Por Leonardo Spinelli, para a coluna JC Negócios
O município de João Pessoa é mais atraente para o investimento privado do que o Recife, mostra a primeira edição do Ranking de Competitividade dos Municípios, divulgado nesta quinta (19). A premiação é realizada pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Gove e o SEBRAE, e analisa a capacidade competitiva das 405 cidades com mais de 80 mil habitantes do País.
Dos 88 municípios da região Nordeste analisados, nenhum está entre os 60 primeiros colocados.
João Pessoa é a capital nordestina mais bem avaliada no ranking, na 70ª colocação, seguido por Recife, na 100ª posição. Na sequência, aparecem duas cidades do Ceará e uma do Piauí: Sobral, Fortaleza e Teresina, nas 121ª, 153ª e 182ª colocações, respectivamente. O resultado mostra que os municípios do Nordeste aparecem de forma negativa no ranking de competitividade.
"O ranking mostra a disparidade das regiões Sul e Sudeste com a demais. As 66 primeias posições são dominadas pelo Sul e Sudeste. Depois aparece Palmas e em seguida João Pessoa", diz Lucas Cepeda, coordenador de Competitividade do CLP, lembrando que as capitais do Nordeste perdem para muitas cidades do interior das regiões melhores colocadas.
"São muitos fatores", diz Cepeda, explicando a disparidade regional. "A questão da segurança, se formos comparar as capitais do Nordeste, têm índices piores que o Sul e Sudeste. Mas há outros pontos que separam, como sociais, tratamento de esgoto, ambiente de trabalho", diz o especialista. "Esses pontos são fundamentais para atração de novos negócio. É comum que as empresas busquem as melhores cidades para se intalar", observa.
A pesquisa é feita com dados públicos, muitos auto-declarados dos municípios. O trabalho não envolve qualquer indicador produzido pelas instituições responsáveis pelo rannking. No total são 55 indicadores, distribuídos em 12 pilares temáticos e três dimensões consideradas fundamentais para a promoção da competitividade e melhoria da gestão pública dos municípios brasileiros.
Cada pilar tem um peso na nota final, são eles: Sustentabilidade Fiscal (com peso de 10,7%), Funcionamento da Máquina Pública (8%), Acesso à Saúde (5,4%), Qualidade da Saúde (6,3%), Acesso à Educação (8%), Qualidade da Educação (6,3%), Segurança (7,1%), Saneamento e Meio Ambiente (8,9%), Inserção Econômica (6,3%), Inovação e Dinamismo Econômico (16,1%), Capital Humano (8%) e Telecomunicações (8,9%).
Segundo o CPL, O levantamento tem o objetivo de mostrar como a competição no setor público é um elemento fundamental à promoção da justiça, equidade e desenvolvimento econômico e social dos municípios para garantir serviços públicos de mais qualidade à população.
RECIFE
Embora a capital pernambucana apareça relativamente bem em questões como funcionamento da máquina pública (na 15ª posição) e sustentabilidade fiscal (68ª), os indicadores de sociedade terminam puxando o Recife para baixo.
A melhor posição obtida pelo Recife foi no quesito de Transparência municipal, em que aparece na terceira posição nacional, atrás de Londrina (PR) e Serra (ES). Nos indicadores sociais, no entanto, a capital pernambucana desabada.
No material de divulgação, o CPL mostra apenas os cinco primeiros e cinco últimos colocados em cada pilar analisado. Por isso não é possível saber, por enquanto, qual a posição da capital em itens como Acesso e Qualidade da saúde e educação, que fazem parte da dimensão de Sociedade. Mas pelo posicionamento da cidade nessa dimensão, é possível perceber que há centenas de municípios no Brasil que têm uma relação mais saudável com seus munícipes. Na dimensão "Sociedade", o Recife aparece na 231ª posição.
Nas dimensões de Instituições - que analisam temas como funcionamento da máquina pública - e na de Economia - que avalia temas como Inovação e Dinamismo Econômico - o Recife não está mal. Em Instituições a capital aparece em 21ª colocação e em Economia, na 39ª.
Para se ter uma idea, João Pessoa, que é a cidade nordestina mais bem avaliada aparece com as seguintes posições no ranking: Geral, 70ª; Instituições, 69ª; Sociedade, 116ª e Economia, 64ª. Fica claro, portanto, que o Recife tem um bom caminho a percorrer para melhorar seus serviços de saúde e educação.
"Com essas três notas a população pode avaliar a sua posição. O ranking é uma ferramenta para mostrar à iniciativa privada onde priorizar investimentos e permitir ao gestor público identificar as reais prioridades do município", explica Cepeda.
OUTROS MUNICÍPIOS DO ESTADO
No interior de Pernambuco, o município melhor colocado é Caruaru, que fica na posição de 188 no ranking nacional. A cidade do Agreste, aliás, aparece na segunda colocação dentro do grupo G100. Essa denominação foi criada pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNL) e agrupa cidades com mais de 30 mil habitantes, mas que possuem problemas sócio-econômicos e estruturais.
Dentro da dimensão Instituições, Caruaru aparece na 133ª colocação. Em termos de Sociedade, o município está em 141 no ranking e em relação à Economia, 239. Foram estudados 405 municípios em todo o País.
Depois de Caruaru aparecem Cabo de Santo Agostinho na 204ª posição, Serra talhada, na 210ª , Petrolina (216ª), Santa Cruz do Capibaribe (251ª), Olinda (260ª), Garanhuns (268ª), Jaboatão dos Guararapes (283ª), Paulista (298ª), Carpina (312ª), Ipojuca (320ª), Igarassu (321ª), Vitória de Santo Antão (323ª), Araripina (328ª), Camaragibe (330ª), Gravatá (338ª), Abreu e Lima (353ª). Completa a lista dos municípios com mais de 80 mil habitantes, São Lourenço da Mata (380ª), na última posição do Estado.
Confira o documento de divulgação do ranking:
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