ENEM 2023

Presidente do Inep rejeita anular questões do Enem e nega viés ideológico

As críticas também levaram à convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para dar explicações no Congresso

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Estadão Conteúdo

Publicado em 09/11/2023 às 10:03 | Atualizado em 09/11/2023 às 10:04
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O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, descartou ontem anular questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por viés ideológico contra o capitalismo e o agronegócio, conforme solicitado pela Frente Parlamentar do Agronegócio.

Ele destacou que o órgão pretende lançar novo edital para selecionar elaboradores de perguntas, mas negou que haja necessidade de ajustes. Um dos itens de domingo tinha um texto que dizia que, no Cerrado, o "conhecimento local" está subordinado "à lógica do agronegócio" e o "capital impõe conhecimentos biotecnológicos", que trazem consequências negativas para a população do campo. O trecho faz parte de um artigo que foi publicado na Revista de Geografia da Universidade Estadual de Goiás.

Em outra questão, relaciona-se a competitividade na economia à prática de dumping. As críticas também levaram à convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para dar explicações no Congresso no dia 22.

Na manhã da quarta-feira (8) , o presidente do Inep, responsável pela prova, participou de sessão da Comissão de Educação da Câmara. "A anulação de questões do Enem ocorre quando o item incluído no teste não contribui para estimativa de proficiência do desempenho do estudante, não tem gabarito correto, ou não é capaz de avaliar as habilidades cognitivas do estudante", disse Palácios. E ressaltou que "é claro que o Enem não demoniza o agronegócio, é claro que o Inep não demoniza o agronegócio". "É claro que todos reconhecemos a imensa importância do agronegócio no País. Mas isso não precisa ser dito, é um tanto óbvio."

QUESTÕES PRODUZIDAS NA GESTÃO BOLSONARO

Dados divulgados pelo Inep mostram que, das 50 questões que compunham o caderno de Linguagens, 42 foram produzidas entre 2019 e 2021, na gestão Jair Bolsonaro (PL). Durante sua exposição na Câmara, Palácios também argumentou que as questões do Enem avaliam a competências do estudante e não concordâncias ideológicas. "Avaliação educacional é atividade de professores.

Os textos que compõem os testes do Inep são extraídos de fontes legítimas, reconhecidas pela comunidade científica ou reconhecidas pelo público, no caso de fontes jornalísticas, ou de fontes de outra natureza que não seja ciência."

SELEÇÃO DE ELABORADORES

Ele adiantou que o órgão fará outro edital de seleção de elaboradores e revisores de itens no ano que vem, mas os critérios continuarão os mesmos. "O último edital é de 2020, então evidentemente devemos providenciar, provavelmente para o início de 2024, um novo edital, um novo chamamento público para seleção de professores", disse.

"Os critérios serão os mesmos: titulação, experiência docente e a experiência na construção de instrumentos de avaliação, esses itens são pontuados. O resultado é publicado por ordem de classificação, de acordo com a pontuação alcançada por esses critérios. Essa é a forma pública, republicana, transparente de seleção dos elaboradores."

 

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