Emprego e renda

Se levar estaleiro em Suape, consórcio secreto quer ferrovia, Arco Metropolitano e refinaria Abreu e Lima

Compra do estaleiro Atlântico Sul por consórcio internacional pode viabilizar novos investimentos em projetos estruturadores, como Arco Metropolitano e ferrovia

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Jamildo Melo

Publicado em 06/07/2022 às 6:30 | Atualizado em 06/07/2022 às 7:52
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Sob a condição de reserva de fonte, um dos integrantes do consórcio internacional, até aqui oculto, que planeja arrematar o Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, planeja tirar do papel um projeto estruturante para o Estado de Pernambuco.

"Se adquirirmos o estaleiro, vai entrar na pauta o Arco Metropolitano, a ferrovia transnordestina e a refinaria Abreu e Lima (posta à venda pela Petrobras). São projetos que podem se integrar a partir das operações no Porto de Suape", revela um dos parceiros do projeto.

Essa fonte explica que a primeira providência do grupo seria retomar a produção de navios no EAS, uma vez que entre os investidores há armadores, com companhia de petróleo. Armadores demandam novos navios.

O projeto para ampliar as operações do EAS contempla uma unidade, no mesmo local, para a produção de turbinas eólicas. A nova linha de produção ampliaria o escopo do estaleiro e a promessa prevê cerca de 12 mil empregos.

Na proposta apresentada à Justiça do Estado e a administração judicial do EAS, o Rio de Janeiro, consta ainda a criação de uma trading de commodities recém-formada com o objetivo de exportar produtos agrícolas.

É aqui que se encaixaria a construção do Arco Metropolitano e o interesse na conclusão da ferrovia Transnordestina. Com a compra de grãos na Bahia e em outras áreas do Brasil, haveria interesse em viabilizar esses projetos parados há séculos, por falta de investimentos públicos.

"Há demanda internacional forte por grãos e um terminal marítimo ali (EAS) integraria o porto tanto com o Arco Metropolitano como a ferrovia. O estaleiro é o coração do projeto. Temos capital para tanto. Se vencermos o leilão, ainda neste mês de julho vamos procurar as autoridades públicas estaduais ou federais para investir na infraestrutura do país", afirmam os empreendedores.

Juíza do Cabo foi informada do projeto

Para demonstrar que a proposta era consistente, no mês passado, o consórcio internacional oculto fez uma visita à juíza do leilão judicial no Cabo, em uma reunião que teve a presença do administrador do fundo americano North Tabor Capital e altos executivos do Bank of América.

A proposta oficial de compra, enviada nesta segunda à juíza do Cabo e na terça ao administrador judicial do EAS, no Rio, consta o nome do Fundo de Investimentos Horizonte (do Brasil), administrado pelo JP Morgan Brasil, e gerido pelo JP Morgan Brasil DTVM, na bolsa de valores.

"Representamos um consórcio com investidores do UBS Group AG, JP Morgan Chase & Co., Santander Bank e Bank of America. Nossos clientes e parceiros permanecerão ocultos até a aprovação desta proposta de compra do Estaleiro Atlântico Sul S/A, localizado no município de Ipojuca/PE com parque industrial completo com área de 170 hectares. Isto inclui todos os ativos circulantes localizados na área industrial mencionada", explica o executivo internacional, na proposta oficial de aquisição.

Caso saiam mesmo do papel, todas estas operações ajudariam Suape mais do que dobrar a capacidade de movimentação.

"Existe necessidade de demanda internacional de grãos, seja soja, milho ou açúcar, que pode vir de Palmas ou da Bahia, escoada pela Trasnordestina. Boa parte destas compras podem ser transferidas do Sudeste para cá. Hoje, essas compras são da ordem de 3 milhões, mas podem chegar a 5 ou 6 milhões/mês, ajudando a dobrar a movimentação de Suape"

No caso da refinaria Abreu e Lima, que a Petrobras já tentou vender duas vezes, sem sucesso, como no meio do consórcio há grupos que operam com derivados de Petróleo, também haveria sinergia que justificaria o investimento.

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