Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Responsável por 'mar de empregos' em Pernambuco, Estaleiro Atlântico Sul reduz prejuízo e planeja futuro em Suape

O balanço de 2021 mostra que, apesar das dificuldades, a companhia voltou a ter geração de caixa capaz de fazê-la começar antecipação de pagamentos a seus credores

Fernando Castilho
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Publicado em 06/04/2022 às 19:00
ARNALDO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM
O Estaleiro Atlântico Sul tem novo nicho no reparo das embarcações e deseja vender parte de área fisica. - FOTO: ARNALDO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM
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No ano passado, o Estaleiro Atlântico Sul S.A. reduziu seu prejuízo em quase 90% (89, 4%) saindo dos R$ 317,2 milhões em 2020 para R$ 33,3 milhões.

Foi o resultado de sua volta ao mercado como importante fornecedor de serviços de reparos navais e da redução de sua dívida que lhe permitiram fazer antecipações de R$ 30 milhões aos credores, conforme balanço publicado nessa terça-feira (5).

Em Recuperação Judicial desde 2020, o EAS tem prazo até 2023 para que não seja mais considerado em RJ. A empresa fechou o exercício de 2021 tendo como marco a reestruturação da dívida em R$ 1.398,9 bilhão, o que lhe permitiu ganhos com pagamentos de taxas de juros menores.

O estaleiro obteve geração de receitas de R$ 65,4 milhões com serviços que lhe possibilitaram uma geração de caixa liquida de R$ 26,6 milhões.

O Estaleiro Atlântico Sul é uma companhia dos grupos Queiroz Galvão e Camargo Correia (50% das ações cada) que construíram uma planta no distrito de Suape para a produção de navios de grande porte numa área de 1.600 hectares.

 FERNANDO CASTILHO/ESPECIAL PARA O JC
Suape, primeiro navio feito no Estaleiro Atlântico Sul. - FERNANDO CASTILHO/ESPECIAL PARA O JC

 

Ali, está um dos maiores diques navais do Brasil, capaz de abrigar navios de até um milhão de toneladas de porte bruto.

Ela possui, além de toda uma mega infraestrutura de produção naval 4.0 e que lhe permite atuar em praticamente todo o segmento naval, dois guindastes Golia capazes de levantar 1.500 toneladas cada e até 2.800 quando combinados.

A empresa entrou em recuperação judicial em 2020 e, no ano passado, conseguiu fechar seu Plano de Recuperação Judicial ancorado em três eixos: redução da dívida global; venda de ativos como Unidades de Produção Independente e retomada operacional.

O foco é o retorno ao mercado de reparos navais, nicho que o Brasil tem grande carência. Em dois anos, a companhia virou referencia no setor.

No ano passado, o EAS fez serviços em, ao menos, onze navios e rebocadores, e atualmente acumula carteira de contratos de serviços que lhe permite ocupar sua área de produção a seco, dique e mais o cais naval. O EAS tem hoje aproximadamente 500 funcionários, mas já chegou a empregar 11 mil pessoas, no período entre 2007 e 2014, quando Pernambuco chegou a ser apontado como um Estado em situação de quase pleno emprego (quando a taxa de desemprego fica entre 3% e 6%).

O balanço de 2021, segundo a Superintendente Nicole Mattar, mostra esse esforço e a disposição da companhia de se reerguer.

Quando começou suas atividades, em 2008, ela entregou 15 navios tanqueiros e duas plataformas de petróleo, mas nos últimos sete anos sofre com a crise da economia brasileira iniciada em 2015 e que a levou a paralisar suas atividades.

O balanço de 2021 mostra que, apesar das dificuldades, a companhia voltou a ter geração de caixa capaz de fazê-la começar antecipação de pagamentos a seus credores. No final no ano, ela pagou R$ 30 milhões a eles.

Nicole Mattar anuncia que fará nova antecipação, cumprindo o cronograma do PPJ que prevê pagamentos aos credores nos meses de março e setembro.

Pedro Ferreira/Estúdio Lumix
Nicole Mattar Haddad é a CEO do Estaleiro Atlântico Sul. - Pedro Ferreira/Estúdio Lumix

Segundo a superintendente do EAS, a companhia, além de serviços de reparos navais, trabalha no desenvolvimento de novos negócios, entre eles construção de plataformas de sustentação para torres eólicas offshore - com quem está conversando sobre parcerias.

O Brasil que ainda depende da finalização da legislação para o novo setor  já tem hoje anunciado a construção de parque eólico no total de 106 GW, o que demandará uma grande quantidade de plataformas para sua fixação ao longo das costa de ao menos sete estados, três deles (PI, RN e CE) no Nordeste.

 

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