Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Informação e análise econômica, negócios e mercados

Coluna JC Negócios

Morre Marcílio Tavares de Melo, um dos criadores da Maguary, ícone dos sucos e sorvetes

Empresário cuidou da companhia que nasceu como produtora de abacaxi para exportação, evoluiu para indústria de sucos e virou líder no segmento de sorveste no Nordeste

Fernando Castilho
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Fernando Castilho
Publicado em 01/03/2021 às 18:55
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CORAÇÃO Empresário Marcílio Tavares de Melo faleceu aos 91 anos - FOTO: DIVULGAÇÃO
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O empresário Marcílio Tavares de Melo, que morreu, neste domingo, aos 91 anos, de problemas no coração, era o quarto filho homem de uma família de sete, formada pelo casal Arthur e Helena Hardman. O casal também teve - pela ordem de nascimento - Vinício, Virgílio, Murilo, Silvio, Romildo, Zequinha, e a única mulher do clã, Terezinha. Marcílio era casado com Jeanne (também já falecida) e pai de três filhos e uma filha.

Mas sua presença no mundo empresarial está ligada a criação e ao desenvolvimento de uma das mais icônicas marcas de alimentos, a Maguary, da qual ele participou desde a formação, como produtora de frutas no município de També, na Paraíba. Depois, atuou como diretor da Indústrias Alimentícias Maguary e, a seguir, da Kibon-Sorvane, que produziu a linha de sorvetes e picolés que durante anos liderou absoluta no Brasil.

Atualmente, ele liderava a Companha Alimentícia do Vale, que fica em Lucena, na Paraíba, e que é dona das marcas Coco do Vale e Sabor Nordeste sendo proprietária de mais de 320 mil coqueiros. A empresa produz água de coco em caixinha, óleo de coco, coco ralado, leite de coco e flocos de coco.

Engenheiro agrônomo, recém-formado, Marcílio foi levado para uma novo projeto do Grupo Tavares de Melo, então comandado pelos três irmãos mais velhos dele, Vinício, Virgílio, Murilo, que decidiram iniciar na Paraíba um projeto inovador de industrialização de abacaxis, fruta que fazia daquele estado uma referência nacional.

Eles viram que o mercado de conservas e sucos de frutas para exportação mostrava-se, naquele momento, bastante promissor. Uma industrialização de abacaxis, cuja produção em També (PB), era crescente, tinha perspectivas de boas exportações especialmente para a Argentina. Marcílio foi escalado para cuidar dele junto com outros executivos.

Assim, surgiu a Maguary, segunda empresa do Grupo Tavares de Melo, fundada anos antes mesmo da criação da Sudene e do Banco do Nordeste do Brasil. A sede e a indústria da nova empresa foram instaladas em Pedras de Fogo, Paraíba, depois de uma disputa liderada pelo governador do Estado, José Américo de Almeida, que fez questão do projeto agroindustrial.

O nome Maguary é originário de um pássaro da região do Nordeste. O nome Maguary como marca comercial surgiu de uma viagem de Marcílio ao Rio de Janeiro, onde visitou um amigo, Bartolomeu Anacleto, que ao saber que a região onde a indústria havia se instalado (Pedras de Fogo), pertenceu ao antigo engenho Maguary. Surgiu, então, a Indústrias Alimentícias Maguary Ltda.

Um amigo do empresário Clovis Nobrega Lima ajudou na montagem da companhia e passou a atuar na empresa até os Tavares de Melo a venderem.

Marcílio costumava dizer que cuidou da Maguary desde o primeiro dia no campo, mas insistia não foi fácil. Na década de 1950, não havia supermercados e a distribuição era feita por grandes atacadistas de gêneros alimentícios. Além da Paraíba, a família Tavares de Melo foi pioneira no setor de fruticultura também em Pernambuco, bem antes do polo irrigado de Petrolina.

Toda mercadoria era embarcada em navios e avarias eram expressivas. A primeira safra industrial da Maguary aconteceu em 1953, quando foram produzidos abacaxis em conversa dos tipos fatias e pedaços. A seguir, mais um irmão Tavares de Melo entrou na companhia, Silvio, que passou a atuar na área comercial.

