Para equipe, Paulo Câmara deve concluir mandato e celebrar entrega de pacote de obras em 2022
Estado encaminhou o primeiro pedido de crédito novo de grande porte: R$ 700 milhões. Faz tempo que o governo não escreve tanto edital de obra. Independentemente de contrapartida da União
Cresce dentro do Governo de Pernambuco a tese de o governador Paulo Câmara entregar as chaves do Estado ao eleito em outubro próximo. Senador, ele não será, como informa o presidente do PSB, Carlos Siqueira, entendendo que a vaga na disputa de outubro será moeda de troca de apoio ao candidato do partido ao governo. Disputar uma das 25 vagas na Câmara não motiva. Faz sentido.
Assessores que fazem conta financeira e os que fazem conta política traçam um cenário interessante. Indo em busca de uma vaga na Câmara para ser “mais um”, o governador vira uma gravidez tubária no partido, correndo o risco de fazer abortar várias candidaturas de correligionários do PSB.
São pessoas que o ajudaram na construção de emendas de bancada. Seria injusto com eles. Até porque na disputa estarão velhas raposas tanto no seu campo como no da oposição.
Paulo Câmara foi, certamente, o governador de Pernambuco que mais sofreu como gestor. Escolhido por Eduardo Campos, precisou enterrar seu amigo e padrinho político antes da eleição. Ganhou, mas herdou um deserto de recursos, por força da crise de 2014 e 2016 e pelo espólio de dívidas que Eduardo Campos contraiu para, junto com os recursos do Estado e ajuda do presidente Lula, fazer Pernambuco crescer em ritmo de China.
Ele nunca se queixou disso. Por seis anos, pagou os compromissos financeiros e ainda viu o desafeto Michel Temer lhe tirar o direito de voltar a tomar crédito no segundo mandato, com a mudança da classificação da capacidade de pagamento.
Em 2018, começou o caminho da melhora da performance financeira. Se, amanhã, o STF não lhe pregar uma peça no julgamento do ICMS das contas de energia, poderá fazer o Estado se habitar a ser Capag A.
Ou seja: De “em recuperação”, passaria a ser o melhor aluno na sala de aula da Secretaria Nacional do Tesouro -STN.
Amanhã, o STF retoma o julgamento do ICMS das contas de energia e telecomunicações. Se não houver modulação retroativa das alíquotas, o Estado de Pernambuco poderá colocar a previsão no novo PPA e a perda de arrecadação de R$ 875 milhões, por ano.
No começo do mês, o secretário da Fazenda, Décio Padilha, encaminhou o primeiro pedido de crédito novo de grande porte: R$ 700 milhões. Faz tempo que o governo não escreve tanto edital de obra. Independentemente de contrapartida da União.
Se não houver recrudescimento da pandemia com a nova variante, no primeiro quadrimestre de 2022, o novo PPA para 2024, 2025, 2026 e 2027 terá a expectativa que Jarbas Vasconcelos entregou para Eduardo Campos de um governo de obras.
Paulo Câmara sabe que, num eventual governo de oposição, dificilmente voltaria para o edifício sede do TCE, na Rua da Aurora, para onde entrou por concurso. Por isso quer “curtir” a entrega de estrada no interior, como faz amanhã.
Ainda lhe restam exatos 385 dias de alegria.