06/2020 às 23:21 | Atualizado em 18/06/2020 às 12:30
Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem
Universidade Federal de Pernambuco - FOTO: Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem

Três meses após a suspensão das aulas presenciais em escolas e faculdades de Pernambuco, motivadas por decreto do governo estadual em 18 de março, como uma das medidas para contenção da transmissão do novo coronavírus, as três maiores universidades públicas do Estado – UFPE, UFRPE e UPE – ainda não oferecem atividades remotas para os cerca de 64 mil alunos das graduações. Os reitores dessas instituições acreditam que o retorno das aulas totalmente presenciais só será possível em 2021. A saída para 2020 deve ser o ensino híbrido, que reúne os dois formatos. Portaria do Ministério da Educação (MEC) publicada ontem prorrogou autorização para atividades a distância em instituições federais de ensino superior até 31 de dezembro. Mas apenas nove, de um universo de 69 universidades federais existentes no País, estão com essa modalidade em curso, segundo o governo federal.

“Não há previsão de retorno das atividades presenciais, porque temos que fazer um planejamento mais amplo na universidade. Não podemos colocar 35, 40 pessoas numa sala de aula. Até agosto possivelmente conseguiremos adotar aulas remotas na graduação”, diz o reitor da UFPE, Alfredo Gomes. A universidade tem cerca de 32 mil alunos nas graduações, com câmpus no Recife, em Vitória de Santo Antão (Zona da Mata) e em Caruaru (Agreste). Na pós-graduação, a tecnologia já vem sendo usada para a continuidade do ano letivo. 

Uma das alternativas que vêm sendo avaliadas na UFPE é a adoção, durante a pandemia, de um calendário acadêmico suplementar. Funcionaria como os já conhecidos cursos de verão ou inverno, quando são disponibilizadas disciplinas para serem cursadas em um intervalo de tempo mais curto. Desta maneira, os estudantes que tivessem interesse poderiam cursar matérias que vão constar nos seus currículos e que não dependem do atual semestre letivo (que está suspenso). Esse formato foi adotado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

ACESSO A TECNOLOGIAS

A explicação para a UFPE não ter aderido ainda ao programa de ensino virtual neste período de isolamento é porque cerca de 35% dos alunos de graduação vêm de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio por pessoa.

"Se puder ter aula remota vai ser bom, só precisamos ver em quais condições. Computador eu tenho, mas não possuo wi-fi, só um pacote básico no celular, que não reproduz vídeos nem faz downloads. Como deficiente visual, uso computador coletor de tela e nem toda plataforma é acessível para o uso, tem sites que não consigo acessar”, diz George Braga, aluno de direito na UFPE.

Alfredo Gomes diz que reitores do Nordeste tiveram recentemente uma reunião com a Secretaria de Ensino Superior do MEC. Um dos pedidos dos gestores é apoio para assegurar internet para alunos carentes. "Há uma perspectiva de um plano de inclusão digital por parte do governo federal. Acredito que até o fim de junho haja alguma definição", explicou.

CONSULTA PÚBLICA

Também em agosto o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, espera iniciar as aulas remotas para graduandos. Sexta-feira (19) a instituição finaliza a recepção de sugestões da comunidade acadêmica sobre o assunto. A partir da próxima semana será feita uma consulta pública de como será a oferta dessas aulas. “No dia 15 de julho, os três conselhos da UFRPE devem definir todo o funcionamento das aulas online, e em agosto a gente começaria”, explica Marcelo. Com aproximadamente 16 mil estudantes na graduação, a Rural tem câmpus na capital, no Cabo (Grande Recife), em Garanhuns (Agreste) e em Serra Talhada (Sertão).

Na opinião do reitor da UPE, Pedro Falcão, “não vai ser fácil retornar às aulas”. Ele considera “muito difícil ter aulas presenciais este ano”. A alternativa, segundo ele, é adotar atividades via internet para alunos que conseguirem dar continuidade ao período remotamente. Mas não há previsão ainda de quando iniciar.

“A gente está vendo uma forma de, no semestre que vem, por exemplo, criar um período com uma carga horária de disciplinas menor para quem puder cursar. As aulas seriam ofertadas depois, presencialmente, para os alunos que não tivessem feito antes. Mas é muito difícil, ainda mais na UPE, que é espalhada pelo Estado todo”, comentou Pedro Falcão. Há câmpus no Recife, Nazaré da Mata, Palmares, Garanhuns, Caruaru, Arcoverde, Salgueiro, Serra Talhada e Petrolina, com cerca de 20 mil alunos (graduação e pós).

NO PAÍS

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que conta com 176 cursos de graduação e em torno de 65 mil estudantes de graduação, mestrado e doutorado, anunciou nessa segunda-feira (15) que só retomará as aulas totalmente presenciais quando houver vacina ou medicação eficaz contra a covid-19.

Já a Universidade de São Paulo (USP) decidiu que as aulas presenciais só devem retomar em janeiro de 2021. As atividades para alunos de graduação, no entanto, são ministradas virtualmente. 

VESTIBULAR SERIADO

Cinquenta por cento das vagas da UPE são destinadas aos aprovados no Sistema Seriado de Avaliação (SSA), e a outra metade aos vestibulandos do Sistema de Seleção Unificada (Sisu),que usa as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O reitor da UPE, Pedro Falcão, explica que as datas da realização do processo seletivo no Estado só serão definidas quando as do Enem forem decididas. “A gente só pode fazer o SSA quando acontecer o enem, porque a turma entra completa. A gente está com o edital pronto para o encaixe das datas”, afirmou o reitor.

A partir de sábado (20), até 30 de junho, os mais de 5,7 milhões de inscritos no exame nacional poderão opinar, por meio de uma consulta pública, sobre as melhores datas para realização dos testes, entre três opções para cada formato da avaliação (presencial e digital), que podem ocorrer nos meses de dezembro, janeiro ou maio.

 

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