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Pode não parecer, mas carne de boi está mais barata. A queda no preço só não chegou para você

Com exceção do traseiro, todos os preços de partes do boi estão com tendência de baixa, embora, ainda estejam maiores que um ano atrás

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Fernando Castilho

Publicado em 18/10/2021 às 14:49 | Atualizado em 18/10/2021 às 16:31
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Quarenta dias após o Brasil suspender, voluntariamente, as exportações de carne para a China devido a constatação de um caso atípico de doença da vaca louca (quando não há contaminação e a doença ocorre de maneira espontânea e isolada), os preços da carne de boi tiveram uma queda de 12.37%, no campo, passando de R$ 304.45 para R$ 266,80, o preço da arrouba. Nessa sexta-feira, todos os preços de partes do boi - com exceção do traseiro - estão com tendência de baixa embora ainda estejam maiores que há um ano, por exemplo.

Os preços que mais baixaram foram os do quarto de boi dianteiro inteiro, que está cotado há R$ 14,15, por quilo. O preço da corte ponta de agulha, que é usado para a produção de charque, custa R$ 13,90, apenas R$ 0,10 a mais do que custava um ano atrás, quando as cotações não haviam subido tanto.

As exportações de carne bovina para a China foram suspensas no dia 3 de setembro na expectativa de que o Governo chinês, rapidamente, autorizasse a retomada das exportações. Mas até esta segunda feira, 18, isso não aconteceu.

Com isso, as parte de bois cobrados pelos frigoríficos no mercado interno já começaram a baixar.  Entretanto, a baixa dos preços ainda não foi sentida pelos consumidores uma vez que existe um espaço de tempo entre o abate do boi e sua entrega nos açougues. Segundo o empresário Nelson Bezerra, presidente da Masterboi, esses preços já estão começando a chegar na ponta e devem ser percebidos a partir desta semana.

 

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Nelson Bezerra, presidente da Masterboi - FERNNADO CASTILHO

Os primeiros cortes a baixar foram os da carne dianteira e parte de ponta de agulha. Mas, segundo os sites de analise de produtos agrícolas, todas as partes comercializadas pelos frigoríficos no mercado interno estão com tendência de baixa.

No site da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), que registras as cotações nos pontos de vendas no atacado, está registrado uma forte tendência desde o dia 21 de setembro quando chegou a R$ 312,25. A arrouba, iniciando uma forte queda, nessa sexta-feira baixou a cotação para R$ 266,80. Há 60 dias, a arrouba do boi chegou a ser cotada em 321.50.

Como a proteção das exportações já dura mais de 40 dias e existe a ameaça de não voltar a acontecer ainda em 2021, pode se reduzir drasticamente as exportações em aproximadamente US$ 4 bilhões por ano (R$ 21,8 bilhões).

Caso a suspensão das exportações para a China sejam mantidas até o final do ano, como alguns funcionários do Governo já admitem em privado, o volume de abate será reduzido. A maioria dos frigoríficos concentrou suas exportações para a China e o volume de carne exportado não tem como ser absorvido pelo mercado interno.

Desta forma, a primeira repercussão foi a de reduzir o abate e baixar os preços especialmente nas partes dianteiras e a seguir nos cortes de traseiro.

A única consequência boa desta suspensão forçada é que o boi no campo tende a engordar e melhorar a idade média do rebanho, que ainda está se recuperando do forte abate em 2015 e 2016.

Apesar da participação dominante do Brasil de 40% nas importações de carne bovina pela China, os preços não mudaram de forma geral até esta segunda, e alguns importadores ainda estavam em busca de negócios.

Os importadores chineses de carne bovina disseram nesta segunda que a suspensão das exportações do Brasil, seu principal fornecedor, não teve impacto imediato no mercado, com alguns ainda fazendo compras em antecipação a uma rápida retomada do comércio.

De acordo com a consultoria Safras & Mercado, o dia 15 de outubro foi marcado por novas quedas da arroba no mercado físico brasileiro. Em São Paulo, capital, o preço foi de R$ 272 para R$ 270 por arroba, a modalidade a prazo.

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O Brasil é hoje o maior exportador de proteína animal do mundo - FERNNADO CASTILHO

Segundo a consultoria, os preços também recuaram no atacado e já há notícias de frigoríficos ofertando parte de seu estoque que seria vendido à China para o mercado doméstico.

Também de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), entre janeiro e julho deste ano, os embarques de carne bovina do Brasil para a China alcançaram 490 mil toneladas e geraram vendas de US$ 2,5 bilhões (R$ 13,6 bilhões), um aumento de 8,6% e 13,8%, respectivamente, em comparação com o mesmo período do ano passado.

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