EDUCAÇÃO BÁSICA

Em dia de anúncio sobre aulas presenciais em Pernambuco, presidente do Sinepe espera "retorno progressivo e imediato"

Decreto que mantém as escolas fechadas devido a pandemia da covid-19 expira nesta terça-feira (15). Sinepe-PE espera que seja anunciado um cronograma de reabertura

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 14/09/2020 às 8:18 | Atualizado em 14/09/2020 às 19:25
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O fechamento das escolas foi determinado no dia 18 de março. Em 3 de setembro, donos de escolas realizaram ato pedindo ao governo a liberação das aulas presenciais - FOTO: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

Atualizada às 17h40

O Governo de Pernambuco se manifestou nesta segunda-feira (14), em relação à proibição de aulas presenciais na educação básica em Pernambuco, por causa da covid-19. O decreto que mantém as escolas fechadas devido |à pandemia, e que iria expirar nesta terça-feira (15), será prorrogado por mais uma semana, ou seja, até o dia 22 de setembro.

Antes do anúncio do governo, feito por meio de uma nota, donos de escolas privadas defendiam que houvesse a liberação de um cronograma que permita a abertura gradual dos estabelecimentos. "Estamos aguardando o posicionamento, esperamos um cronograma de abertura. Esperamos um retorno progressivo e imediato", disse o presidente do sindicato das escolas privadas, José Ricardo Diniz, antes do divulgação de que o decreto seria mais uma vez prorrogado.

Veja o comunicado enviado pelo Palácio do Campo das Princesas: "O Governo de Pernambuco, após reunião do Gabinete de Enfrentamento à COVID-19, decidiu prorrogar até o dia 22, a suspensão das aulas presenciais na Educação Básica em todo o Estado. Os dados serão avaliados novamente na próxima segunda-feira, para deliberação sobre o cronograma do plano de retorno das redes pública e privada".

O fechamento das escolas foi determinado no dia 18 de março. Desde então, apenas Fernando de Noronha recebeu permissão para retomar às aulas do ensino básico gradualmente, em coletiva de imprensa na última quinta-feira (10), porque a ilha, segundo o governo, não registra transmissão comunitária de coronavírus desde o final de abril. Assim, os primeiros a voltarem ao ensino presencial serão os 402 estudantes da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio (Erem) Arquipélago Fernando de Noronha, a partir do dia 22. Nessa data, voltam os alunos do ensino médio. Na terça-feira seguinte, 29, serão os dos anos finais do ensino fundamental. E por último, em 6 de outubro, os estudantes das séries iniciais do fundamental.

No dia 3 de setembro, o Sinepe-PE convocou um grande protesto em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife. Representantes das escolas privadas foram chamados para uma reunião com o secretário Executivo de Articulação e Acompanhamento da Casa Civil, Carlos Eduardo Cabral, e com o secretário Executivo de Gestão da Rede de Educação e Esportes do Estado, João Charamba. No final da conversa, a comissão anunciou para os manifestantes que não haveria a prorrogação do decreto a partir do dia 15 de setembro. Horas depois, no entanto, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou que não era momento para a retomada das aulas no Estado.

Agora, a categoria aguarda o posicionamento sobre o decreto vigente, e não descarta a realização de novos protestos, mas afirma que decisões serão tomadas em conjunto, caso prorrogação da proibição das aulas presenciais aconteça. "Primeira coisa é convocar a categoria dos diretores de escola para uma assembléia geral, para vermos os caminhos que nós vamos tomar. Não farei nada sem a categoria", afirma José Ricardo Diniz.


Representantes de escolas públicas discordam de reabertura

Por Margarida Azevedo

Enquanto na rede privada, em Pernambuco, a defesa é pela reabertura das escolas, mesmo com retorno de forma gradual e turmas reduzidas, entre representantes da rede pública a volta das aulas presenciais é vista com mais cautela. Um dos argumentos do setor público é a falta de estrutura adequada nos colégios, principalmente os da rede municipal. O Estado tem cerca de 2,1 milhões de estudantes no ensino básico. Mais da metade, 1,1 milhão, está matriculada em estabelecimentos municipais. Outros 575 mil na rede estadual e 400 mil nas escolas particulares.

Para o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em Pernambuco e secretário de Educação de Belém de Maria (Sertão do Estado), Natanael Silva, o momento não é de voltar com o ensino presencial.

"Em períodos normais muitas redes não têm condições adequadas de infraestrutura e transporte dos alunos. Imagine nesse momento de pandemia", ressalta Natanael. "O retorno é uma incógnita. São muitos aspectos que devem ser considerados. A transmissão do vírus ainda não foi controlada. A falta de testagem em massa é outro complicador, assim como a grande quantidade de profissionais da educação com comorbidades", observa o presidente da Undime.

Outra preocupação é justamente a preparação das redes para receber os alunos, caso seja autorizado pelo Estado. "Há uma queda escalonada do Fundeb, a cada mês, por causa da diminuição das receitas. As prefeituras estão com imensas dificuldades de cumprir as folhas de pagamento. Pequenos municípios dificilmente terão condições financeiras para adequar as escolas às exigências do protocolo", afirma Natanael.

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