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Exclusivo: Metrô do Recife roda com trens comprados há 38 anos

Documento oficial do Metrô do Recife enviado à CBTU em abril passado relata gravidade na falta de manutenção e custeio

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Jamildo Melo

Publicado em 29/05/2022 às 13:21 | Atualizado em 29/05/2022 às 16:00
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Rafael Alves Teixeira, gerente operacional de Material Rodante do Metrô do Recife, em mais um ofício à CBTU, controladora federal do sistema de trens, alerta que em breve a estatal poderá ficar sem trens para atender o número mínimo de composições para prestação de serviço. Ele relata que o Metrô do Recife já assistiu a paralisação de 16 trens, nos últimos 11 anos.

Muitos dos trens estão com inacreditáveis 38 anos de operação (frota CISM 800), no fim da vida útil. Dos 16 trens inoperantes atualmente, 13 são desta classe mais antiga, trens que acabam por tornar onerosos os custos de manutenção devido à obsolescência de equipamentos e alto número de falhas.

"O material rodante necessita de investimentos imediatos, assim como custeio adequado, para que se evite que o sistema venha a colapsar por falta de trens", escreve, em alerta à CBTU, federal.

"O baixo número de trens disponíveis deve-se à baixa confiabilidade, cuja causa é a falta de materia prima de manutenção, insumos, peças sobressalentes e serviços externos", escreveu, 8 de abril último.

"... no entanto, não há muito o que fazer quando materiais precisam ser substituídos e não estão disponíveis no estoque", escreve, em outro trecho reclamando da degradação imposta ao sistema, conforme suas próprias palavras.

De acordo com os documentos internos, não foi por falta de avisos que a situação chegou ao patamar atual. Há registros de reclamações em setembro de 2017, alertando para a situação crítica. Em 2020, foram apenas dois, mas o ano era atípico, com a pandemia e as pessoas em casa. Neste ano, mesmo com menos pressão, quatro trens precisaram ser imobilizados, por falhas. Em 2021, foram seis alertas para a situação crítica.

"...Vai ficar inviável atender o número de trens mínimo muito em breve", prevê o diretor de material rodante, no ofício assinado no mês passado. A meta é 17 trens no pico de operações, mas um gráfico mostra que o mais comum é ter de doze a treze apenas.


Vlts, mais novos, também sofrem degradação

Em oito anos de operação, os VLTs, mais novos, também sofrem com falta de manutenção e o estudo do Metrô do Recife cita 5 deles fora de operação. São nove, mas apenas quatro estão liberados para operar.

"Durante anos, o orçamento recebeu valores insuficeintes, muito abaixo do mínimo necessário para que se mantenha a frota de VLTs em condições adequadas de manutenção", escreve o gerente operacional.

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