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Banco Central prevê alta da Selic até véspera de eleição porque inflação continua subindo de forma generalizada

Resta saber se sabendo que a taxa de juros vai subir ao menos uma vez este ano, o Governo não vai pressionar o Banco Central

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Fernando Castilho

Publicado em 21/06/2022 às 15:30 | Atualizado em 21/06/2022 às 19:22
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Isolado na missão de combate à inflação, o Banco Central avisa, através da ata da última reunião do Conselho de Política Monetária, que “a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do País e políticas fiscais podem trazer um risco de alta para as expectativas de inflação.”

O Copom, como se sabe, aumentou a taxa básica de juros para 13,25% a.a. Entretanto, ao analisar os dados, optou por “sinalizar, um novo ajuste de igual ou menor magnitude”.

Isso significa dizer que o Brasil poderá ter, no mínimo, uma taxa básica próxima de 14% a.a (13,75%), após a reunião de agosto, e maior que 14% a.a., após a reunião marcada para 19 e 20 de setembro. Portanto, a poucos dias do primeiro turno da eleição.

Atas das reuniões do Copom costumam ser lidas palavra por palavra pelo mercado financeiro, porque quase sempre adiantam o que vem nos próximos meses em relação ao aumento das taxas de juros - especialmente quando define a Selic.

Por isso, quando esse mês a ata habitualmente curta veio com um arrazoado de 22 parágrafos analisando a conjuntura econômica e os cenários e análise de risco - todo mundo foi ver o que estava escrito.

E o resultado não é bom para o governo, porque o BC diz de uma forma educada que está sozinho no combate à inflação no meio de um “ambiente externo que seguiu se deteriorando, marcado por revisões negativas para o crescimento global e persistentes pressões inflacionárias”.

Dessa vez o Copom diz com todas as letras: a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, se mostrando mais persistente que o antecipado.

O mesmo documento também diz que as leituras [da inflação] recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto em componentes mais voláteis como naqueles mais associados à inflação subjacente.

O problema é que, como diz o documento, o crescimento de grandes economias tem sido revisado para baixo, tanto para este quanto para o próximo ano. E que os bancos centrais de países desenvolvidos e emergentes têm adotado uma postura mais contracionista em reação ao avanço da inflação.

No português mais simples: o que o BC está dizendo é que não espere redução de taxas de juros porque não pode se esperar redução de taxas de inflação. Já que não se pode esperar que a economia do mundo vá crescer.

Agora alguém está ouvindo alguém do Governo falar em alguma atitude para reduzir a inflação? Alguma atitude pra reduzir os gastos públicos? Ou alguma atitude do presidente preocupado com o crescimento dos preços?

O Governo conseguiu criar uma narrativa sobre a Petrobras como se isso não fosse com ele. Mesmo com a inflação a cada dia reduzindo mais o poder aquisitivo da população.

Resta saber se, sabendo que a taxa de juros vai subir ao menos uma vez este ano, o Governo não vai pressionar o Banco Central para adiar a reunião do Copom.

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