Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Seca do RS e cheia na Bahia já impactam safras de arroz e feijão em 2022. Preços devem subir

Nesse cenário, o preço do arroz em casca – que no dia 10 de janeiro registrou o menor patamar nominal desde 23 de junho de 2020 – passou a subir, fechando a R$ 62,54/saca de 50 kg

Fernando Castilho
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Publicado em 19/01/2022 às 11:45
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ALAGOU Em municípios da Bahia e de Minas, chuvas fortes prejudicaram cerca de 80% da safra de feijão e milho - FOTO: DIVULGAÇÃO
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As altíssimas temperaturas registradas no Sul do Brasil e as fortes chuvas no Sudeste começam a prejudicar a supersafra de 290 milhões de toneladas projetada para este ano.

Os desafios se iniciam pela região Sul coma falta de chuvas, mas com o calor intenso e estiagens fortes afetaram o plantio e a evolução das lavouras de milho, de soja e principalmente arroz. Os gaúchos respondem por 70% da produção nacional e mais da metade das lavouras do estado são irrigadas.

No Rio Grande do Sul, o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, afirma que a seca tem afetado a qualidade das lavouras de arroz no início do plantio. Além dos riscos de perda na produção, agricultores estão preocupados com os baixos preços do produto.

O ciclo do grão dura, em média, 100 dias, caso falte água durante esse processo, a planta pode ter perdas de até 100%, explica o produtor rural Adislau Silveira.

Ano passado, o estado plantou quase 946 mil hectares do cereal. Para essa safra, a estimativa do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) é de uma redução de pelo menos 10% da área cultivada.

A seca influi também na produção de arroz, devido à redução de água nos reservatórios das propriedades. O estado é o maior produtor nacional deste cereal, com potencial de 8,1 milhões e toneladas.

A estiagem no Rio Grande do Sul afeta também a irrigação nas áreas de arroz, disse a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).

“Em regiões como a central, rios que abastecem as lavouras já estão com baixo nível ou até secaram. A situação é parecida também em locais na Fronteira Oeste e Campanha”, disse a entidade em nota.

Mas o calor afeta, ainda, pastagens, produção de leite e até as plantações de frutas. Na avaliação de Paulo Pires, presidente da FecoAgro (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul), 2022 inicia de forma melancólica e perspectivas de aumento de preços.

Esta semana os compradores de arroz em casca estiveram mais ativos no mercado nos últimos dias, inclusive elevando os valores ofertados pelo cereal, devido à necessidade de repor estoques. Agentes de tradings também estiveram interessados em novas negociações para exportação.

Nesse cenário, o preço do arroz em casca – que no dia 10 de janeiro registrou o menor patamar nominal desde 23 de junho de 2020 – passou a subir, fechando a R$ 62,54/saca de 50 kg nessa terça-feira, 18, 07% acima do observado.

Os preços do arroz em casca, entretanto vêm se mantendo na casa dos R$ 62 a saca de 60 quilos desde 30 de novembro de 2021.

Segundo colaboradores do Cepea, a pouca oscilação em um período relativamente longo pode ser indicativo de que os valores chegaram ao patamar mínimo aceitável por vendedores.

ÁGUA DEMAIS NO FEIJÃO

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As chuvas da Bahia já impactam na produção de feijão na região de Irecê na Bahia - Divulgação

Já no feijão, o quadro de chuvas excessivas também está preocupando os maiores produtores de feijão.
As enchentes na região de Minas Gerais, na cabeceira do rio São Francisco, provocaram enchentes também no norte da Bahia.

As perdas nas lavouras de feijão e milho, segundo produtores, chegam a 80% da safra. O povoado de Bem Bom, no município de Casa Nova, vive duas situações extremas.

No ano passado, o Brasil atingiu o maior volume de exportação de feijão da história. Segundo o Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe). Entre janeiro e novembro de 2021, o país embarcou mais de 200 mil toneladas do produto e faturou US$ 1 bilhão.

Segundo o presidente da entidade, Marcelo Lüders, o resultado é fruto da aposta dos produtores em novas cultivares. “O Brasil exportou mais de 12 variedades diferentes”, explica. “Tudo isso começou em 2010, quando nós da iniciativa privada começamos esse movimento”, conta.

O consumo que já foi de 21 quilos por habitante na década de 1970 vem caindo ao longo dos últimos 40 anos. No ano passado, teve um leve aumento, passando para 14,3 quilos porque as pessoas ficaram mais em casa devido à pandemia, mas neste ano já voltou à média de 13 quilos.

Para Lüders, a expectativa é continuar crescimento, especialmente com o envolvimento da Apex-Brasil e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “É importante deixar claro que o consumidor brasileiro não pagou mais caro pelo feijão no supermercado, mesmo com a exportação”, conclui.

A variedade escolhida por Karly foi a base da exportação de feijão brasileira, que atingiu o recorde de 200 mil toneladas de janeiro a novembro deste ano, sendo 74 mil toneladas do tipo mungo, com uma receita total de US$ 188 mil ou R$ 1,05 bilhão. Em todo o ano passado, foram embarcadas 177,4 mil toneladas.

Tradicionalmente, o Brasil exporta muito pouco feijão porque pelo menos 60% da produção das cerca de 3 milhões de toneladas anuais colhidas em três safras são do tipo carioca, que só é consumido no Brasil.

O Ibrafe faz campanha pelo aumento de produção do feijão exportável há alguns anos.

No ano passado a instituição fechou acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para promover a leguminosa brasileira em oito países: Emirados Árabes Unidos, Chile, Cingapura, Coréia do Sul, Costa Rica, Estados Unidos, Filipinas e Índia. A meta é elevar as exportações para 500 mil toneladas até 2025.

Além disso, outros países exportadores como os Estados Unidos reduziram a produção e o consumidor no mundo está se voltando cada vez mais para os alimentos naturais, como os pulses, categoria em que entram feijão, ervilha, grão-de-bico e lentilha.

 

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