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João Campos promete investir R$ 1,6 bilhão até 2024, mas precisa conseguir autorização para pedir empréstimo

O Recife é uma cidade que praticamente não tem endividamento. Sua Dívida Pública Consolidada é de R$ 2.31 para um orçamento de R$ 6.21 bilhões.

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Fernando Castilho

Publicado em 11/04/2022 às 11:50 | Atualizado em 11/04/2022 às 12:38
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Vida difícil a do prefeito sem verba para construir avenida, viaduto, hospital e escola nova. Não é fácil chegar na reunião com secretários e não poder cobrar agilidade na obra mirando o dia da inauguração.

Mais difícil é não poder desenhar um programa de investimento que permita colocar placa prometendo a inauguração em breve.

O prefeito João Campos vive essa situação. Na semana passada, ele apresentou o que chamou de Mapa da Estratégia - Recife na Rota do Futuro - e do Plano Estratégico do Recife 2021-2024, onde programa um investimento de R$ 1,6 bilhão nos próximos três anos.

O desafio de João Campos não é pequeno. Sem capacidade de contratar empréstimo devido às limitações junto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN), ele trabalha para obter a chamada Capag B ainda este ano.

Segundo ele, sua gestão trabalhará em torno da execução de 97 programas que reúnem 406 iniciativas estratégicas que devem colocar o Recife em um outro patamar de desenvolvimento sustentável, econômico e humano.

Fotografias - Rodolfo Loepert/ PCR Imagem
João Campos, realizou vistoria nos serviços de limpeza dos canais da cidade, especificamente no Canal Marcos Freire/Riacho Camaragibe, situado na Caxangá. - Fotografias - Rodolfo Loepert/ PCR Imagem

Ele acredita que a partir da implementação dessas ações, a administração municipal pretende alcançar 104 metas que devem proporcionar uma mudança efetiva na qualidade de vida dos cidadãos e cidadãs recifenses.

O problema de João não é sua dúvida atual. Ou mesmo o comprometimento das despesas de pessoal. Mas a insuficiência em poupança líquida. Sua secretária de Finanças, Maíra Fischer, acredita que irá conseguir ainda em 2022 a Capag B. Se conseguir, o prefeito terá mais chances de marcar sua administração.

João Campos começou o mandato com enorme expectativa. Achava que poderia ter um programa de obras que lhe dessa visibilidade. O seu antecessor tinha fechado um empréstimo de R$ 200 milhões e só tinha usado a primeira parcela, de R$ 50 milhões.

Também tinha deixado o saldo de um empréstimo junto ao Banco do Brasil que lhe permitiu entregar o Hospital do Idoso. Mas fora disso, precisava contar com suas receitas.

O Recife é uma cidade que praticamente não tem endividamento. Sua despesa com amortização é de apenas R$ 158 milhões. Sua Dívida Pública Consolidada é de R$ 2.31 bilhões para um orçamento de R$ 6.21 bilhões. Ou seja, o Recife pode se endividar e pensar em grandes projetos. Mas terá que conseguir a chamada Capag B.

O Recife não é uma cidade que arrecada pouco com IPTU e ISS. No ano passado, a PCR arrecadou R$ 694,9 milhões apenas com o IPTU. E cresceu 16,14% acima do estimado.

No caso do ISS, sua performance foi ainda melhor, chegando a R$ 949 milhões. Chegando a R$ 1 bilhão apenas com as chamadas “Impostos sobre a Produção, Circulação de Mercadorias e Serviços”, o primeiro ano de João na arrecadação foi muito bom.

Semana passada, o prefeito João Campos assinou contrato de financiamento pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Serão aproximadamente R$ 38 milhões investidos em desenvolvimento e aprimoramento, que vão fazer a atividade da Secretaria de Finanças (Sefin).

 

GUGA MATOS/JC IMAGEM
ANIMAÇÃO Acompanhadas dos pais e familiares, crianças se divertiram nos brinquedos espalhados pela via e também no polo circense - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Juntos, os dois tributos somam R$ 1,7 bilhão nos tributos ligados a patrimônio e serviços.

O problema é que não basta reduzir despesa e cortar na carne para conseguir aumentar a nossa capacidade de investimento. Vai precisar gerar poupança e obter recursos de porte para se apresentar.
O prefeito aproveitou a obrigação de enviar à Câmara Municipal a elaboração do Plano Plurianual (PPA 2022-2025) para criar um evento. De certa forma, o projeto Todos Pelo Recife chega para motivar e engajar os cidadãos.

O Mapa da Estratégia - Recife na Rota do Futuro – foi escrito mirando quatro dimensões estratégicas, sendo elas: Viver Bem, Viver a Cidade, Viver as Oportunidades e Gestão Integrada e Digital. Essas dimensões englobam o conjunto de 12 objetivos estratégicos.

O problema de João Campos é o "cacoete" do PSB de dizer que o Recife terá o valor do maior ciclo de investimentos da história.

Na sua boca, esse tipo de discurso fica parecendo Augusto Lucena com a famosa frase de "o Recife é a cidade mais iluminada do Brasil" e que a Avenida Caxangá "é a maior avenida em linha reta do Brasil".

Mas é um coisa impressionante. Semana passada, ele disse que estava entregando uma das maiores obras de contenção de encostas da história da cidade. A obra beneficiava 100 famílias. Outro dia, ele disse que inaugurava a maior escola pública municipal do Recife.

Se ele faz isso com esse tipo de obra, vai dizer o que se conseguir alavancar R$ 1 bilhão para investimento?

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