Qualquer pernambucano que more do Sertão do São Francisco e se refira à Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, saberá que a sigla Codevasf está associada diretamente à força política da família Coelho.
Seus integrantes praticamente fundaram e ajudaram estruturar a companhia desde a década de 70 e nomearam, por décadas, os seus presidentes. Mas isso foi até o início do Centrão no Governo Bolsonaro e mais ainda até quando o senador Fernando Bezerra Coelho foi líder do governo no Senado.
Fora do grupo de apoio ao governo, o grupo Coelho está conhecendo o que é estar fora do paraíso governamental durante décadas, embora ainda tenha correligionários na empresa.
Mas tem sido difícil para a superintendência de Petrolina por onde, até o final do ano passado, FBC mandava na empresa e ajudava no que fosse necessária à sua querida Petrolina.
FBC ficou no governo até o final do ano passado e antes de deixar o cargo até a presença de ministros do governo no evento chamado de Jornada das Águas - realizado antes da derrota de FBC para uma das vagas no TCU – a Codevasf pagou a montagem do palco, gastando R$ 22 mil.
Segundo o Portal de Contratos da Codevasf, em 2021, a empresa mandou para Petrolina exatos R$ 59,67 milhões. Este ano, no deserto de verbas até o final de abril, foram minguados R$ 446 mil. Nos tempos de FBC no Governo federal, apenas R$ 4,46 milhões foram referentes aos serviços de apoio à fiscalização para execução das obras de engenharia, visando a implantação do Projeto de Irrigação Pontal - Área Norte, que tem o nome do tio do senador Deputado Osvaldo Coelho.
Em 2021, a situação era bem diferente e a Codevasf comprou para Petrolina 46 tratores dos 76 que a empresa mandou para Pernambuco. Também pagou a contratação de serviços de pavimentação em Petrolina, no valor de R$ 50,11 milhões.
Além de mais R$ 2,26 milhões para cuidar da vigilância do terreno de áreas do projeto Pontal. Em 2021. Na aquisição de 11 tratores agrícolas, tração 4 x 4, potência mínima de 75 cv. Ted 133/2020, a Codevasf informa que foram por recomendação do Senador Fernando Bezerra Coelho ao Ministério do Desenvolvimento Regional, e custaram R$ 1.012.418,00.
É importante observar que Pernambuco, no ano passado, celebrou com a Codevasf um total de 214 contratos, dos quais 50 foram apenas com o município de Petrolina, base do ministro e de sua família. Caruaru e Recife tiveram um e Jaboatão dos Guararapes não está listado. O Recife entra na lista porque a Superintendência Regional da Codevasf, no estado de Pernambuco, fez a aquisição de 71 (setenta e uma) retroescavadeiras sobre rodas, tração 4x4, da XCMG Brasil Indústria Ltda., ao custo de R$ 25.197.900,00.
O total dos principais contratos chega a R$ 450 milhões. Onde estão listados os 46 tratores mandados para o município do total de 145 enviadas para o Estado.
Nesses contratos, é possível identificar coisas curiosas como a compra de três caminhões compactadores de resíduos sólidos por R$ 959.100,00.
Estados como o Piauí, base do ministro Ciro Nogueira, que agora controla de Codevasf, tiveram melhor desempenho. Ano passado, foram 276 contratos e, este ano, até abril, 95. Alagoas, base do presidente da Câmara, Arthur Lira, este ano já celebrou 106 contratos. No ano passado foram 170.
Em dois anos, Codevasf gastou R$ 106 milhões com a compra de 850 tratores para oito estados do Nordeste
Empresa autorizou a compra de 850 tratores de 75KV distribuídos aos estados da Região com exceção do Ceará que recebeu duas retro-escavadeiras no ano passado.
Nos últimos dois anos, tempo em que o Centrão assumiu efetivamente sua participação do Governo Bolsonaro, a Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) tornou-se a maior contratante da compra de tratores no Nordeste deslocando aproximadamente R$ 106 milhões para a compra de 850 tratores de 75KV distribuídos aos estados da Região com exceção do Ceará que recebeu duas retro-escavadeiras no ano passado.
Nestes estados, o crescimento foi marcante pela presença de lideranças do Centrão e do Governo, como foi o caso do Piauí estado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira que recebeu 143 equipamentos 73 deles este ano, Alagoas terra do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira que recebeu 100 máquinas 53 delas este ano.
E Pernambuco, terra do ex-líder do Governo, Fernando Bezerra Coelho, que dos 117 equipamentos enviou 46 tratores para sua querida Petrolina cujo prefeito era Miguel Coelho, hoje candidato ao governo do Estado.
Os dados estão disponíveis no PORTAL DE CONTRATOS DA CODEVASF que relaciona todos os contratos de compra de material, equipamentos e serviço da estatal.
Mas a Bahia (o maior estado em área territorial e da própria Codevasf e que tem seu território cortado pelo Rio São Francisco) foi também a unidade da Região que recebeu mais equipamentos com a autorização de compra de 218 equipamentos, em dois anos, sendo que 157 deles receberam a ordem de compra neste ano.
Finalmente, o Rio Grande do Norte, terra do ex-ministro Rogério Marinho cuja pasta (Ministério do Desenvolvimento Regional), a Codevasf está subordinada recebeu 96 equipamentos 70 deles adquiridos de uma só vez no ano passado quando Marinho ainda estava na pasta.
É importante observar que a compra de tratores é uma rotina numa empresa de desenvolvimento rural. Mas chama a atenção o grande número de máquinas adquiridas e o fato de em sua grande maioria, ela foi feita por revendas de vários estados fora da Região algumas delas do estado de Goiás. Outra coisa é que, em grande parte, elas foram feitas pelo valor máximo de R$ 126 mil que é o preço de referencia.
O caso do Ceará é bem curioso em suas relações com a Codevasf. Este ano não existe processo da compra de nenhum trator por municípios do Estado embora no ano passado a Codevasf tenha adquiridas duas motoniveladoresas que são tratores bem maiores que os tratores preferidos pelos prefeitos.
Embora nem sempre as ordens de compras estejam relacionadas um detalhe chama atenção no Maranhão que recebeu da Codevasf 122 tratores. Em todas as ordens de compra é possível sabe a qual deputado a companhia esta atendendo. Os pedidos estão relacionados aos deputados que estão identificados já na ordem de compra.
Também é possível saber que algumas empresas tiveram a oportunidade vender sozinhas as maquinas como no caso do Piauí aonde a empresa DCJ Máquinas Agrícolas Ltda. Ela forneceu todas as máquinas adquiridas no estado do ministro Ciro Nogueira, numa delas 20 de uma só vez ao custo de 3,58 milhões.
E que alguns estados, como Pernambuco, os equipamentos podem custar menos como os 20 tratores agrícolas com potência mínima 75CV que custaram R$ 1,84 milhão a partir de uma emenda de bancada liderada pelo senador Jarbas Vasconcelos.
Ou de casos como o deputado Bira do Pindaré do PSB do Maranhão que destinou 6,3 milhões para compras na concessionária Duvel Distribuidora de Veículos e Pecas Ltda.
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