crise nos trilhos

Exclusivo: Metrô do Recife aponta alto risco de colapso em alerta à CBTU

Metrô do Recife expõe em documentos toda a crise de recursos para manutenção. 11 trens deixaram de circular, conforme documento, por quebra ou falta de peças

Imagem do autor
Cadastrado por

Jamildo Melo

Publicado em 28/05/2022 às 10:22 | Atualizado em 29/05/2022 às 12:14
Notícia
X

Em um relatório de 58 páginas, o Metrô do Recife alerta a CBTU, do governo Federal, que o sistema de trens da cidade corre o risco de asfixia se não forem repassados recursos urgentemente para a área de manutenção.

O documento aponta a queda de investimentos como o principal problema hoje. Um dado é alarmante. A previsão de orçamento para investimentos era de R$ 20 milhões, mas as transferência ficaram no patamar de R$ 2 milhões.

Blog Imagem
Documento oficial obtido pelo Blog de Jamildo relata queda nos repasses como origem da crise - Blog Imagem

Veja acima, reprodução do documento com os alertas ao governo federal.

"O Governo Federal, no intuito intencional de sucatear o serviço do Metrô, não envia os recursos solicitados para manutenção do sistema, liberando uma média de apenas de 30% das verbas. Vejamos alguns dados dos valores de investimentos e custeio executados na manutenção de trens nos últimos 4 anos: Em 2018, foi solicitado R$ 33,4 milhões em verbas de investimentos e custeios e foi enviado apenas R$ 2,1 milhões (6,28%). No ano de 2019, foi pedido R$ 39,5 milhões, recebendo apenas R$ 3,3 milhões (8,35%). Em 2020, foi solicitado um pouco mais de R$ 10 milhões e a CBTU recebeu R$ 4,6 milhões (46,42%) e no ano passado foi solicitado R$ 19,7 milhões e chegou apenas R$ 2,3 milhões (11,75%)", afirmam os sindicalistas, em nota ao blog.

"Faremos uma pergunta: qual a empresa, privada ou pública, que funciona com excelência com apenas 30% de verbas de custeio e manutenção? Logo, se o Metrô funciona e ainda oferece um serviço essencial à população, isso se deve ao esforço dos Metroviários, com toda sua experiência e compromisso".

Laysa Mariana / Divulgação
Estação Joana Bezerra invadida pela água das chuvas - Laysa Mariana / Divulgação

 

Enquanto BNDES realiza estudos, Sindmetro-PE inicia campanha de mídia exterior contra privatização do Metrô

Após anunciar a saída do estado de greve, o Sindmetro-PE diz que não vai parar de defender suas pautas e inicia campanha contra a Privatização do metrô e em defesa da Tarifa Social de R$ 2 reais para os trabalhadores que utilizam os serviços do metrô. A campanha será divulgada em todas as mídias: outdoors, outbus, rádio, LED, televisão, anuncicletas e nas redes sociais com impulsionamento.

"Quem defende a privatização, não anda de metrô e não tem compromisso de igualdade social, pois não sabe da importância que esse transporte tem para as pessoas mais carentes e o quanto ele ajuda em comunidades isoladas, como é o caso, da linha Diesel do Cabo de Santo Agostinho e de Marcos Freire", diz a entidade.

Ao blog, com exclusividade, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disse que a etapa da desestatização da CBTU que inclui a concessão do serviço de transporte ferroviário urbano de passageiros na Região Metropolitana do Recife/PE, segue em estruturação.

Em resposta, o Sindmetro-PE informou que estará nas ruas, "conversando e conscientizando a população das desvantagens que teremos com administração privada e dos motivos que levaram a atual situação do metrô".


"Se o privado é a solução, porque os ônibus – que são administrados pelo setor privado por meio do Consórcio Grande Recife – estão maltratando tanto a população? Por que os ônibus são quentes, lotados, quebrados e cobram tarifas altíssimas? Por que retiraram o posto dos cobradores, determinando ao motorista multifunções e atrasando a viagem dos passageiros?"

"O transporte público é um serviço essencial à população e, como tal, deve ser oferecido de forma responsável e viável. Não é o “carimbo” de “privado” que vai garantir excelência nos serviços. Temos como exemplo o Metrô do Rio de Janeiro (SuperVia), com vários problemas por falta de reparos, insegurança e superlotação. Desde 2000, ao menos 884 serviços públicos foram reestatizados no mundo inteiro, segundo dados do TNI (Transnational Institute, centro de pesquisas com sede na Holanda). Desses, por exemplo, foram reestatizados os metrôs Paris e Berlim."

"O metrô é o transporte público mais seguro, rápido e ecológico que temos no Recife. Por isso, é essencial que ele continue sendo público e atendendo a população de maneira ampla, com os investimentos necessários sendo aplicados e para isso, o Governo Federal precisa mandar os valores solicitados pela CBTU para que as manutenções e reparos sejam feitas, melhorando o serviço do metrô".

 

Tags

Autor