Só seis das 14 cidades do Grande Recife já garantiram o reajuste do piso salarial do magistério
No Recife, o não reajuste de 33,24% para todos os professores é motivo de uma greve que começou em 7 de julho
Somente seis das 14 cidades que integram a Região Metropolitana do Recife já anunciaram que vão reajustar os salários dos professores das redes municipais considerando no mínimo o índice de 33,24% definido pelo governo federal, este ano, para o piso nacional do magistério.
Olinda, Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Ipojuca e Igarassu aumentarão os vencimentos dos docentes, com repercussão em toda a carreira. Em Itapissuma, será apenas para quem está no primeiro nível salarial.
No Recife, que concentra a maior quantidade de alunos e professores - 95 mil estudantes e 5 mil mestres aproximadamente - os docentes entram nesta quarta-feira (16) no décimo dia de greve. A principal reivindicação é justamente o aumento do piso em 33,24% com rebatimento para todas as faixas salariais.
Além da capital pernambucana, os municípios de Paulista, Moreno, Itamaracá, Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata estão em negociação com os sindicatos que representam os professores. O piso era R$ 2.886 no ano passado. O novo valor é R$ 3.845,63 para carga horária semanal de 40 horas para docente com nível médio (magistério) e que leciona em escola pública.
A lei que regulamenta o piso não vale para quem trabalha nos colégios particulares. Não há um levantamento da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Pernambuco (Undime) em relação ao cumprimento do reajuste nas cidades do Estado. Nas escolas estaduais, o governo de Pernambuco vai dar 35% de aumento.
A última proposta da Prefeitura do Recife, apresentada segunda-feira passada (14) e não aceita pela categoria, foi conceder o aumento de 33,24% para o profissional que hoje recebe o piso nacional, além de um abono de 1,73% entre os meses de abril e dezembro.
Para aqueles que ganham acima do piso (a maioria), a gestão municipal da capital propôs reajuste de 23% e um abono de 12% também por nove meses.
Na simulação feita pelo Poder Executivo, caso essa proposta seja aceita, um professor com 145 horas de trabalho, com formação em magistério e na primeira faixa salarial, ganhará R$ 2.788,35 (hoje é R$ 2.092,35); para 200h será R$ 3.846,00 (atualmente é R$ 2.886) e para 270h, R$ 5.192,10 (vale hoje R$ 3.896.01).
Os professores terão uma nova assembleia nesta quarta-feira (16), às 14h, no Clube Português do Recife, no bairro das Graças. A adesão à greve, segundo o Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere), permanece alta, com 97% dos mestres longe das salas de aulas.
"Queremos que a prefeitura cumpra a lei e nos dê 33,24% de reajuste no salário. Os 12% do abono devem ser incorporados ao salário", diz Anna Davi, uma das coordenadoras do Simpere. A categoria continua pedindo a intermediação de um grupo de vereadores para tentar convencer a prefeitura a mudar a proposta.
Em Camaragibe, Itapissuma e Ipojuca, o índice de aumento é 33,24%, previsto pela União. Olinda dará reajuste de 34%, Igarassu 35,5%, Jaboatão dos Guararapes, 36%.
"Reajustamos o piso, mas sem repercussão na carreira. Consideramos importante a valorização da carreira do professor, mas financeiramente não temos como pagar para todos. Mesmo assim nossos docentes ganham acima do piso de 2022 pois há muitas gratificações", esclarece o secretário de Educação de Itapissuma, Jesanias Lima.
De acordo com ele, um professor com 150 horas recebe R$ 4.184,56. "Até a próxima semana deveremos propor aos professores que já ganham acima do piso aumento de alguma gratificação", explica o secretário.
Em Moreno, o sindicato docente marcou um ato para o dia 30 de março, na Praça da Bandeira, no Centro, para pressionar a prefeitura a negociar. A secretária de Educação Marinalva Veras informa que as pastas estão analisando o cenário financeiro para apresentar uma proposta, possivelmente até essa data do ato dos professores.
Em Paulista, a categoria está em estado de greve e também cobra da gestão municipal avanço nas negociações. Em São Lourenço, no Cabo, Araçoiaba e Abreu e Lima as conversas com os sindicatos estão acontecendo sem ainda definição de como ficará o reajuste.
Em Itamaracá, a Secretaria de Educação informa que está finalizando as projeções com as Secretarias de Finanças e de Administração para apresentar para os professores. A rede de lá tem 15 escolas e 1.952 alunos, onde lecionam 82 docentes.