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UFPE vai alugar tablet e UFRPE dará auxílio para aluno comprar computador para ensino remoto

As universidades estão sem aulas remotas porque parte dos estudantes não tem acesso a equipamentos ou internet

Margarida Azevedo
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Margarida Azevedo
Publicado em 07/07/2020 às 7:48 | Atualizado em 07/07/2020 às 15:10
Acervo pessoal
Aluna de geografia da UPE, Vangela não tem condições de comprar um notebook - FOTO: Acervo pessoal

Paralelamente ao processo de definição de como as aulas na graduação serão retomadas no modelo remoto, durante a pandemia do novo coronavírus, as universidades públicas do Estado estão se organizando para oferecer internet e equipamentos aos alunos mais vulneráveis socialmente. A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) vai alugar tablets, enquanto a Federal Rural (UFRPE) planeja pagar um auxílio para que o aluno compre computador portátil.

A Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) está tentando viabilizar um convênio para que empresas vendam computadores diretamente aos universitários, com preços abaixo do mercado e pagamento parcelado. Essa ação deve contemplar estudantes da UFPE e UFRPE e mais os alunos das Universidades Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Estadual de Pernambuco (UPE), Católica de Pernambuco (Unicap) e dos institutos federais do Estado (IFPE e IF do Sertão). Todas compõem o Consórcio Universitas.

Com exceção da Unicap (única privada), as demais não adotaram atividades remotas na graduação sob o argumento de que pelo menos um terço dos alunos são de baixa renda. No caso da UFPE e UFRPE, a previsão é de adotar esse formato de aulas, em semestres extras, a partir de agosto. Na UPE, até o o início de setembro. Em Pernambuco, escolas, faculdades e universidades estão sem aulas presenciais desde 18 de março, devido a um decreto estadual. A suspensão foi motivada por causa da pandemia.

LOCAÇÃO

“Vamos fazer uma licitação interna para alocar equipamentos. Ainda estamos definindo o modelo, mas provavelmente será mais de um tipo de equipamento. Pensamos inicialmente em tablets, mas a longo prazo pode ser notebook. Já temos a experiência na universidade de alugar impressoras e os preços são relativamente bons”, explica o reitor da UFPE, Alfredo Gomes. Ele estima que cerca de 12.500 alunos (de um universo de 32 mil da graduação) vão precisar de apoio para internet ou equipamento. “A alocação envolve também seguro para furto e quebra”, informa o reitor.

Aluno do 5º período de odontologia e morador da Casa do Estudante, Jesiel da Silva, 28 anos, diz que o suporte da UFPE será imprescindível. “Tenho computador, mas é antigo e o HD está queimado. Meu celular não funciona bem para assistir às aulas remotas. Meu pai é mototaxista e está sem trabalhar por causa da pandemia. Se a universidade não me ajudar não terei como acompanhar as aulas”, explica Jesiel. “Essa dificuldade não é só minha, há muitos outros alunos nessa situação”, conta.

AUXÍLIO

Na Rural será pago um auxílio digital de acessibilidade. “Pretendemos repassar entre R$ 1.300 e R$ 1.500, dividido em quatro vezes. O valor final dependerá do nosso orçamento. O estudante receberá a primeira parcela e terá 15 dias para comprar o computador e apresentar nota fiscal. Se tiver tudo certo, vamos liberar as demais parcelas. Caso contrário, ele terá que devolver o valor que recebeu”, diz o reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão. A previsão dele é de que cerca de 3.500 alunos sejam beneficiados. A UFRPE tem cerca de 14 mil graduandos.

O presidente da Facepe, Fernando Jucá, está concluindo um levantamento, junto às universidades e institutos do Consórcio Universitas, para saber quantos alunos necessitam de equipamentos. Ele acredita que de um universo de 87 mil alunos das instituições públicas de ensino superior de Pernambuco, entre 23% e 30% não dispõem de condições para acompanhar as aulas remotas. “A partir de uma parceria com a Sudene, vamos buscar empresas que ofertem equipamentos com preços diferenciados e pagamento mais flexíveis”, explica Jucá.

Aluna do 4º período de geografia no câmpus da UPE de Petrolina, no Sertão, Vangela França, 19, não tem notebook. “A ideia é boa, mas mesmo com parcelas baixas não tenho condições de pagar. Minha mãe é costureira e estamos sobrevivendo com o auxílio emergencial pago pelo governo. Uso o telefone quando tenho alguma aula de inglês, mas a tela é pequena e não há muita qualidade. E a internet muitas vezes cai ou trava”, afirma. “Defendemos que o governo estadual encontre uma maneira de nos apoiar.”

INTERNET

A internet, no caso das federais, será fornecida por meio de uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Mas os estudantes vão navegar apenas nos sites indicados pelas instituições.

“O aluno terá acesso ilimitado às plataformas que as universidades definirem em seus planos de ensino remoto. Até o fim deste mês o MEC vai informar quantos estudantes serão beneficiados em cada instituição”, explica Marcelo Carneiro Leão.

“Caso o número de alunos contemplados pelo MEC não atenda o total de estudantes que precisam de apoio vamos tentar complementar, na UFRPE, para que todos consigam acesso a internet", ressalta o reitor da Rural.

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