Na segunda parte da entrevista exclusiva com o novo chefe da Polícia Civil, Nehemias Falcão, como ficam as investigações de homicídios em uma época de aumento dos índices. A expansão do Departamento de Repressão à Corrupção e Crime Organizado (Dracco) após toda a polêmica de suposta politização envolvendo a extinção da Decasp, sindicatos e política partidária, e avanços prometidos na investigação do assassinato da garota Beatriz Mota. A entrevista completa será publicada na coluna Grande Recife, do Jornal do Commercio, do domingo (19).
JC - No caso das investigações de homicídios, do índice de resolução de inquéritos, em um momento em que os índices voltam a crescer no Estado, mesmo com o isolamento social, como está a atual taxa ?
Nehemias - Estamos atuando com força para dar respostas rápidas, como vínhamos fazendo nos últimos anos. Pernambuco tem uma das melhores taxas de elucidação do País, atualmente em 62% (dados de fevereiro). Isso é fruto do empenho de todas as forças de segurança, nós, a PM, a Polícia Científica. Não há mudança: a orientação segue a mesma no sentido de responder rapidamente.
JC - Com relação às vagas na corporação? Em fevereiro houve a entrada de 405 novos alunos na Academia, mas ainda há muita reclamação com relação ao déficit de efetivo. Como está sendo feita essa substituição?
Nehemias - O governo tem sido muito bom para a Policia civil, pois vem contratando muito. Já houve uma turma de 100 delegados, outra de agentes e escrivães. Estamos renovando, é uma coisa salutar, leva tempo. O que posso dizer é que a Polícia Civil hoje já tem um perfil bem mais jovem e moderno, principalmente por ter integrado muitas soluções de tecnologia.
A Polícia Civil cresceu muito nos últimos anos. Muito mesmo. Para lhe dar uma ideia, vamos falar de Caruaru. Até alguns anos atrás, em um município daquele tamanho e importância só havia duas delegacias convencionais e a seccional. Hoje temos divisão de homicídios, Departamento de Narcotráfico, Delegacia da Mulher, plantões. É um crescimento a olhos vistos, em tamanho e na prestação do serviço à população.
JC - Há um caso que desafia a Polícia desde 2015, que é o assassinato da garota Beatriz Mota, em Petrolina. A família dela chegou a defender a federalização, quatro delegados já foram utilizados nas investigações. Como o senhor pretende tratar essa questão?
Nehemias - Com relação a esse caso específico: estava na gestão como subchefe, sempre acompanhando de muito perto. No ano passado foi criada uma força-tarefa com delegados para trabalhar na elucidação desse crime. É formada pelos delegados João Leonardo, Poliana Farias e pela chefe da Delegacia Seccional de Petrolina, Isabella Fonseca. Eles têm feito um trabalho excepcional nesse caso. Posso dizer que estamos avançando. Com o apoio e assessoramento da Diretoria de Inteligência, esse trabalho será irrepreensível, e esse grupo que foi criado será referência para várias investigações vindouras.
JC - Algum plano para o Dracco? Levando em conta toda a polêmica sobre suposta politização que marcou a extinção da Decasp, quais os resultados da criação do departamento?
Nehemias - O Dracco veio para fortalecer o combate à corrupção. É um estrutura que dá um importante suporte a várias investigações. Era um sonho antigo, nos dá prazer em ver como foi gerado e como anda bem hoje. Um departamento em que se trabalha sem que haja, por parte de qualquer profissional, a personificação da investigação. Nossa meta é ampliar o departamento. Já estamos terminando as unidades de Caruaru e Petrolina, com efetivo já designado e tudo mais.
JC - Como o senhor espera que seja a relação com as entidades representativas dos policiais? Principalmente no caso do Sinpol, cuja diretoria tem uma conhecida filiação político-partidária ao PSOL, que por sua vez é oposição ao governo?
Nehemias - Mesmo diante de todo esse momento adverso por causa da pandemia, já conversei com Bruno Bezerra (presidente da Associação dos Delegados Polícia de Pernambuco, Adeppe) e recebi a Associação dos Escrivães. Ainda não consegui conversar com Áureo (Cisneiros, presidente do Sinpol), que inclusive trabalhou comigo no interior do Estado anos atrás. O que posso dizer é que a Polícia Civil sempre estará aberta ao diálogo. Desejamos avanços institucionais, mas sem jamais levar as questões da corporação para a política partidária. De nossa parte será assim.
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