Após uma série de grande hotéis fechados pelo Brasil, o icônico Maksoud Plaza, em São Paulo, encerra atividades
Glória, no Rio; Monte Hotel, em Salvador; Miramar, no Recife; e Tambaú, em João Pessoa, foram alguns dos que fecharam nos últimos anos. O Maksoud Plaza é uma joia da hotelaria brasileira pelo que representou no setor, o que representou para a arquitetura de São Paulo
A covid-19 fez mais uma vítima na economia. Desta vez, foi um dos símbolos da hotelaria no Brasil, o icônico Maksoud Plaza, em São Paulo, que encerrou oficialmente suas atividades nesta terça-feira (07).
O espaço — que esteve no auge nos anos 1980 e 1990, recebendo celebridades nacionais e internacionais, como Frank Sinatra — continuará a existir, mas apenas como uma marca.
O problema é que o hotel, que já estava em crise há muitos anos e se encontrava em Recuperação Judicial desde o ano passado com uma divida de R$ 81 milhões, foi atingido pela crise da pandemia do covid-19 e não conseguiu cumprir os compromisso.
O hotel é uma joia da hotelaria brasileira pelo que representou no setor, para a arquitetura de São Paulo e para a mística do turismo de luxo que o fez sonho de consumo de milhares de pessoas.
Ele era também a expressão de um arrojo empresarial de um dos líderes da construção civil no Brasil, Henry Maksoud, que com sua companhia, a Hidroserve, revolucionou o setor nas décadas de 70 e 80.
O complexo nas proximidades da Avenida Paulista era uma espécie de cartão de visitas do grupo para as conquistas de obras públicas e serviços de saneamento.
Ele também foi um grande publisher, tendo criado a revista Visão, que foi uma das mais importantes porta vozes do setor e chegou a ter várias outras publicações dedicadas ao demais segmento, como saúde, educação e agropecuária.
Nesta terça-feira, um comunicado da empresa HM Hotéis e sua controladora (Hidroservice Engenharia) afirma que novidades e novos empreendimentos serão anunciados “em breve”, sem trazer detalhes.
Além disso, não é informado o destino do espaço físico do hotel, localizado na Rua São Carlos do Pinhal, conhecido pela fachada colorida, os elevadores panorâmicos e a vista do centro expandido paulistano. Na nota, foram lembrados que mais de 3 milhões de pessoas se hospedaram em seus 416 quartos.
Segundo o comunicado, clientes com reservas agendadas serão “imediatamente” reembolsados. No local, também havia um centro de eventos, teatro, algumas lojas, restaurante e bares, incluindo o premiado Frank Bar.
O hotel foi uma das principais referências em luxo e hospedagem cinco estrelas no País desde a inauguração, em 1979. Nas primeiras décadas, hospedou nomes conhecidos nacional e internacionalmente, como Margareth Thatcher, integrantes dos Rolling Stones, Ray Charles, Catherine Deneuve e Pedro Almodóvar, dentre outros.
Nos últimos meses, o hotel já não tinha o glamour das primeiras décadas e oferecia hospedagens a preços mais acessíveis à classe média. Mas era o preferido de centenas de pessoas para fazer selfies no seu espaço interno.
O fechamento do Maksoud Plaza não foi um fato isolado. Nos últimos anos, vários outros ícones da hotelaria fecharam suas portas. Outro foi o Hotel Glória, no Rio de Janeiro.
HOTEL GLORIA DO RIO
O Hotel Glória foi um hotel de luxo localizado na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Glória. Ele foi construído no local do antigo palacete do empreendedor inglês John Russel (o pioneiro dos serviços de saneamento na cidade do Rio de Janeiro).
Em 2008, após 86 anos de atividade e 50 anos como propriedade da família de Eduardo Tapajós, o hotel foi vendido ao empresário Eike Batista por R$ 80 milhões com a promessa de restaurá-lo. Mas Eike nunca concluiu o projeto.