O sucesso de vendas levou a diretoria da Maguary decidir por importar dos Estados Unidos equipamentos para industrialização de conservas de abacaxi e sucos de frutas. Em 1955, a produção de conversas foi duplicada e foi lançado o suco de abacaxi integral pasteurizado Maguary em garrafas, bem aceito no mercado.

MAGUARY HISTORICOS COMERCIAIS
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Animados com o sucesso, Marcílio, Clóvis e Silvio decidiram, em 1956, fazer outros lançamentos, os sucos de maracujá e caju. Além disso, foi instalada uma linha de conservação de leite de coco.

Graças a comunicação bem produzida, a Maguary criou o slogan "Maguary, Maguary é o Suco" que a tornou conhecida dos nordestinos e pelo rotulo azul. Isso aconteceu em 1980, quando foi ao ar a campanha “Maguary é o Suco” que fixou a imagem da marca. O slogan ainda é lembrado hoje em dia.

Marcílio especializou-se na cultura de abacaxi. A Fazenda Buracão, no município de Sapé, que ele cuidava pessoalmente, virou referência de avanço na tecnologia agrícola.

As primeiras exportações iniciaram-se já em 1957. A princípio, os produtos eram enviados para a Argentina e o Uruguai e, logo em seguida, para o mercado europeu, principalmente a Islândia. Entre 1956 a 1962, a Maguary exportou frutas frescas para diversos países, como Argentina - um dos maiores importadores-, Alemanha e Estados Unidos.

Devido à escassez do caju na região de Pedras de Fogo, os Tavares de Melo decidiram investir, em 1962, numa pequena fábrica na cidade de Bonito, Pernambuco, que viria a tornar-se o maior parque industrial da família. Até então, a cidade de Bonito era voltada para plantações de café.

Já como marca líder, a unidade de Bonito começou produzindo sucos de frutas engarrafadas, sucos concentrados de abacaxi e maracujá, jaca em conservas, castanha de caju, coco ralado e leite de coco, líquido da casca de castanha de caju, doces cristalizados e óleo e torta de coco. Em pouco tempo tornou-se líder no mercado de sucos engarrafados e a que oferecia a maior variedade de sabores. A fábrica da Paraíba foi desativada, tornando-se somente um projeto agrícola.

Mas em 1969 a Maguary virou marca de sorvete. Foi um marco no setor, que até então não tinha uma indústria desse tamanho, Silvio Tavares de Melo trouxe a ideia e junto com Marcílio adaptaram o maquinário e montaram, na Avenida Cruz Cabugá, aquela que se tonou a lendária fábrica de sorvetes Maguary.

No ano seguinte, o mais novo irmão do clã dos Tavares de Melo, Romildo, assumiu a parte industrial da empresa. Marcílio ficou com a distribuição, administrativa e financeira, Clóvis Hardman como comercial e Silvio dedicou-se apenas à parte de sucos.

Dez anos após a criação da fábrica de Bonito, em 1972, a Maguary chegava a Minas Gerais. A empresa chegou a adquirir uma propriedade agrícola onde plantava cerca de 80 hectares de maracujá.

Em 1976, em plena crise do petróleo, a Maguary tinha 65% do market share no Nordeste – vendia sorvetes do Espírito Santo à Belém.

Foi nesse ano quem a Kibon (que detinha ou outros 35% do mercado e comprava frutas da Maguary) propôs uma associação das duas empresas surgindo a maior empresa do setor no Nordeste a Maguary Kibon.

A sociedade durou até 1997 quando a Souza Cruz então dona da Kibon no Brasil comprou a parte da Kibon e os Tavares de Melo saíram do negócio. Em 2000, eles venderam os 50% que lhes pertenciam para a Unilever. Marcílio voltou a cuidar de outros negócios dos Tavares de Melo.

Em março de 2009, a Ebba dona da marca Da Fruta comprou a marca Maguary da Kraft, retomando o controle de uma empresa que pertenceu aos Tavares de Melo até 1984. Em 2015, a fabricante de bebidas britânica Britvic comprou a Ebba, dona das marcas Maguary e Dafruta e um conglomerado pertencente à família Tavares de Melo.

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