Agora que a gigante Maersk venceu o leilão para a compra de uma parte do terreno do Estaleiro Atlântico Sul, cabem centímetros de conversa sobre como vai ficar o layout do complexo portuário de Suape quando da implantação de um Terminal de Uso Privativo ao lado do dique seco do estaleiro, de modo a utilizar dois berços de atracação construídos para a planta de produção de embarcações.
Como se sabe, a implantação de um TUP conta com apoio do governo do Estado, que vê no equipamento uma possibilidade de redução dos preços cobrados pelo Tecon Suape, em função de um contrato que beneficia o próprio governo no recebimento de taxas.
Mas existe uma questão importante relacionada ao próprio desenho do porto, que ao lado do EAS opera o Tecon Suape e reservou área para outro, de modo que o TUP da Maersk não foi planejado para nenhuma dessas áreas.
De certa forma, pode-se dizer que o TUP da Maersk será uma gambiarra dentro do porto organizado, o que impactará nas operações, inclusive, a dragagem dos berços para supernavios porta contêineres que o governo de Pernambuco se dispõe a pagar.
E isso tem a ver com a segunda revisão do Plano Diretor de Suape, que gestores do complexo contrataram consultoria à Ceplan com data de entrega em março de 2023 (portanto, já novo governo).
Diante do fato novo, a consultoria vai inseri-lo no conceito do próprio complexo. Ou seja, justificar técnica e conceitualmente a inclusão do novo equipamento dentro do desenho global do porto e sua retro área.
O layout de Suape já foi redesenhado numa atualização durante o governo Eduardo Campos, quando da instalação do próprio estaleiro que ancoraria um cluster naval com outras plantas, como se deu com o Estaleiro Atlântico Sul e Promar, ao seu lado, e da Refinaria Abreu e Lima, da antiga Petroquímica Suape (hoje Alpek), além de sua plataforma de acesso a granéis líquidos.
Depois de 12 anos, a consultoria terá que adicionar fora da área poligonal do porto organizado a ilha de Cocaia, terminal de minérios e o novo TUP.
Caso a Maersk estivesse programada para o espaço reservado ao segundo Tecon, seria apenas a ocupação de um espaço onde o complexo já fez investimentos para dragagem. Mas no caso do TUP, o desafio da consultoria será justificar um ‘puxadinho’.
Se do ponto de vista político do governo, o TUP se justifica pela perspectiva de redução de custos, (embora a diferença de Suape seja de R$ 405 por contêiner a Pecém (CE), sobre um frete de US$ 9 mil), a questão do contrato do Tecon em 2030 virou um complicador.
Como a operação do TUP só deve acontecer em 2025, devido às necessidades legais e de adaptação da área do EAS, isso quer dizer que - sem uma renovação da concessão - a sua área estaria condenada ao vazio.
Ou o governo precisaria abrir uma nova licitação.
Isso deve abrir um novo cenário, com a disputa de um Tecon com obrigações de estar num porto organizado e com um TUP operado diretamente pela maior companhia de logística do mundo e que atuará dentro de um estratégia global de verticalização de operações.
Com o fechamento do Vard-Promar (hoje Fincantieri), o governo de Pernambuco programa colocar também em parte do seu terreno uma planta de geração de hidrogênio verde, com investimento do grupo Qair, da França, que tem operações em 16 países.
O problema é que, ao contrário dos controladores do EAS, que comemoram a venda de parte do seu terreno, os italianos da Fincantieri não aceitaram entregar o terreno que adquiriram e judicializaram o processo, colocando mais uma questão a ser resolvida.
O Plano Diretor de Suape terá que abordar a questão do terminal de minérios previsto na Ferrovia Transnordestina, depois que o Grupo Bemisa, dono da mina, se comprometeu a fazer chegar a Suape o mineiro extraído em Curral Novo, no Piauí.
Finalmente, existe a questão do terminal de granéis líquidos, cuja capacidade de ampliação está limitada a 80 mil m3 e que não teve investimentos nos últimos oito anos. O terminal de granéis é a segunda receita de Suape, mas sua operação atual está no limite de segurança.
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