O grupo árabe recebeu o Hotel Glória em 2016 como parte da reestruturação da dívida de US$ 2 bilhões do empresário com o Mubadala, dono de US$ 229 bilhões em ativos.
Naquela época, as obras no hotel já estavam paradas havia três anos, como consequência da derrocada financeira do Grupo X.
Este ano, o Hotel Glória foi vendido ao grupo Opportunity, de Daniel e Verônica Dantas, e será restaurado e retrofitado para transformar-se num luxuoso prédio de apartamentos.
O grupo gere um fundo imobiliário de grande sucesso e rentabilidade, que especialistas do mercado financeiro creditam à mente do executivo Dório Ferman. O hotel, que é tombado pelo Patrimônio Histórico, completa 100 anos em 2022.
RECIFE PERDEU O MIRAMAR
No Recife, a crise do setor de hotelaria fechou o Recife Monte Hotel. Ele foi um dos primeiros hotéis cinco estrelas do Recife, que no começo se chamava Miramar, referência do luxo nos anos 1970/1980
A partir deste ano, ele foi destruído para se transformar em empreendimento da Moura Dubeux. No local será erguido duas torres conjugadas em torno de 20 andares, no formato condomínio fechado que abrigará apartamentos de 135 m2, com três suítes e duas garagens.
Em julho de 2017, o Recife Monte Hotel, fechou as portas. Com 45 anos de funcionamento, o hotel cinco estrelas, já recebeu diversos nomes famosos nacionais e até internacionais, em passagem por Pernambuco.
Ofertado ao mercado em setembro do ano passado, as torres Mimi e Léo Monte, que vão substituir o Recife Monte Hotel, tiveram todas as 92 unidades e mais uma loja comercializados em apenas seis dias.
O empreendimento da Moura Dubeux será construído em regime de condomínio fechado. A rápida procura pelos apartamentos mostra o apetite do mercado por novos imóveis em Boa Viagem.
SALVADOR PRAIA HOTEL
Outro hotel que virou edifício residencial foi o antigo Salvador Praia Hotel. Por 35 anos, a Avenida Oceânica, em Ondina, foi o endereço do turismo de luxo.
Antes de fechar, nos anos 2000, o hotel era muito frequentado por turistas de vários lugares do Brasil e do mundo. Os quartos da frente do empreendimento luxuoso tinham vista para a Avenida Oceânica. Já dos quartos da parte de trás do prédio, era possível ver a praia de Ondina.
Com térreo e sete andares, o hotel era um ponto de luxo na capital baiana, mas foi desativado em 2009. Nos dez anos seguintes, era usado apenas como camarote no disputado Carnaval de Salvador. No espaço, a Moura Dubeux está desenvolvendo o empreendimento o Beach Class Rio Vermelho.
HOTEL TAMBAÚ EM JOÃO PESSOA
O Hotel Tambaú de João Pessoa, ícone do setor de hotelaria do Nordeste e segundo hotel mais lembrado do Brasil, perdendo apenas para o Copacabana Palace, vai reabrir em outubro próximo.
Atualmente fechado e em estado de degradação, ele voltará funcionar antes do no final do ano quando o Grupo A Gaspar, que adquiriu na última quinta-feira num leilão público, pretende concluir o retrofit do equipamento e atualização de suas 172 unidades.
O grupo norte-rio-grandense se propôs a apagar R$ 40,6 milhões pelo edifício projetado pelo arquiteto Sérgio Bermudes e vai investir outros R$ 60 milhões de modo a transformá-lo num equipamento cinco estrelas sem modificar as linhas arquitetônicas do hotel construído em 1970 já com uma série de itens de acessibilidade.
Considerado o cartão postal de João Pessoa e do Estado da Paraíba, o hotel orgulha-se em ser referência quando o assunto é turismo de lazer e negócios. Em qualquer lugar que se menciona João Pessoa, todos se referem àquele hotel que parece um disco voador pousando no mar de Tambaú.
Sob comando da empresa da Varig, ele passou a ser Tropical Hotel Tambaú e tornou-se referência na cidade.