Paulo Câmara e ministros só veem tragédia que matou 35 de cima em sobrevoos de helicópteros
Nenhum deles cogitou, em nenhum momento, ver de perto os estragos e ouvir as queixas das famílias
Um comportamento padrão iguala as atitudes do governador Paulo Câmara às dos quatro ministros que o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Recife neste domingo (29) para uma “inspeção in loco” dos estragos da tragédia que já tirou a vida de 35 pessoas devido as fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife: a preferência por sobrevoos nas regiões atingidas.
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Nenhum deles cogitou, em nenhum momento, ver de perto os estragos e ouvir as queixas das famílias. Certamente por temer as reações e não terem respostas para tanta desatenção.
O padrão se repete com o governador Paulo Câmara que, excepcionalmente, neste sábado respondeu a perguntas para a TV no ambiente controlado do Palácio do Campo das Princesas.
Tem sido um comportamento padrão de nossas autoridades nesses tipos de eventos. Quem não se lembra das entrevistas coletivas por ocasião da pandemia do coronavírus onde a oferta de vídeos com respostas das autoridades quando a situação ficou mais crítica.
O prefeito João Campos, apenas na manhã des domingo (29) decidiu visitar algumas áreas atingidas. O prefeito João Campos, aliás se apressou na entrega de vídeos com respostas assépticas e inodoras. No sábado, João Campos preferiu a sala de controle da PCR.
O governador de Pernambuco só saiu do seu gabinete para fazer um sobrevoo às áreas atingidas. Porque com se pode ver no canal Modo Viagem, na plataforma Globoplay, “O mundo visto de cima” parece ser mais interessante. De qaulquer forma, com dia de sol deste Domingo, ainda dá tempo de ele visitar as cidades atingidas.
Não era esse o padrão dos nossos gestores no passado. Uma busca rápida nos arquivos oficiais pode-se constatar que rigorosamente em todas as tragédias é possivel constatar a presença de autoridades nos locais atingidos. Era um padrão de comportamento. No Recife e no Governo do Estado.
Nos últimos governos essa aversão ao enfrentamento de situações de crise virou um novo padrão. E a tragédia deste final de semana revela fotos dos dirigentes enfurnados sem seus gabinetes.
Governar é tomar atitudes. Ter gestos de empatia e coragem cívica de se colocar no lugar das vítimas. Cobra-se isso de administradores públicos embora nem sempre eles entreguem.
O caso dos ministros é igualmente emblemático.
No sábado à noite, o governo federal apressou em distribuir a informação de que os senhores ministros viriam a Recife aonde o Ministério do Desenvolvimento Regional “enviou uma equipe da Secretaria Nacional de Defesa Civil para orientar gestores e as Defesas Civis locais, inclusive, em relação à elaboração de Planos de Trabalho para agilizar a liberação de recursos federais. Os técnicos chegaram na Recife na manhã deste domingo.
É difícil imaginar no que o MDR quer dizer com a “elaboração de Planos de Trabalho para agilizar a liberação de recursos federais” quando existem manuais de procedimentos escritos, há décadas, sobre esse tipo de ajuda às cidades o que não quer dizer celeridade nas remessas.
Mas assim como no sobrevoo dos governador Paulo Câmara, foram distribuídas imagens dos ministros num helicóptero das Forças Armadas trajando o colete da Defesa Civil que, aliás, virou um vestuário padrão no atual governo.
O próprio presidente Jair Bolsonaro se apressou em afirmar que o Governo federal tem R$ 1 bilhão para serem liberado para catástrofes com a que a RMR teve. Mas ainda não se sabe quanto desse dinheiro poderá ser acessado.
O comportamento de autoridades nesse tipo de tragédia mostra apenas o distanciamento que o país passou a conviver e massificado com o uso das plataformas digitais que nossas autoridades passaram a se servir. longe dos cidadãos.
Criamos uma geração de personagens digitais só acessíveis presencialmente em ambientes controlados.
A nova realidade parece estar imitando a ficção como naquele filme “BladeRunner”, dirigido por Ridley Scott e estrelado por Harrison Ford, onde seres humanos artificiais, chamados replicantes, se apropriam da memória alheia.
Dificil.