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Mansueto não quis ser o Joaquim Levy de Bolsonaro e disse ao Centrão que está muito bem no BTG Pactual

Mansueto Almeida fez o que qualquer profissional sério faria, até porque saiu da equipe de Guedes por discordar do encaminhamento de sua proposta de ajuste das contas dos estados

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Fernando Castilho

Publicado em 25/10/2021 às 10:50 | Atualizado em 25/10/2021 às 11:32
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Paulo Guedes estava viajando e o grupo político se reuniu com Jair Bolsonaro para queimar o ministro da Economia. Fizeram a cama do economista de Chicago e saíram da reunião certos de que o presidente iria demiti-lo.

E como não existe vácuo de poder, alguns mais apressados foram a São Paulo conversar com o ex-secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida.

No lugar que qualquer economista sonha, o cargo de Economista Chefe do BTG Pactual, Almeida, que fez carreira no setor público e é autor de um respeitado plano de ajuste das contas dos estados, que hoje dorme nas gavetas do Congresso, ouviu a entusiasmada sondagem e não se comprometeu com nada.

Os deputados não tinham deixado o estacionamento do prédio onde o economista dá expediente quando ele falou com Paulo Guedes e contou a conversa.

Almeida fez o que qualquer profissional sério faria. Até porque saiu da equipe de Guedes por discordar do encaminhamento de sua proposta de ajuste das contas dos estados, que Guedes não defendeu.

Mas porque ainda está na sua memória o que aconteceu com Joaquim Levy, que aceitou ser ministro da Fazenda de Dilma em 1º de janeiro de 2015 e saiu no dia 18 de dezembro do mesmo ano.

Importante dizer que quando Joaquim Levy foi apresentado como futuro ministro da Fazenda em 27 de novembro de 2014, também teve o apoio quase irrestrito do mercado financeiro, que depositou no novo ministro toda a esperança de ajuste nas contas públicas e redução do déficit fiscal.

 

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Joaquim Levy foi ministro de Dilma e presidente do BNDES e nos dois cargos foi demitido por discirdancia dos seus chefes com sua atuação. - DIVULGAÇÃO

 “Chicago Boy” como Paulo Guedes, ele assumiu a Fazenda com fortes críticas sobre o patrimonialismo e as políticas setoriais. Levy, é formado em engenharia naval, mas tem doutorado na Universidade de Chicago, foi secretário do Tesouro Nacional, como Mansueto, no governo Lula, integrando a equipe montada pelo então ministro da Fazenda Antônio Palocci.

O problema é que na crise que antecedeu o impeachment de Dilma, isso foi esquecido e ele acabou saindo por críticas do próprio PT, quando a crise que estava contratada começou a se efetivar.

A presidenta Dilma Rousseff decidiu tirar Joaquim Levy do Ministério da Fazenda e substituí-lo pelo atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, nome indicado pela base do PT no Congresso.

Mansueto acompanhou esse movimento de perto e viu que o mesmo Congresso que o incensa na hora do convite, é o que fala mal do ministro quando ele está fraco ou fora do Brasil.

Ele voltaria a se reencontrar com Levy, já no Governo Bolsonaro, quando assumiu presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

E novamente foi demitido, depois do presidente Jair Bolsonaro ter afirmado a jornalistas que Joaquim Levy estava com a "cabeça a prêmio". O presidente estava numa caminhada num sábado quando disse “Eu já estou por aqui com o Levy. Falei para ele: 'Demita esse cara na segunda-feira ou demito você sem passar pelo Paulo Guedes”.

Mansueto deixou o Governo no melhor momento de sua carreira de servidor público. No começo de 2020, quando disse que estava saindo, Paulo Guedes havia manifestado o desejo de nomeá-lo diretor-executivo do Conselho Fiscal da República, colegiado a ser criado pela PEC do Pacto Federativo.

Mas a crise da pandemia do novo coronavírus acabou atrasando a tramitação de propostas estruturais no Congresso Nacional que ele gostaria de ajudar a fazer, e depois da quarentena aceitou ser Economista Chefe do PTG Pactual.

Conhecedor dos problemas da política de país em crise, Mansueto preferiu ser cortês com o ex-chefe, revelando honestidade de caráter. E vazar a informação ao colunista Lauro Jardim, para explicar por que Guedes tinha cometido o ato falho de chamar Esteves Colnago, que foi ex-ministro do Planejamento, de André Esteves.

Carolina Antunes
Jair Bolsonaro e Paulo Guedes juntos no Ministério da Economia - Carolina Antunes

 

Quando Guedes afirmou que "André Esteves" [empresário do banco BTG Pactual] iria assumir o Tesouro; depois, ao tentar se corrigir, falou "André Colnago", para enfim dizer "Esteves Colnago", estava dizendo aos deputados que sabia da conversa ocorrida com Mansueto Almeida quando ele estava fora do Brasil.

Joaquim Levy pode ainda ter expectativas de poder ajudar o Brasil depois das pancadas que levou. Mansueto sabe que pode ser ministro da Economia noutra oportunidade. 

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