A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde estudam mais de 40 mil alunos na graduação e na pós-graduação, provavelmente não terá mais aulas presenciais este ano por causa da pandemia do novo coronavírus. O primeiro semestre letivo está suspenso desde 16 de março e a previsão é de que só seja retomado no início de 2021.
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Entre agosto e novembro, a sugestão é implementar um semestre extra para os cursos de graduação, com oferta de disciplinas ministradas exclusivamente no modelo remoto. A proposta será votada sexta-feira (10) pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). Se aprovada, os estudantes voltam a ter aulas, desta vez virtuais, a partir do dia 10 ou 17 de agosto. A data de início será decidida na reunião.
“A perspectiva é de que não retomaremos o semestre 2020.1 este ano. Só podemos voltar com este semestre quando houver condições de ofertar aulas remotas para todos os nossos alunos, já que as restrições sanitárias, por causa da pandemia, vão exigir possivelmente a adoção do ensino híbrido”, explica a pró-reitora de graduação da UFPE, Magna do Carmo.
“Sabemos que nem todos têm acesso a equipamentos ou internet”, justifica. Dos cerca de 31 mil alunos da graduação, a estimativa é de que um terço seja de baixa renda. Para esse grupo, a UFPE vai alugar tablets e assinará convênio com o governo federal para oferecer internet.
A alternativa, então, foi construir um calendário suplementar, cuja participação dos discentes e dos professores será facultativa (justamente por nem todos terem acesso à tecnologia, a participação não vai ser obrigatória). O semestre extra terá duração de 12 semanas. A primeira opção é que as aulas comecem em 10 de agosto e sigam até 3 de novembro. O semestre terminaria em 20 de novembro.
A segunda alternativa é ter aulas entre 17 de agosto e 17 de novembro, com encerramento das atividades em 4 de dezembro. Em Pernambuco, aulas presenciais estão suspensas, por decreto estadual, desde 18 de março e assim permanecerão pelo menos até 31 de julho.
“O calendário foi construído a partir do diálogo com representantes de toda a comunidade acadêmica. Em maio e junho realizamos reuniões com todos os coordenadores dos 109 cursos de graduação, diretórios acadêmicos, DCE, diretores dos centros, sindicato dos docentes e técnicos, pró-reitores e representantes dos conselhos departamentais”, destaca Magna do Carmo. O reitor, Alfredo Gomes, e o vice-reitor, Moacyr Araújo, participaram também.
“Independentemente de qual data for a escolhida, já sabemos que não haverá condições de retornar com o primeiro semestre de 2020 este ano, pois as atividades do calendário suplementar vão até o fim de novembro ou começo de dezembro. Depois é preciso haver um intervalo para os trâmites burocráticos, além das férias dos professores. Daí a nossa previsão de retorno de 2020.1 ser só em janeiro”, informa a pró-reitora de graduação.
Na prática, isso vai significar que praticamente todo o ano letivo de 2020 será ministrado em 2021, já que este ano só houve duas semanas de aulas, entre 2 e 13 de março. Como consequência, o ingresso dos calouros aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2020, para a segunda entrada, não tem ainda data para ocorrer. Outro impacto será no ano letivo de 2021, que possivelmente vai acabar somente em 2022.
“Se houver uma boa oferta de disciplinas no calendário suplementar e uma boa adesão dos alunos, acreditamos que reduziremos a demanda para o semestre de 2020.1. Vamos ter que montar semestres mais enxutos, mas sem abrir mão da carga horária mínima exigida pelo Ministério da Educação. Houve a flexibilização da quantidade de dias, não das 800 horas”, observa Magna. É provável que aulas sejam realizadas também aos sábados.
VOTAÇÃO
A reunião do Cepe acontecerá virtualmente, na sexta-feira de manhã. O reitor é quem preside o conselho. Além dele, são membros o vice-reitor, os oito pró-reitores, os 13 diretores de centro e representantes de alguns departamentos. Pelo atual estatuto da UFPE, um integrante da associação dos docentes pode participar, mas não tem direito a votar. O mesmo acontece com a representação estudantil e dos técnicos administrativos.
"Um semestre extra é o que a maioria das universidades públicas do País está adotando”, diz o presidente da Adufepe, Edeson Siqueira. "Concordamos com a proposta, mas é preciso ampliar a assistência aos alunos sem internet ou equipamentos”, diz o coordenador do DCE, João Neto.
"Somos contra. Na EAD trabalhamos presencialmente, enquanto alunos e professores vão ficar no modelo remoto. Defendemos que o semestre seja cancelado e a volta das aulas só com vacina”, diz o coordenador do Sintufepe (técnicos), Adalberto Silva.
PROPOSTAS QUE SERÃO VOTADAS
Calendário
Será implementado um calendário acadêmico suplementar, com duração de 12 semanas. Há duas opções de datas. Na primeira, as aulas vão de 10 de agosto a 3 de novembro, com encerramento do semestre em 20 de novembro. Na segunda opção, as aulas serão de 17 de agosto a 17 de novembro, com término de todas as atividades em 4 de dezembro. O primeiro semestre letivo de 2020 permanece suspenso
Oferta e matrícula
As disciplinas serão obrigatórias ou eletivas e caberá a cada curso definir quais serão ofertadas. Não pode ter atividades presenciais ou técnicas e aulas de campo. A adesão, tanto de professores como de alunos, será facultativa. Cada aluno poderá se matricular em disciplinas que somem até 300 horas. A exceção será para discentes do penúltimo ou do último período do curso. Esses terão limite de até 450 horas. O estudante poderá desistir da matéria sem que isso conste em seu histórico escolar
Formato das aulas
As aulas serão todas remotas. Poderão ser síncronas (alunos e professor ao vivo) e assíncronas (atividades no Classroom, aulas gravadas ou outras que não necessitem da interação ao vivo). As aulas síncronas devem ser entre 10% e 40% do total da carga horária da disciplina. Por dia o limite de aulas ao vivo é de duas horas. As aprovações nessas disciplinas do semestre extra poderão ser usadas para dispensa de outras matérias, inclusive do primeiro semestre de 2020
Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC)
Para alunos que estão se formando, fica autoriza a defesa do TCC de maneira remota, desde que todos os envolvidos concordem (aluno, orientador e membros da banca). A coordenação e o colegiado do curso devem concordar e a data da defesa deve ser divulgada, assim como o endereço eletrônico. A defesa deve ser registrada em áudio e/ou vídeo
Números da UFPE (dados de junho de 2019)
31.235 alunos nas graduações
2.504 professores
3.843 técnicos administrativos
109 cursos de graduação presenciais
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