Quem acompanha a movimentação de navios em Suape tem observado que, nos últimos meses, no cais 4 do Porto, tornou-se frequente a presença de três navios de cor cinza com altura de quase 30 metros: os gigantes Euphrates, Bangkok e Baltimore Highway. São navios enormes, especializados no transporte de veículos. De janeiro a março, eles embarcaram e desembarcaram exatos 8.166 veículos das marcas GM, Toyota, Shineray e Fiat Chrysler Automobiles (FCA). Nesta terça (5), por exemplo, o Euphates Highway desembarca 1.686 veículos Fiat, outros 280 da GM (Classic) e 330 Toyota (Hilux), vindos da Argentina. Em 2016, Suape virou o principal terminal de veículos no Norte e Nordeste, numa operação que combina o caminhão, que vem da Fiat Betim (MG) – Palio Weekends, Uno e a Pick-up Strada rebatizado como RAM - 750 – e leva o Jeep Renegade para o mercado Sul/Sudeste, com o navio que leva os carros para a Argentina e para o México. Toyota e GM também estão mirando nesse mercado e é possível que, ainda este ano, os carros destinados à exportação pelas demais montadoras brasileiras usem a base de Suape. Essa movimentação revelou uma nova vocação para a movimentação de veículos. Suape se consolida como plataforma logística das montadoras. Importa para Argentina e México e exporta dos mesmos países (podendo ir da Argentina para o Chile e Uruguai e do México para a Costa Rica). O alfandegamento de novas áreas do porto ampliou o Pátio Público de Veículos de 3,7 hectares para 18,7 hectares, com possibilidade de expansão até 23,7 hectares e capacidade de movimentar até 250 mil veículos por ano. O Complexo conta com polo produtivo de logística, que inclui o novo centro de distribuição da Toyota, inaugurado em 2015, com investimento de R$ 2,4 milhões. Suape conta ainda com a fábrica da Shineray, a primeira fora da China e a única planta de motocicletas no Brasil que fica fora da Zona Franca de Manaus. A montadora tem área total de 210 mil m² e 60 mil m² de área construída. MAIS MONTADORAS O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e presidente de Suape, Thiago Norões, acredita que outras montadoras poderão chegar em Suape com esse mesmo formato de operação logística. A FCA planeja fazer de Suape sua base não só de carros, mas também de peças. Hoje, ela já recebe pelo terminal a maior parte das peças que usa no Renegade. Se tudo correr como ela espera, em breve vai exportar a produção de Goiana também pelo porto. Pelas contas da companhia, entre 50 e 60 mil carros/ano poderão sair por Suape. É preciso também atentar para o fato de que, no caso da FCA, a companhia juntou as duas pontas: os custos de seu operador logístico, a Saga, foram reduzidos porque não existe mais caminhão vazio. Norões acredita que Suape pode ser o grande polo exportador porque ganha uma nova função: a de provar que produzir aqui pode ser um bom negócio. O maior exemplo disso é a FCA, que até agora já usa isso em sua maior potencialidade.