IA na Educação: conferência internacional debate sobre o uso da inteligência artificial em apoio a docentes, estudantes e formação de políticas públicas

AIED 2024 tem como tema a "IA na Educação para um Mundo em Transição" e se propõe a discutir o alinhamento destas tecnologias com práticas pedagógicas

Publicado em 08/07/2024 às 16:11

A 25ª edição da International Conference on Artificial Intelligence in Education (AIED) começou nesta segunda-feira e segue até o dia 12 de julho. O evento, que está sendo sediado no Recife, pela Cesar School, tem como tema central a “IA na Educação para um Mundo em Transição” e se propõe a discutir o alinhamento das tecnologias de inteligência artificial com práticas pedagógicas, políticas educacionais e como ferramenta para uma aprendizagem fluida e equitativa.

Entre os destaques desta edição, está o professor visitante de educação na Harvard Graduate School of Education e professor de ciência da computação e tecnologia de aprendizagem na Universidade de São Paulo, Brasil, Seiji Isotani. Sua palestra irá abordar a "IA em Educação e Políticas Públicas: Um caso do Brasil". Ela será na quarta-feira, dia 10 de julho, às 9h, no Grand Mercure Hotel, em Boa
Viagem, Zona Sul do Recife.

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Em entrevista a coluna Enem e Educação, nesta segunda-feira (8), o professor e pesquisador falou sobre os desafios do acesso à tecnologia e como os recursos baseados em inteligência artificial podem ser utilizados para emponderar os docentes e estimular as habilidades dos estudantes em sala de aula. 

Em abril, ao participar da 10ª edição da Brazil Conference 2024, Seiji Isotani afirmou que "o Brasil já é uma potência em inteligência artificial na educação".

"A maioria das pessoas acredita que para você se beneficiar da inteligência artificial, é preciso ter uma infraestrutura avançada. E aí o trabalho que venho desenvolvendo junto com o NEES, aqui no Brasil e em outras partes do mundo, é tentar criar ou repensar como você desenha tecnologias baseadas em inteligência artificial que conseguem ser utilizadas em ambientes com restrição de recursos. Nesse contexto, você acaba utilizando os recursos que estão disponíveis, em uma determinada região, para levar os benefícios da IA para a população mais carente", explicou Isotani. 

Segundo o professor, ao exemplificar de forma prática, ele cita o fato de que pelo menos uma pessoa em cada escola, possui um telefone celular bom o suficiente para tirar uma foto.

"Imagina que você tem crianças com dificuldade de escrita, e aí essas crianças precisam escrever redações para melhorar as habilidades delas, alguém precisa fazer uma avaliação e dar o feedback para que ela consiga ir melhorando pouco a pouco", afirmou. "Uma pessoa tira uma foto das redações destes alunos e quando a internet estiver disponível, e ela não precisa estar disponível a todo momento, essa foto é enviada para um servidor e ele faz uma avaliação automática dessa redação, retornando para o professor com um diagnóstico de dificuldades e pontos fortes de cada aluno", completou. 

RESISTÊNCIA POR PARTE DOS DOCENTES

No entanto, utilizar a inteligência artificial como aliado na sala de aula ainda encontra resistência por parte dos docentes. Seiji Isotani, que foi eleito presidente Sociedade Internacional de Inteligência Artificial na Educação (International Artificial Intelligence in Education Society, IAIED), acredita que essa questão ocorrer porque ainda não há tecnologias adequadas que apoiem os professores e professoras de fato. 

"Muitas tecnologias dão suporte mais ao aluno e o professor fica meio 'orfão' nesse contexto. Diversas tecnologias de IA, principalmente as atuais, não foram feitas para o contexto escolar, o que pode gerar diversos problemas como informações inconsistentes, inadequadas, erradas e que podem prejudicar a aprendizagem dos alunos. E não tem formação, as competências digitais ainda não estão disseminadas em todos os professores da nossa rede", declarou o pesquisador à coluna Enem e Educação. 

Outro desafio, segundo sua visão, é desmistificar a inteligência artificial porque o mundo já é impactado pelo uso dessa tecnologia. "O nosso desafio para reduzir a resistência dos professores, não é nem tanto o professor em si, mas sim criamos tecnologias que de fato ajudem os docentes para que eles possam se apropriar destes recursos e consigam trabalhar as competências digitais de forma efetiva", concluiu Isotani.

Conheça algumas ações do NEES que usam IA

O NEES desenvolve vários projetos em parceria com o Ministério da Educação (MEC). O núcleo reúne um time de 145 professores e pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras.

- APA

O Acompanhamento Personalizado de Aprendizagem (APA) é um aplicativo móvel que usa Inteligência Artificial para melhorar as habilidades de escrita dos estudantes do ensino fundamental, sobretudo os de comunidades de baixa renda, por meio de tecnologias AIED para avaliar produções textuais manuscritas e fornecer feedback personalizado, apoiando a recuperação da aprendizagem.

- SPTe

O Sistema de Proteção das Trajetórias Escolares (SPTe) é um aplicativo móvel que ajuda a prevenir o abandono escolar, identificando alunos em risco. Utilizando uma tecnologia desplugada, orienta intervenções baseadas em fatores de risco. Há um sistema inteligente que fornece feedback aos gestores escolares.

- MathAlde

O MathAIde é uma plataforma que auxilia professores de matemática, otimizando seu trabalho através da Inteligência Artificial. Ao registrar e armazenar exercícios respondidos pelos alunos, a IA diagnostica o desempenho individual de cada estudante. Professores recebem relatórios personalizados, permitindo direcionar suas estratégias de ensino conforme os resultados da turma.

- PNLD

O NEES participa de sete etapas do Programa Nacional do Livro e do Material
Didático (PNLD), uma das ações governamentais de maior alcance do Brasil, a
distribuição gratuita de livros para milhões de alunos e professores de escolas
públicas. O time do NEES desenvolve soluções computacionais que abrangem
múltiplas áreas, incluindo cadastro de materiais, avaliação pedagógica, seleção de
trabalhos, qualificação, acessibilidade e distribuição dos livros e materiais.

 

Sobre AIED 2024

AIED 2024 será a 25ª edição de uma longa série de conferências internacionais conhecidas por pesquisas inovadoras e de alta qualidade sobre sistemas assistidos por IA e abordagens de ciências cognitivas para aplicações de computação educacional. A Sociedade AIED, que celebrou o seu 30º aniversário, organiza a conferência e tem como objetivo o avanço da ciência e da engenharia de ecossistemas inteligentes de tecnologia humana que apoiam a aprendizagem. Promove pesquisa rigorosa e desenvolvimento de ambientes de aprendizagem interativos e adaptativos para alunos de todas as idades em todos os domínios.

O Comitê Brasileiro de organização da AIED 2024 é formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade de Pernambuco (UPE), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), além da CESAR School.

Serviço

25ª International Conference on Artificial Intelligence in Education (AIED 2024)

Quando: De 8 a 12 de julho

Onde: CESAR School

Informações: https://aied2024.cesar.school/home

 

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