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Brasil caminha para ter, em agosto, 10% de sua população contaminada pelo coronavírus e... 600 mil mortos

Brasil chegou à assustadora marca de 500 mil mortes (500.868) nesse sábado, 19 de junho. Ou à constrangedora média de 1.077 mortes desde o dia em que foi registrado o primeiro óbito no País

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Fernando Castilho

Publicado em 21/06/2021 às 7:00 | Atualizado em 21/06/2021 às 11:05
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O Brasil caminha para contaminar 10% de sua população estimada, pelo IBGE, em 220 milhões. Serão 22 milhões de pessoas e, se utilizada a média dos últimos sete dias (78.868), chegaremos a esse triste número no dia 11 de agosto.

Como nos meses de julho e agosto há a expectativa de ampliação da vacinação, é possível que esse espaço de 57 dias seja estendido. O Brasil, angustiado, tem esperanças de que o crescimento do número não se arraste indefinidamente, o que sabemos que não vai acontecer.

Os 17.881.045 casos que o País registrou no mesmo dia em que chegamos a meio milhão de mortes nos dá uma assustadora média de 39.735 desde que o coronavírus chegou ao Brasil, em 12 de março de 2020. Portanto, há 465 dias, quando morreu o primeiro brasileiro iniciando nossa convivência com o coronavírus.

O Brasil chegou à assustadora marca de 500 mil mortes (500.868) neste sábado, 19 de junho. Ou à constrangedora média de 1.077 mortes por dia desde que foi registrado o primeiro óbito.

Dentro dessa tragédia social e humana, se mantida a média da última semana, a marca de 0,03% de mortes (660 mil) em relação a toda população brasileira deverá ser computada em 4 de setembro. Antes, no dia 6 de agosto, poderemos estar chorando a morte de 600 mil brasileiros.

Tomara que essa data se alongue por muito mais dias.

Os números são assustadores: 10% de toda a população brasileira contaminada e 0,03% de mortes. Mas existe um outro número tão grave quanto os dois anteriores. A marca de, aproximadamente, 6.600.000 de brasileiros que precisaram - até agora - ser internados e que conseguiram vencer a covid-19 depois de passar por emergências, salas vermelhas e UTIs.

Esse número pode ser marcado como a necessidade de que, ao menos, 3% de brasileiros precisaram de um hospital. Com o detalhe de que uma internação numa UTI, custa caro e exige atenção em tempo integral de, ao menos 8 pessoas, em média.

Todos esse cenário materializado em números frios traduzem-se numa palavra: gente. E é aí que eles assumem o nome de tragédia, sofrimento e dor.

E o mais grave é que essa será uma tragédia que já foi vivida, e continuará a ser vivida, nos próximos meses todos os dias.

Vamos ter quer sofrer mais todos esses dias até que a vacinação consiga derrubar - além do número de contaminados - e pressionar o percentual de mortes.

Tudo isso custou, custa e custará muito caro. O Brasil não tem receita para pagar tamanha conta de saúde que vai continuar a crescer, pressionando o Sistema Único de Saúde por vários anos.

Não podemos esquecer. Tratar a covid-19 custa muito caro. E nós ainda estamos perdendo dinheiro com tratamento que não tem serventia, pressionando as despesas das pessoas que passaram a comparar remédios por motivos ideológicos.

Curiosamente, para milhões de pessoas, comprar cloroquina virou um gesto político de apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

E isso abre uma discussão muito séria sobre como chegaremos ao final do ano. É importante observar que os Estados Unidos estão voltando ao normal depois de ter queda abrupta de contaminados, com o diferencial de testagem maciça de quase toda a população, o que no Brasil não acontece.

Testar, testar, testar tem sido a marca de países que conseguiram reduzir taxas de contaminação e mortes. Naturalmente, com as medidas de distanciamento, máscaras e limpeza das mãos.

No Brasil, é importante observar: houve queda de 40% nas vendas de álcool gel nas farmácias.

Em mais de 15 meses, a despeito do enorme esforço da Imprensa, está perdendo a batalha da comunicação.

E isso tem a ver com o posicionamento de autoridades do Governo. A começar pelo presidente, que faz uma conta completamente equivocada de que por termos vacinado mais de 60 milhões de brasileiros, já podemos deixar de usar máscaras.

Bom, o presidente Jair Bolsonaro não é um bom exemplo de liderança e responsabilidade com seus governados.

Mas o pacote de números acima descritos só revela o longo caminho que a população brasileira vai ter que percorrer, ao menos até dezembro, quando o Ministério da Saúde espera poder chegar à marca de 70% com as duas doses.

O problema é que o Brasil já está relativizando as mortes da covid-19. O risco é parar de não ver nisso a maior tragédia brasileira em mais de 500 anos de história.

Aí importa pouco se serão 500 mil, 600 mil, 660 mil ou 1 milhão.

Evidenciar esses números é importante para que o cidadão, eleitor contribuinte, não perca a capacidade de se indignar. Os 500 mil mortos não merecem isso.

Não podemos deixar de nos indignar.

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