DIA DO PROFESSOR

Dia do Professor: profissionais da educação encaram desafios que vão desde problemas na estrutura das escolas até falta de suporte emocional

Em setembro deste ano, foi instituida a Política de Bem-Estar, Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho e Valorização dos Profissionais da Educação (Lei 14.681/2023)

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Mirella Araújo

Publicado em 13/10/2023 às 12:58 | Atualizado em 18/10/2023 às 10:09
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A rotina de milhares de professores e professoras não se resume apenas ao tempo que estão dentro da sala de aula. Essa dedicação aos estudantes começa na preparação das aulas e correção das atividades,e na realização de formações continuadas também. Além disso, os profissionais da educação ainda encaram diariamente desafios que vão desde a falta de estrutura das unidades de ensino, dificuldades de conexão tecnológica, insegurança até a ausência de suporte à saúde mental.

Uma pesquisa divulgada no ano passado, pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), apontou que o Brasil poderá sofrer um déficit de 235 mil professores até 2040, se não investir na formação de docentes para a educação básica.

De 2010 a 2020, houve um crescimento de 53,8% no ingresso em graduações que tem como carreira o ensino, enquanto nos demais cursos o aumento ficou em 76% no período. O estudo observou que entre os motivos do desinteresse dos jovens em seguir a carreira de professor está a precarização da profissão e a falta de valorização da sua importância na sociedade.

Para o doutor em Educação e diretor acadêmico do Educa Week, Ismael Rocha, a somatória destas barreiras gera um impacto no aspecto emocional do profissional e esse é um tema que precisa ser encarado pelo Poder Público. Mas,  para avançar de forma positiva, o especialista afirma que o primeiro passo é a vontade política.

“Nós precisamos no Brasil de projetos de Estado na área da educação. Só vamos olhar para um futuro um pouco melhor do que esse que estamos vivendo, se tivermos uma educação consistente e integrada. Ou seja, o governo federal precisa conversar com os estados e com os municípios, porque senão vamos ter distorções, que é o que estamos observando”, afirmou Rocha em conversa com o JC.

Outro ponto importante levantado pelo especialista, é que as decisões sobre os rumos da Educação não podem ser tomadas de forma autocrática. É o professor e a professora que está dentro da sala de aula, alfabetizando meninos e meninas, preparando os jovens para que possam entrar em uma universidade, que tem o domínio nessa área.

“Quem conhece de educação é o professor e ele precisa ser valorizado e ouvido a esse ponto. Ele precisa ser ouvido, mas no Brasil ele infelizmente é o elo mais frágil nesse processo todo. Depois, é cruel essa condição ter dupla e até tripla jornada de trabalho, porque é uma atividade que o desgaste emocional é muito grande e demanda de você 100%, pode ser uma sala do primeiro ano ou do terceiro ano do médio”, destacou Ismael Rocha.

Discussões no legislativo sobre a saúde mental dos professores

No Senado, projetos relacionados à categoria estão em debate, como a valorização dos profissionais em educação e o cumprimento da Meta 7 do Plano Nacional de Educação 2014-2024, que trata da qualidade da educação básica brasileira. As informações são da Rádio Senado

Está em análise na Comissão de Educação do Senado, a Política Nacional de Incentivos e Benefícios a Futuros Docentes da Educação Básica (PL 3824/2023). O Projeto de Lei é de autoria do senador Flavio Arns (PSB/PR) e tem como relatora, a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO).

O texto afirma que tem como objetivo atrair estudantes de graduação para a função docente nas escolas públicas e privadas da educação básica, prevendo entre outros pontos, a oferta de bolsas e outros incentivos para os graduandos. 

No mês passado, foi instituida a Política de Bem-Estar, Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho e Valorização dos Profissionais da Educação (Lei 14.681/2023). Entre as diretrizes previstas na lei, está a implementação de medidas de proteção à saúde integral e de orientação quanto aos protocolos a serem adotados no caso de riscos e de agravos que possam comprometer a saúde dos profissionais da educação.

Também consta a viabilização de ações de educação permanente que visem à promoção da saúde e à prevenção ao adoecimento no trabalho dos profissionais da educação; e o estabelecimento de plano organizacional que desenvolva ações para educação e para inclusão social dos trabalhadores com deficiência e que lhes garanta as condições de trabalho essenciais às necessidades laborais;

"A literatura especializada evidencia que a  maior suscetibilidade dos profissionais de educação a infecções, problemas na voz, e estresse associado a atividade docente, com repercussões importante na sua capacidade laboral e seu desempenho. Esse quadro justifica plenamente que sejam implementados políticas públicas específicas com foco na prevenção do adoencimento", afirmou a senadora Teresa Leitão (PT-PE), que foi relatora do projeto aprovado em agosto pelo Senado. 

Evento para debater os rumos da Educação

O Educa Week é um congresso que será realizado de 16 a 20 de outubro, em São Paulo, tendo como foco o debate em torno dos principais desafios educacionais das próximas décadas no Brasil. 

“Nesta sexta edição, teremos uma integração mais profunda, envolvendo ESG, tecnologia, inovação e saúde mental, demonstrando como esses segmentos estão interconectados na busca de uma educação mais sustentável e equitativa”, explicou Ismael Rocha.

Deacordo com a programação do evento, nos dias 17,18 e 19, serão realizados dez painéis sobre educação 100% online e gratuitos, para professores de todo o Brasil,sendo necessária a inscrição prévia no site do congresso.

 

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