Capacitação digital leva tecnologia para jovens das comunidades pesqueiras de Pernambuco

Realizado pela UFPE, o Projeto Jovens da Pesca capacita a juventude pesqueira para o uso das novas tecnologias em seu território

Publicado em 09/01/2025 às 14:14
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O distrito de Abreu do Una, situado no município de São José da Coroa Grande, no Litoral Sul de Pernambuco, receberá o Projeto Jovens da Pesca entre os dias 20 e 24 de janeiro.

A iniciativa tem como objetivo integrar as práticas tradicionais da pesca ao universo digital, oferecendo a jovens pescadores e pescadoras artesanais, com idades entre 15 e 29 anos, e suas famílias, uma capacitação  gratuita no uso de novas tecnologias voltadas à comunicação.

Promovido pelo Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o projeto aportará na Associação das Mulheres Pescadoras Artesanais de São José da Coroa Grande (AMPAS – Abreu do Una) nesta fase de implementação.

A iniciativa é coordenado pelo doutor em Sociologia e professor do departamento da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Gilson Antunes, e faz parte do programa Saberes das Águas, do Ministério da Pesca e Aquicultura para as comunidades pesqueiras.

"O projeto começou a ser desenvolvido a partir de uma identificação feita pelo Ministério da Pesca sobre a necessidade de ampliar a participação dos jovens na pesca artesanal. Atualmente, cerca de 30% dos jovens compõem os grupos etários envolvidos nessa atividade", explicou Antunes em entrevista à coluna Enem e Educação.

Impactos

A primeira capacitação foi realizada na comunidade de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife. A iniciativa impactou diretamente 15 jovens e, indiretamente, mais de 125 famílias de pescadores e pescadoras artesanais.

Durante o treinamento, os participantes envolveram-se em atividades teóricas, abordando temas essenciais para a cadeia produtiva, e práticas realizadas em locais emblemáticos de Brasília Teimosa, como a Colônia de Pescadores Z1 e a Associação de Pescadores.

A oficina também incentivou a interação com embarcações de pesca e espaços destinados ao tratamento e comercialização do pescado na comunidade. O objetivo foi fortalecer o vínculo positivo entre os jovens e seus familiares, além de promover uma maior compreensão da relação entre o ambiente de trabalho e a prática da pesca artesanal.

"Essa capacitação digital é realizada através de um celular, onde os jovens aprendem conteúdos  pertinentes a pesca artesanal para postarem nas suas redes sociais. Além disso, o programa os ensina a lógica da capacitação digital, abordando como essas habilidades podem ser úteis para o futuro deles, especialmente em relação ao mercado de trabalho", explicou o professor de Sociologia. 

De acordo com o docente, é possível categorizar os jovens dessas comunidades em três grupos: o primeiro é composto por aqueles que aprenderam o ofício da pesca com seus pais e familiares e ainda atuam integralmente no setor; o segundo inclui os jovens que possuem conhecimentos técnicos, mas dedicam apenas meio expediente à atividade; e, por fim, há os jovens que, embora tenham pais e familiares pescadores, não seguem a prática do ofício.

Divugação/ Projeto Jovens da Pesca
O Projeto Jovens da Pesca realizou sua primeira capacitação com jovens que fazem parte da cadeia produtiva da pesca artesanal na comunidade de Brasília Teimosa - Divugação/ Projeto Jovens da Pesca

Captação e edição de fotos

Durante os encontros, os participantes aprenderão estratégias para produzir conteúdos utilizando o celular, incluindo técnicas de captação e edição de fotos. Além disso, serão incentivados a realizar uma avaliação crítica sobre a realidade da pesca artesanal, com base em seus próprios pontos de vista.

As oficinas serão ministradas por Anderson Stevens, fotógrafo com mais de 20 anos de experiência na área. Atualmente, Anderson é diretor da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos da Imprensa de Pernambuco (ARFOC).

"Nós usamos a fotografia só como a base para a oficina. Começamos a explorar muito mais  a sensibilidade à luz, o olhar das pessoas para dentro da comunidade pesqueira. Nem todos os alunos que participam das atividades são pescadores, mas eles começam a ter um entendimento sobre a cadeia da pesca", afirmou Stevens em entrevista à coluna Enem e Educação.

Para Allison Axel Freita dos Santos, 28 anos, e que trabalha como auxiliar de depósitos, esse momento foi muito importante para integração dos jovens com a própria comunidade e suas raízes. 

"Minha relação com a pesca vem desde criança, quando morava na vila Moacir Gomes, em Brasília Teimosa. Com isso, também fui para maré, já que muitas pessoas se sustentam com o que vem dela. Então participar do Projeto Jovens da Pesca foi um momento de inclusão dos jovens das comunidades pesqueiras, e aprender a fotografar com o celular também foi uma experiência muito boa", comentou.

Próximas atividades

Para este ano, o Projeto Jovens da Pesca prevê ainda atividades na comunidade Ilha de Deus, no Recife, e no povoado de São Lourenço, em Goiana.

Além das capacitações, a iniciativa também tem como pilar a área da pesquisa científica. "Nós vamos produzir materiais que envolvem pesquisas qualitativas e quantitativas em conjunto com essas atividades de extensão. Uma parte significativa dos integrantes do projeto são alunos da UFPE e estão trocando experiência com os pescadores e pescadoras destas comunidades", afirmou Gilson Antunes. 

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