PROTESTO

Após denúncias de intoxicação alimentar, estudantes da UFPE fazem protesto no Restaurante Universitário; instituição investiga causa

Vigilância Sanitária do Recife coletou amostras de alimentos e de água para análise laboratorial

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Mirella Araújo

Publicado em 04/09/2023 às 17:17 | Atualizado em 04/09/2023 às 18:58
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Com cartazes nas mãos e reivindicando melhorias na qualidade da alimentação servida no Restaurante Universitário (RU), estudantes realizaram um protesto, na manhã desta segunda-feira (04), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Mais de mil alunos  relataram ter apresentado sintomas de intoxicação alimentar, neste fim de semana, após terem realizado as refeições no RU, na última sexta-feira (1º).

Antes do ato ser iniciado, foi feita uma reunião com os representantes de movimentos estudantis, da empresa responsável pela gerência do RU, General Goods, que serve cerca de 3,3 mil refeições por dia no local, e da reitoria da UFPE.

A equipe da TV Jornal esteve no campus Recife, mas não foi permitido o acesso da imprensa durante a reunião. Após o encontro, o Pró-Reitor para Assuntos Estudantis, Prof. Fernando Nascimento, explicou à reportagem que a Vigilância Sanitária fez a coleta dos alimentos servidos na sexta-feira e nesta segunda.

“Nessa reunião foi apresentado aos estudantes o que a Vigilância Sanitária vem apurando. Então nós chamamos a Vigilância Sanitária e Epidemiológica ontem e hoje, ela fez as inspeções e autorizou o funcionamento do restaurante. Não há nada que impeça o seu funcionamento hoje”, disse Nascimento.

O Pró-Reitor explicou ainda que até o momento não foi detectada nenhuma alteração em relação à produção de alimentos que possam colocar em risco a segurança dos estudantes. “Nós temos como cláusula do contrato, que a empresa mantenha tudo que é servido durante 72 horas em uma alta temperatura, para que ocorrendo algum incidente, possamos fazer as análises clínicas”, disse. Os resultados das amostras coletadas devem ser entregues até o final desta semana.

A estudante Mônica Vitória, apresentou mal-estar após ter feito as três refeições no Restaurante Universitário. “No sábado de manhã eu comecei a passar mal e também escutei relatos de pessoas que estavam com os mesmos sintomas”, disse.

Ela também falou sobre um levantamento feito por residentes da Casa do do Estudante quando os casos começaram a vir à tona. “A última vez que nós vimos, tinha cerca de 1.200 estudantes que ou passaram mal ou conheciam alguém que tinha passado mal. Tem um pessoal aqui [no protesto] mas tem muitas pessoas que ainda não estão conseguindo sair de casal”, afirmou a estudante.

Assim como Mônica Vitória, muitos alunos dependem quase que exclusivamente das refeições que são servidas no Restaurante Universitário. Inclusive, muitos afirmam que essa não seria a primeira vez que a qualidade dos alimentos é colocada em questão.

No espaço são servidos café da manhã (R$ 10,31), almoço (R$ 4,78) e jantar (R$4,88) - sendo gratuita para aqueles que moram na Casa do Estudante. No cardápio ofertado na sexta-feira, foram servidos banana comprida, torta de repolho, calabresa acebolada, caldo verde, salada e canjica.

O estudante de Biblioteconomia, Everton Simão Lima, de 24 anos, afirmou que almoçou no RU e depois teve cólica intestinal intensa durante todo o fim de semana. “Fiquei sabendo de inúmeros estudantes que precisam ir até o hospital tomar soro porque passaram o fim de semana vomitando e com diarreia. Soube de casos que estudantes chegaram a vomitar sangue”, explicou Lima.

Ele disse que o suporte dado pela UFPE foi levar um enfermeiro à Casa do Estudante para verificar a situação das pessoas que moram na unidade. Sobre as queixas com relação a qualidade da alimentação não serem uma novidade, Everton disse que já soube de casos que já foram encontrados larvas de insetos e pedra na comida. No entanto, essa foi a primeira vez que houve muitos casos generalizados.

“Esperamos que de fato as demandas que foram apresentadas sejam seguidas e tenhamos a resposta de onde que essa infecção generalizada veio para que possamos cobrar e responsabilizar que levou mais de 1200 estudantes a precisar tomar remédio ou ir ao hospital”, declarou o estudante de biblioteconomia.

A estudante de Serviço Social, Alícia Nana Fujiyama, de 25 anos, é da unidade feminina da Casa do Estudante, e explicou que o formulário que está coletando informações sobre a ocorrência continuará aberto. Ela também cobrou um posicionamento da UFPE, afirmando que a reitoria tem estado omissa apesar das inúmeras denúncias. 

"Diante desses números dá para perceber que é uma epidemia que precisa ser estudada, para que de fato seja resolvida. E que essa empresa não fique impune mais uma vez", disse a estudante. 

Ela fez duas refeições no RU na sexta-feira. "O cassoulet era nitidamente resto de carnes que foram usadas durante a semana, como charque, calabresa e pedaços pequenos de frango. Foi isso que percebemos. No jantar, principalmente depois que eu comi a canjica, comecei a passar muito mal. Senti muita náusea", afirmou Alícia. 

POSICIONAMENTO DA GENERAL GOODS

A General Goods disse, por nota, que realizou uma vistoria de três horas, nesse domingo (3), com  técnicos da Vigilância Sanitária e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), representados pela Diretoria de Alimentação e Nutrição. 

"Não se detectou nada que justificasse um surto de intoxicação alimentar. Foram coletadas amostras de água e de todos os alimentos servidos no último dia 1º. Constatou-se, ainda, que todos os processos estavam regulares."

A empresa disse que continua apurando o caso, em conjunto com as autoridades sanitárias e a UFPE. Ela também reforçou "que trabalha com rígidos padrões e monitora constantemente indicadores de qualidade para a segurança alimentar".

"A General Goods está no mercado há 30 anos e serve 100 mil refeições por dia para clientes públicos e privados."

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