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Com domínio dos fatos, Paulo Câmara procura saída política para crise gerada na passeata contra Bolsonaro

Desde sábado que Paulo Câmara conversa com assessores e o secretário Antonio de Pádua sobre a operação da PMPE no Centro do Recife. Mas se mantém em silêncio.

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Fernando Castilho

Publicado em 01/06/2021 às 13:45 | Atualizado em 01/06/2021 às 14:16
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Informado de todos os detalhes da operação da Polícia Militar que resultou na repressão à passeata contra Jair Bolsonaro, na manhã do último sábado (29), o governador de Pernambuco, Paulo Câmara discute com assessores e a vice-governadora, Luciana Santos, como encaminhar uma solução política que não passe a imagem de que a PMPE agiu por conta própria, num alinhamento com o Governo Bolsonaro. E nem que, como governador, não esteve informado dos fatos, o que revelaria um total desinteresse por um problema grave em uma ação equivocada da Polícia Militar.

Depois de quatro dias do fato, é difícil imaginar que Paulo Câmara, como governador e Chefe de Executivo, não tenha agora todo o detalhamento da operação, quais os personagens envolvidos e - muito menos - qual foi a cadeia de comando da operação. Mas a questão permanece a mesma: Como se posicionar em definitivo?

Hoje pela manhã, ele enviou o secretário de Defesa Social, Antonio de Pádua, para explicar o evento aos deputados. Isso quer dizer que as informações saíram do domínio do Executivo para serem compartilhadas com o Legislativo.

Mas a questão central persiste: Quem foram os responsáveis pelas ordens e qual deve ser a punição? Até porque desta vez houve dano pessoal a duas pessoas, além de danos políticos que ainda não estão dimensionados.

De certa forma, Paulo Câmara está numa situação semelhante a de Jair Bolsonaro em relação à uma punição a Eduardo Pazzuello.

Afinal, se é verdade que ele, Paulo Câmara, não sabia quem estava no comando da operação, o secretário Antonio de Pádua é o primeiro na linha de comando. Mas o secretário de SDS vai pagar a conta junto com os militares envolvidos?

Não será tão simples despachar Pádua como Eduardo Campos despachou o, também policial federal, Wilson Damásio, após um comentário misógino contra a jornalista Fabiana Moraes. Dessa vez, teve feridos com danos físicos graves. O governador sabe que tem nas mãos o mais grave problema de seus dois governos.

Numa situação normal, o governador demitiria o secretário da SDS depois que ele determinasse as punições à soldadesca. Mas a julgar pela gravidade do incidente e a dimensão nacional que tomou, ele tem uma margem muito estreita para atuar sem se desgastar ainda mais.

No fundo, o governador - que já se pronunciou informando que não estava informado - precisa tomar decisões que não podem se resumir em punições administrativas burocráticas.

O problema é que esse espaço está entre o secretário de Defesa Social - que vem tendo um trabalho elogiado - e os vários coronéis da Polícia Militar que estavam no centro de operações. Na prática, vai do Comandante Geral da PMPE aos titulares do Bope, Rádio Patrulha, Comando da Capital entre outros.

É gente demais sabendo de uma operação desastrada que o Governador terá que punir. O que pode explicar o seu injustificável silêncio.

Mas ele sabe que, em algum momento, terá que se pronunciar como Chefe do Executivo e responsável final pela operação da Polícia Militar e Polícia Civil reunidos na SDS.

O problema é que o governador está demorando demais.

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