Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Economista diz que governo Bolsonaro erra quando desqualifica pesquisas que lhe sejam desfavoráveis

Publicado em 24/04/2019 às 11:30
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A Negação

Jorge Jatobá*

O governo Bolsonaro desqualifica pesquisas que lhe sejam desfavoráveis ou que indiquem situações difíceis para o país. Toda vez que algum instituto de pesquisa indica quedas na avaliação da pessoa do Presidente ou do seu Governo, surgem ironias ou críticas descabidas.

Essas avaliações não têm sido solitárias. Várias instituições confiáveis e competentes (IBOPE, Datafolha, Ipespe) apontam na mesma direção. Negar os fatos significa ausência de autocrítica, incapacidade de identificar seus próprios erros ou situações que, embora não estejam sobre controle imediato do Governo, possam ter levado a esse tipo de avaliação pela opinião pública.

Uma dessas situações é o desemprego, boa parte dele legado do Governo Dilma. O desemprego de 13,1 milhões de pessoas é incomodo para qualquer governante. Mas em vez de afirmar o que pretende fazer para retomar o crescimento econômico do país, única forma de reduzir o desemprego, o Presidente crítica, de forma infundada, o conceito e, por consequência, o IBGE, instituição responsável pela coleta e processamento das informações (PNAD Contínua).

O IBGE, é instituição integra, crível e competente que honra o Brasil e os brasileiros. Alguém precisa dizer ao Presidente que o conceito de desemprego aberto é o de busca ativa por trabalho de pessoas, a partir de 14 anos, na semana de referência da pesquisa. E que tais pessoas não podem ter, nessa semana, nenhuma ocupação, remunerada ou não.

Precisa ser dito também ao Presidente que a metodologia é consistente com as adotadas no mundo inteiro, o que permite comparações com dados de outros países E que existem outras formas de medir a subutilização da força de trabalho além do desemprego aberto como a que identifica as pessoas que estejam trabalhando menos horas do que desejariam (6,7 milhões) ou que, simplesmente, desistiram de buscar trabalho por desalento (4,9 milhões). Dessa forma o total de pessoas subutilizadas (desempregadas, subocupadas, desalentadas) atinge 24,7 milhões de brasileiros o que corresponde a 43,3% dos votos que elegeram Bolsonaro no segundo turno das eleições. O desafio dramático do mercado de trabalho é recuperar os empregos perdidos durante a crise e absorver os novos entrantes.

Em vez de criticar o IBGE, o Presidente precisa anunciar uma política de desenvolvimento econômico para o país. Tal política exige reformas como a da Previdência, mas não se exaure nela. Precisa também não negar a evidencia dos números que medem os desafios do seu governo e os da economia do país. A negação revela falta de sabedoria e pode lhe cobrar um alto custo político.

Jorge Jatobá é Economista e Consultor. As opiniões do autor não refletem as da CEPLAN Consultoria Econômica e Planejamento da qual é Sócio-Diretor.

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