Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br

Informação e análise econômica, negócios e mercados

Morre Elmo Carneiro, o empresário que deu dignidade a cachaça

Publicado em 11/12/2016 às 17:00 | Atualizado em 12/12/2016 às 5:48
NE10
FOTO: NE10
Leitura:
img_0446 Elmo Carneiro, 90 anos, presidente da Pitú, morreu neste sábado 10. Morreu neste sábado, o empresário Elmo Cândido Carneiro, presidente do Engarrafamento Pitú Ltda., empresa que ajudou a fundar com seu pai Joel Cândido Carneiro e o sócio e amigo Severino Ferrer e que, além de ser referência o setor onde liderou por décadas, foi uma das responsáveis por transformar a aguardente uma bebida popular numa marca do Brasil no mercado de destilados. Pode-se dizer que o trabalho da Pitú, especialmente no mercado internacional onde foi pioneira foi responsável pela maior parte do prestígio que a bebida adquiriu no século XXI e determinante para ser reconhecida como um destilado de cana brasileiro diferente do rum de Cuba e da Jamaica passando a ter denominação de origem. Por trás desse reconhecimento está a figura de Elmo Carneiro, um empresário que por mais de 70 anos empenhou-se em transformar o seu produto numa referência de qualidade, a despeito de ser um bebida popular e de baixo custo. Com foco bem definido, a Pitú desde o envasamento de sua primeira garrafa de 660 ml, manteve um padrão industrial que ao longo do anos foi sendo mantido na medida em que era envasada e apresentada em novas embalagens sempre mantendo o mesmo rótulo desenhado por seus próprios fundadores e cuja agência de comunicação (Ampla) jamais ousou mudá-lo pela atualidade que até hoje dar referência o produto. Elmo Carneiro está para o setor de aguardente, em Pernambuco e no Nordeste brasileior, assim como Edson Mororó está para baterias Moura, José Paulo Alimonda está para margarina e sabão (Bem-te-vi), Raymundo da Fonte, para água sanitária (Brilux) e vinagre (Minhoto) ou João Carlos Paes Mendonca está para supermercados (Bompreço). Ou como Francisco Araújo Filho (Casas José Araújo) para o varejo de tecidos e confecções, Américo Pereira para transporte de cargas (Rapidão Cometa), Jorge Baptista da Silva, para bancos (Banorte) e Roberto Steremberb para o varejo de ótica com sua Casa Lux. Todos  se tornaram líderes absolutos do segmento pelo volume de inovação que introduziram. O curioso da carreira desse empresário pernambucano é que ele sempre apostou na publicidade como ferramenta de marketing de produto e promoção conseguindo vincular seu produto, uma bebida alcoólica, a dezenas de iniciativas culturais e de promoção social notadamente o futebol o Carnaval. Outra marca da Pitú é o seu investimento pesado em comunicação e marketing tendo sido pioneira na introdução de praticamente todas as ações de ponto de venda, entre elas a preparação da Caipirinha, a mistura de cachaça com limão gelo e açúcar que abriu o mercado internacional da bebida para dezenas de fabricantes de cachaça. O prestígio de Carneiro e seu grupo empresarial que incluí presença da família Ferrer como sócia dos negócios e na gestão da companhia é que a Pitú conseguiu dar a Vitória de Santo uma marca de cidade progressista e altamente empreendedora que nenhuma outra conseguiu na Zona da Mata de Pernambuco onde a produção de açúcar e álcool não representou a distribuição de riqueza. Curiosamente, embora seja um derivado de cana de açúcar, a produção de aguardente (além da Pitu existiram outras marcas forte entre elas a lendária Serra Grande), deu a Vitória um perfil de negócios completamente diferente das cidades da chamada região canavieira. E esse perfil está diretamente atrelado ao sucesso do negócio da Pitú e de Elmo Carneiro seus sócios e toda sua família . Elmo Carneiro era filho de Joel Carneiro, um dos três fundadores da Pitú, mas além de empresário, na sua trajetória chegou a ser professor e uma grande folião. Foi presidente do Clube Vassouras O Camelo, co-fundador do Instituto Histórico da Vitória, fundador e presidente do Rotary Clube, co-fundador da primeira faculdade da sua cidade (Faintvisa) além de presidente da Associação Comercial, e até presidente da Escola Cenecista da cidade. Sua filha, Maria das Vitórias foi uma das responsáveis pela obtenção da denominação de origem internacional da cachaça como destilado de cana brasileiro. Tinha 90 anos e deixa esposa e seis filhos e onze netos. Foi enterrado neste domingo no Cemitério de São Sebastião.

Últimas notícias