Ideb 2023: Pernambuco precisa avançar mais no desenvolvimento da educação básica

Secretaria de Educação destaca a necessidade de investimentos e colaboração entre Estado e municípios, para obter resultados melhores no Ideb

Publicado em 15/08/2024 às 17:20 | Atualizado em 15/08/2024 às 17:30

Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023 revelaram que, tanto Pernambuco quanto o Brasil, precisam avançar nos anos finais do ensino fundamental II (6º ao 9º ano) e no ensino médio (3º ano).

Para enfrentar esse desafio, segundo o secretário estadual de Educação, Alexandre Schneider, é crucial investir em infraestrutura, formação de professores e fortalecimento da aprendizagem. Esses investimentos devem chegar efetivamente à base da educação por meio de uma colaboração entre o Estado e os municípios.

"O Ideb é composto por dois indicadores: o rendimento, que mede a taxa de alunos que permanecem na escola e passam de ano, e a taxa de reprovação ou evasão, que impacta diretamente no resultado final do Ideb", explicou Schneider em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, nesta quinta-feira (15).

"A outra parte é a aprendizagem em Língua Portuguesa e Matemática. Ao analisar os dados nacionais, vemos que alguns estados avançaram no rendimento, mas não tanto na aprendizagem. Pernambuco teve um crescimento maior no rendimento do que na aprendizagem, mas isso não significa que está tudo bem. Em 2015, o Estado foi o primeiro no ranking do ensino médio no Ideb, mas depois caiu e se estabilizou. Passamos 2019 e 2021 sem crescimento, e neste ano tivemos uma melhora", completou o secretário.

PACTUAÇÃO DE NOVAS METAS

Apesar de a rede estadual de ensino ter cumprido a última meta do ciclo 2007-2021 do Ideb, com nota 4,5 para o ensino médio, superando a média nacional de 4,3, não houve avanços significativos em relação ao cenário de 2019, quando o Estado obteve a nota 4,4.

"Nossa meta é avançar com políticas eficazes. Não adianta melhorar os resultados se isso não se refletir na retenção de alunos. Se perdemos alunos, especialmente aqueles com mais dificuldades, não estamos cumprindo nossa missão", enfatizou Schneider.

Em resposta às perguntas da coluna Enem e Educação sobre as medidas para melhorar esses indicadores, o secretário anunciou uma série de ações, começando pela convocação de mais professores para a rede estadual.

"Quando o governo iniciou, tínhamos mais professores contratados do que concursados, com cerca de 70% de contratos temporários. Hoje, esse número é menor, e já nomeamos cerca de cinco mil profissionais. A governadora Raquel Lyra autorizou a nomeação de mais cinco mil professores até o fim de dezembro. Estamos avaliando a necessidade de cada região para garantir que nenhuma escola fique sem professores", afirmou.

O programa Juntos pela Educação também prevê a ampliação dos laboratórios de tecnologia para toda a rede, que deverá contar com um padrão americano de 1 Mega por aluno a partir de fevereiro. A requalificação das escolas e a formação contínua dos professores serão prioridades da pasta.

"Queremos fortalecer a formação regional e apoiar mais de perto nossas escolas em todas as regiões do Estado. Também devemos intensificar as ações de recomposição da aprendizagem, já iniciadas, para abordar os problemas que ainda persistem desde a pandemia", destacou Schneider.

COMISSÃO DE EDUCAÇÃO DEMONSTRA PREOCUPAÇÃO

O presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Waldemar Borges, criticou os resultados do Ideb 2023 e pediu medidas mais eficazes para elevar a educação do Estado ao patamar que já ocupou.

"Celebrar que Pernambuco é o primeiro lugar no Norte/Nordeste no Ideb demonstra falta de ambição para melhorar nosso ensino público. É pensar pequeno. O Ceará está logo atrás, com uma diferença de apenas 0,1 ponto. Nosso objetivo sempre foi estar entre os três primeiros lugares do Brasil, não apenas no Norte-Nordeste", afirmou.

"Não adianta manipular os números; a realidade é que Goiás, Espírito Santo e Paraná tiveram resultados melhores que Pernambuco. No Ideb anterior, apenas Goiás e Paraná estavam à frente", acrescentou o parlamentar. "No Ideb 2021, estávamos a 0,2 pontos do primeiro lugar do Brasil, e agora a distância aumentou para 0,3. Outros estados avançaram mais no ranking do ensino médio, enquanto Pernambuco caiu", completou.

O deputado também pediu que o Governo de Pernambuco reveja sua abordagem e priorize a educação como um investimento estratégico para o futuro do estado, como feito em gestões anteriores. Além disso, expressou preocupação com o novo processo de escolha de gestores de escolas e gerentes regionais, que tem sido alvo de problemas e denúncias de interferências que prejudicam a capacidade técnica dos gestores.

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