Sindicatos de servidores programam eventos para forçar Estado e prefeituras a repor perdas na pandemia da covid-19
O movimento é para forçar que prefeitos e governadores "devolvam" uma parte dos ganhos que todos eles tiveram com a proibição dos reajustes decretada pelo presidente Jair Bolsonaro, uma das poucas leis que nenhum dirigente contestou
Vai ser radical. Depois de dois anos amargando uma perda salarial decorrente da crise de receitas provocada pela parada na economia durante a pandemia da covid-19, as centrais sindicais de servidores públicos, além dos sindicatos municipais, programam uma série de atos, passeatas e greve “por tempo indeterminado”.
O movimento é para forçar que prefeitos e governadores "devolvam" uma parte dos ganhos que todos eles tiveram com a proibição dos reajustes decretada pelo presidente Jair Bolsonaro, uma das poucas leis que nenhum dirigente contestou.
Nesta quarta-feira, depois de apenas uma reunião com a prefeitura, o Sindicato dos Servidores Municipais do Recife decretou uma greve por tempo indeterminado, na primeira grande reação contra a gestão do prefeito João Campos.
O prefeito João Campos, por sua vez, tentou reduzir o impacto anunciado o pagamento de um bônus para os professores, mas além da greve, o Sindsepre programa para esta sexta-feira (29) uma grande mobilização na Câmara Municipal, rejeitando qualquer proposta da PCR que não cubra a defasagem da inflação. A prefeitura até agora ofereceu apenas 1,02%.
A manifestação dos servidores da Prefeitura do Recife, que fora surpreendida com a aprovação em tempos recorde pela Câmara do Recife do novo plano de previdência da PCR, deve crescer depois que a gestão anunciou que vai contratar uma empresa para gerir o regime de previdência dos servidores, mesmo com o Reciprev tendo uma estrutura própria.
O Reciprev cuida da previdência da Prefeitura e a intenção da prefeitura é terceirizar a gestão. Os sindicatos acham que não faz sentido e prometem reagir.
A programação de atos, passeatas e greve dos servidores dos municípios está fundamentada da ideia de que Estados e municípios recompuseram suas receitas e podem pagar as correções.
Na ultima terça-feira, os Policiais Civis de Pernambucano realizaram uma manifestação pelas ruas do Recife. O ato, que teve concentração na sede do SINPOL-PE, no bairro de Santo Amaro, reivindicou reajuste salarial e valorização das funções da categoria e tentativa de sensibilizar o governo, de discutir com a categoria. Segundo o presidente do Sinpol, Rafael Cavalcanti, o atual cenário financeiro de Pernambuco é o melhor desde 2008.
É uma situação curiosa, pois além dos estados, os prefeitos estão também com mais dinheiro. No mês de junho, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) recebeu questionamentos de prefeitos e demais gestores municipais sobre o inusitado crescimento do Fundo de Participação dos Municípios (FMP), como a última transferência, superior em mais de 100% em relação a 2020 e a maior desde 2003.
Segundo a CNM, essa surpresa se deu pelo bom desempenho da arrecadação do Imposto de Renda (IR), a estimativa é de que o adicional viabilizado pela Emenda Constitucional do repasse extra do 1º do FPM – entrará nas contas das prefeituras aproximadamente R$ 4,9 bilhões.