Sesi Lab inova ao reunir ciência, tecnologia e educação em espaço 100% interativo, que deverá rodar o país
O Sesi Lab é um complexo multiuso com experiências sensoriais a partir de um processo lúdico, divertido, estimulante e participativo
BRASÍLIA (DF) - A ideia de museu como um lugar não estático, sendo um reduto 100% interativo de ciência, tecnologia, inovação e educação, é a principal proposta do Sesi Lab, localizado em Brasília. A iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), utiliza a abordagem 'mão na massa' com atividades e ações educativas voltadas para os públicos de todas as idades.
E parte dos 100 experimentos interativos em exposição de longa duração vão fazer parte do projeto Sesi Lab Itinerante, que pretende percorrer todas as regiões do país.
“Desde o início as nossas exposições, programações culturais e ações educativas, foram pensadas pra gente se conectar com uma diversidade grande de público. Essa dimensão da interatividade e essa abordagem ‘mão na massa’, é uma abordagem que atrai todas as idades porque envolve o aprendizado a partir da experiência de cada um”, afirmou Agnes Mileris, gerente de Programação Cultural do SESI.
Ela explica que a primeira parada do projeto itinerante será em Santa Catarina, no mês de novembro, em um torneio de robótica. “A partir dessa experiência, nós vamos começar a rodar o Brasil, por meio de parceria com as escolas e eventos do Sesi, que está presente em todos os estados”, disse.
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EDUCATIVO CONECTADO COM A BNCC
A Base Nacional Comum Curricular está diretamente ligada ao programa de visitas educativas e de formação de professores. “Nossa equipe de educadores desenvolve roteiros conectando os aparatos do nosso acervo com os conteúdos ligados à BNCC. Os professores que agendam as visitas podem fazer uma seleção das propostas de roteiros de acordo com o que eles estão trabalhando em sala de aula e da faixa etária dos estudantes”, pontua a gerente de Programação Cultural do Sesi, Agnes Mileris.
Além da BNCC, outros dois conceitos são trabalhados ao longo das exposições permanentes do Sesi Lab. O conceito Steam (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), que consiste na abordagem interdisciplinar com foco em atividades maker, colaboração social e combinação de diversas habilidades; e o conceito CSTA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Meio Ambiente), voltado à compreensão dos fenômenos naturais e do fazer científico, visando o desenvolvimento de cidadania crítica e científica.
O Sesi Lab também promove a formação de professores com encontros periódicos, cursos e palestras com objetivo de aproximar as práticas pedagógicas do museu.
PÚBLICO ADULTO NO MUSEU
Na última quinta-feira (5), o Sesi Lab realizou a 7º edição do Night Lab, com o tema “Cosmologias – tentativas de entender o Universo”. O programa noturno do museu interativo promoveu oficinas, conversas com especialistas e contou com a apresentação inédita do álbum MÊIKE RÁS FÂN, do cantor pernambucano Lirinha.
Assinando o trabalho como José Paes de Lira, o artista retrata em sua obra, uma fictícia rádio cósmica que tem como ponto central mostrar a estética da invenção e do sonho. “A rádio tem esse poder de trazer imagens e emoções através das ondas sônicas, e isso se relaciona ao estudo que fiz sobre o corpo da voz e essa paisagem sonora. Então eu resumiria esse trabalho que faço em dois lugares: poesia e paisagem sonora. E nesse sentido eles se relacionam com a rádio”, afirmou Lirinha, em conversa com os jornalistas momentos antes da apresentação.
O Night Lab foi inspirado no programa After Dark, do Exploratorium, de São Francisco (EUA), com resultados expressivos na aproximação do adulto com a ciência.
"Mais um marco para o SESI Lab como pioneiro no estímulo à apresentação de conteúdos relacionados à abordagem STEAM, promovendo também o debate sobre temas de interesse do público, sempre escolhidos de forma contextualizada e com olhares múltiplos”, ressalta a gerente-executiva de Cultura do Serviço Social da Indústria (SESI), Claudia Ramalho.
Na mesma noite, a Conversa Poética reuniu o astrofísico finalista do Prêmio Jabuti 2020 Alan Alves Brito e a artista visual, especialista maker e pesquisadora Denise Rodrigues.
Guiado pelo desejo de humanizar a ciência a partir de conexões com questões sociais, o professor baiano é um dos autores do livro “Astrofísica para a Educação Básica: A Origem dos Elementos Químicos no Universo”. Ao lado da especialista em instalações interativas do Sesi Lab e artista visual, Denise Alves, Brito discutiu o acesso à ciência e a sub-representação de pessoas negras no ambiente científico brasileiro.
"Ocupar esse espaço é também sobre responsabilidades. Eu me sinto muito responsável e comprometido com as pessoas que vieram antes de mim. E eu sempre digo aos corpos negros, quilombolas, LGBTQIA+, que foram excluídas desses lugares ao longo de toda história do país, de que nós temos esse compromisso ético, ancestral, e por isso também gente não pode se abater, a gente precisa se aquilombar, estar em coletivo, entendendo qual a importância de ocupar esse lugar e esse espaço, esse tempo, o agora. O Brasil é um país racista, acho que o racismo institucional e epistêmico, são duas facetas importantes do racismo de um jeito mais profundo e que é urgente no Brasil", destacou o professor.
*A titular da coluna Enem e Educação viajou a convite do Sesi Lab