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Com Carrefour, marcas icônicas no Nordeste (Bompreço) e no Sul (BIG) tendem a desaparecer

Assim como, no Nordeste, Bompreço virou substantivo que designa supermercados, na Região Sul fazer compras de alimentos quer dizer ir ao BIG.

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JC

Publicado em 24/03/2021 às 12:40 | Atualizado em 24/03/2021 às 16:43
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Criações dos empresários João Carlos Paes Mendonça, com o Bompreço, e de Joaquim Oliveira, da rede gaúcha de supermercados Real, após associação com o grupo português Sonae (no caso do BIG), as marcas Bompreço e BIG se tornaram icônicas nas duas regiões onde atuam, até serem compradas por sucessivos grupos finalizando, nesta manhã, com o Carrefour Brasil, que já avisou que pretende converter as 387 lojas para Atacadão e Carrefour Supermercados.

Assim como, no Nordeste, Bompreço virou substantivo que designa supermercados, na Região Sul fazer compras de alimentos quer dizer ir ao BIG. Mas as histórias dessas marcas no imaginário coletivo é tão presente que dificilmente deverá ser esquecida ou substituída pelas marcas do grupo francês por muito tempo.

Isso porque, ao longo dos 55 anos da marca Bompreço e dos 41 anos do BIG, essas empresas se incorporaram na sociedade onde estão presentes como sinônimo de inovação no setor de autosserviço, e pouca coisa foi acrescentada no formato, embora exista uma forte queixa dos consumidores da ausência de um acionista controlador, com quem eles possam se identificar e relacionar diretamente.

É importante lembrar que o Bompreço foi o maior responsável por todas as grandes inovações no varejo moderno no Norte e Nordeste, isso quando a companhia era controlada pelo João Carlos Paes Mendonça, cujo grupo (JCPM) tem 86 anos de atuação no setor.

Do supermercado ao hipermercado. Do cartão de crédito de loja (Hipercard) ao pioneiro clube de fidelização (Bom Clube), a marca se fixou no inconsciente coletivo, que a despeito das mudanças de controladores, nunca deixou de ser um referencial no setor.

No comunicado desta manhã, a companhia já avisou que espera converter parte das lojas Big e BIG Bompreço para as bandeiras Atacadão ou Sam’s Club, que o grupo passa a administrar no Brasil. Ou seja, a tendência é que as marcas do BIG e do Bompreço sejam substituídas ao longo dos próximos meses.

A venda para o Carrefour acontece depois de exatas 200 semanas em que o fundo Advent International e o Walmart fecharam uma operação para que o veículo financeiro desse “uma geral” nas duas redes muito maltratadas pelo gigante americano que, em 2018, se cansou de perder dinheiro no Brasil e decidiu sair.

Foi no dia 4 de junho que a Walmart informou que vendeu a participação de 80% nas operações no Brasil para o Advent Internacional, uma empresa de private equity, abandonando um negócio de fraco desempenho em seu terceiro maior acordo internacional no ano, e também saiu da Argentina.

Na verdade, o Walmart Brasil chegou a anunciar, em 2016, que iria converter suas bandeiras de hipermercados Big e Hiper Bompreço para Walmart Supercenter, mas em 2018 decidiu sair do Brasil.

Entretanto, o problema do Walmart quando ele comprou as operações das redes para acelerar o crescimento no País, foi que ele não entendeu que no Brasil ele seria sobrenome.

Nunca poderiam chegar e implantar sua cultura de autosserviço americano com as marcas no Nordeste (Bompreço) e no Sul (BIG). Por 28 anos, eles tentaram e perderam dinheiro.

O Grupo BIG é a terceira maior rede de supermercados no País e, com a compra, o Carrefour passa a liderar o segmento ultrapassando o GPA, que recentemente se apartou da rede Assaí numa IPO que tornou a rede de Atacarejo independente.

Parece claro que o Carrefour não quer fazer mais nenhum experimento e deve partir mesmo para colocar suas marcas nas lojas. No caso dos atacarejos, fortalecer sua posição no Atacadão contra o Assaí. Além disso, fortalece suas operações no Nordeste onde vem crescendo organicamente.

Para o Advent, o negócio parece ter sido um marco na sua expansão em operações de private equity. O fundo já investiu em 57 empresas no Brasil, num total de R$ 16 bilhões.

O Walmart era a maior empresa do grupo em faturamento e parece claro que vender o BIG Bompreço por R$ 7,5 bilhões parece ter sido um bom negócio depois de 1.400 dias de investimento.

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