Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Nova referência no mercado de reparos navais, Atlântico Sul agora quer fazer plataformas de eólicas no mar

Meta da CEO da companhia, Nicole Mattar Haddad é que o EAS dispute o novo mercado de plataformas offshore de usinas eólicas previstas para o Nordeste.

Fernando Castilho
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Publicado em 13/02/2022 às 7:00
ARNALDO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM
O Estaleiro Atlântico Sul tem novo nicho no reparo das embarcações e deseja vender parte de área fisica. - FOTO: ARNALDO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM
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O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) começou o ano de casa cheia. Na linguagem do setor naval, isso quer dizer que o sítio onde está instalado no Complexo Portuário de Suape tem tanto o dique como o seu cais, de 730 metros, ocupados com embarcações.

No caso do EAS, ao menos cinco navios e rebocadores foram reparados. Esse é um mercado que, segundo a CEO da companhia, Nicole Mattar Haddad, o EAS já se consolidou como um fornecedor de alta qualidade no Brasil, e que garante uma carteira de serviços para clientes nacionais e internacionais, deslocando para Pernambuco um mercado até então alocado no Rio de Janeiro, e fora do País, em função do parque de máquinas que abriga e pessoal especializado, gerando em Suape 500 empregos.

O Estaleiro Atlântico Sul S.A., foi criado em novembro de 2005 e tendo como sócios os grupos Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, a sul-coreana Samsung Heavy Industries (SHI) e a empresa PJMR, com objetivo ser a maior e mais moderna empresa do setor de construção naval e offshore do hemisfério Sul. Em fevereiro de 2020 a empresa entrou em Recuperação Judicial. 

José Paulo Lacerda
Estaleiro Atlântico Sul localizado no Porto de Suape. - José Paulo Lacerda

Quando começou a funcionar,  ele se tornou um marco na revitalização da indústria naval no Brasil, é resultado de investimentos de R$ 1,8 bilhão e tem capacidade instalada de processamento da ordem de 160 mil toneladas de aço por ano.

Tecnicamente, ela pode produzir todos os tipos de navios cargueiros de até 500 mil toneladas de porte bruto (TPB), além de plataformas offshore dos tipos semissubmersível, FPSO (Unidades Flutuantes de Produção e Armazenamento offshore), TLP (Plataformas de Pernas Atirantadas) e SPAR, entre outras. É um dos mais bem equipados da América Latina e tem um dos dois maiores diques do mercado no Brasil.

Desde outubro de 2020 ele está sob o comando de uma mulher, Nicole Mattar Haddad, a primeira à frente de sua direção.

Nicole tem mais de 15 anos de experiência no setor e iniciou sua trajetória no próprio EAS em 2014, como diretora Jurídica. Seu desempenho nas complicadas negociações que resultaram no pedido de Recuperação Judicial a levaram a presidência em agosto de 2019, após a entrega da última encomenda da Transpetro.

Ela é mestre em direito comercial pela USP e especialista em negociações avançadas pela Harvard Institute of Negotiation, atuou na área de fusões, aquisições e reestruturação de empresas no Brasil e exterior.

Sua chegada e a retomada das operações do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, contribuiu para animar o resultado da produção industrial de Pernambuco em março, na comparação com igual mês do ano passado.

Já em 2020, a taxa de crescimento de 7% no período foi puxada pelo setor de equipamentos de transporte, ancorado pelo estaleiro, que avançou 39,5%.

Haddad costuma lembrar que quando chegou na companhia, localizada em Suape, o EAS tinha 20 funcionários e nenhum cliente. Ela que veio para cuidar da aprovação do pedido de Recuperação Judicial, finalmente aprovado em junho, quando já tinha quatro navios sendo reparados.

Pedro Ferreira/Estúdio Lumix
Nicole Mattar Haddad, CEO do Estaleiro Atlântico Sul - Pedro Ferreira/Estúdio Lumix

A CEO do EAS agora está “gastando a energia da equipe” noutros mercados, em especial, um que deve crescer no Brasil na área de energia eólica: a produção de fundações e torre para turbinas offshore.

“Sim, estamos nos preparando e já temos parceiros internacionais em negociação”. Isso quer dizer que, com a aprovação pela Aneel da instalação de parques eólicos dentro do mar, uma nova demanda vai surgir no Nordeste e o EAS quer estar dentro dele.

O segmento de produtos para a nova maneira de produzir energia anima a equipe da executiva. É que em termos de equipamentos, caldeiraria, usina de norte e soldagem e instalações industriais o EAS está num altíssimo nível de competitividade.

Faz sentido. Durante sua palestra no Brazil Windpower no fial de 2021, o Head of Market Development & News Market Entry – Global Offshore da gigante Vestas, Carsten Hallund Slot previu que O Brasil será pioneiro na implementação da tecnologia offshore na América Latina. A partir disso, os outros países da região terão o Brasil como caso de sucesso.

No mês passado o presidente jari Bolsonaro assinou o decreto que regulamenta empreendimento para geração de energia elétrica por meio de fontes eólicas em águas interiores e no mar, chamada de energia offshore. A autorização para geração de energia elétrica offshore será autorizada pelo Ministério de Minas e Energia.
A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) analisa os pedidos de autorização para instalação de duas usinas eólicas offshore no Ceará, mas tende a aguardar o amadurecimento de uma regulação específica para o setor, o que deve acontecer neste semestre.

De certa forma o EAS já mira o setor de eólica. “No segmento de torres”, admite a executiva que gerencia a Recuperação Judicial do estaleiro, “nós já estamos disputando contratos. O que estamos mirando é o mercado offshore que está nascendo no Brasil.”

Mas ela sabe que quando a contratação de torres para gerar energia no litoral do Nordeste os gigantes internacionais vão chegar. Determinada ela acredita que a condição de estaleiro e experiência em produtos náuticos pode nos colocar num bom nível tecnológico para disputar a fabricação desses novos produtos”, acredita.

Nicole Mattar tem dois anos para fazer o EAS sair da RJ. Ela acredita que pode conseguir. Mas quer fazer isso entregando uma companhia com perspectiva de ser competitiva e fazer novos negócios.

“Voltamos a ligar para os nossos ex-soldadores e estamos resgatando-os. Agora, estamos ligando para novos clientes e oferecendo um pacote de serviços depois que o EAS uma referência no setor de reparos navais. Por não ser uma referência em offshore? pergunta.

Quem conhece a determinação de Haddad e a liderança que adquiriu no Atlântico Sul não tem dúvidas que ela vai conseguir.

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parques eólicos dentro do mar, uma nova demanda vai surgir no Nordeste e o EAS quer estar dentro dele. - DIVULGAÇÃO

 

 

 

 

 

 

 

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