Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Disponibilidade de abate na Masterboi abre novas perspectivas para pecuária de corte no Nordeste

A chegada da Masterboi na região de Canhotinho já provocou movimentos de empresários dos dois estados na ampliação de suas criações

Fernando Castilho
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Publicado em 15/08/2022 às 19:40 | Atualizado em 16/08/2022 às 8:52
FOTOS: ALUÍSIO MOREIRA/SEI
FRIGORÍFICO Masterboi vai começar abatendo 100 animais/dia e desossando peças das outras duas plantas - FOTO: FOTOS: ALUÍSIO MOREIRA/SEI
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Com um investimento de aproximadamente R$ 150 milhões numa planta capaz de abater até 700 animais/dia, a inauguração do novo frigorífico do Grupo Masterboi, em Canhotinho, abre uma nova perspectiva para a pecuária de corte na região do Agreste de Pernambuco e divisa com Alagoas. Nesta área os rebanhos somam quase 2,6 milhões de cabeças e podem agora viabilizar um novo negócio em nível industrial.

De fato, a aposta da empresa liderada pelo empresário Nelson Bezerra é que a disponibilidade de um abatedouro com selo SIF provoque nos produtores dos dois estados um movimento de abrigo de vacas e novilhas, bem além da proposta de melhoramento genético - adotada por criadores mais profissionalizados nos dois estados, ampliando ampliam seus rebanhos para plantel de corte direcionado ao mercado industrial.

“Nós sabemos que hoje não tem boi na região que sustente nossas necessidades'', admite Bezerra, que tirou do caixa da companhia, com faturamento anual de R$ 3,2 bilhões, o dinheiro para fazer o novo frigorífico. “Mas vai ter!” Acredita.

“Digo isso porque também sabemos que já existe um movimento de criadores de Alagoas e Pernambuco no sentido de ampliar o plantel para destinar ao nosso frigorifico”, completa.

Fernando Castilho
Nelson Bezerra presidnete do Grupo Mastrboi - Fernando Castilho

MOVIMENTO DE EMPRESÁRIOS

Bezerra não fala apenas com sua crença de empreendedor que saiu de um boxe de corte de carne no Mercado de Afogados para comandar uma empresa que hoje abate 1400 bois em duas plantas na Região Norte e exporta para 40 países.

A chegada da Masterboi na região de Canhotinho já provocou movimentos de empresários dos dois estados na ampliação de suas criações.

A Masterboi vai começar abatendo 100 animais/dia e desossando peças das outras duas plantas de modo a ampliar a linha de produtos ao mercado regional, embora já tenha condições sanitárias para exportar.

Mas Bezerra aposta que esse número tende a crescer pela perspectiva de viabilizar uma nova atividade econômica numa região que já tem tradição em pecuária, inclusive leite, e que deve ampliar sua criação.

A oferta de um abatedouro industrial “Sifado” ajuda muito qualquer região com vocação de agropecuária de corte. O empresário Eduardo Henrique, superintendente da Alimonda S.A. e também criador, já abriga 600 vacas numa fazenda da região e que devem virar 3 mil para serem vendidas para criadores ampliarem suas criações visando o abate.

Criadores de Alagoas já começaram a oferecer animais para a planta de Canhotinho antes mesmo da construção começar.

Fotos: Aluísio Moreira/SEI
Planta do Frigorifico Masterboi - Fotos: Aluísio Moreira/SEI
CAPACIDADE DE INDUÇÃO

O diretor comercial da Masterboi, Miguel Zaidam, revela que a experiência da companhia nesse tipo de empreendedorismo ajuda. Nas duas plantas do Pará e Tocantins, a forma de atuação da Masterboi fez os produtores crescerem. “Não temos por que não acreditar que não vai acontecer aqui no nosso Estado”, adverte.

Zaidam não está sozinho. Empresários como Jorge Petribú, líder do Grupo Petribu, que atua no setor sucroalcooleiro, acreditam que a planta da Masterboi tem o potencial de trazer a criação para áreas onde a cana-de-açúcar se tornou inviável pelos custos nas áreas de morros. Ele observa que a pecuária de corte é uma opção real com o frigorífico.

Miguel Zaidam acha que a rede de estradas faz com que criadores de áreas mais distantes passem a fornecer animais para a planta de Canhotinho. “Se você observar que no Pará e Tocantins as estradas são de terra, no Nordeste essa dificuldade se reduz muito em termos de raio de ação para um criador enviar seus animais para o abate aqui”, analisa.

Pernambucano de Caruaru, Nelson Bezerra está realizando um sonho antigo de ter uma planta industrial no seu Estado. Na inauguração ele se emocionou ao falar da realização de um sonho de empresário que deseja ser ator do desenvolvimento no seu Estado. E ele vê um outro negócio possível com suínos e caprinos.

Ao formatar o layout da sua quarta indústria (a Masterboi também processa a produção de charque e carne de sol no Recife), ele agregou uma linha de abate industrial para porco e carneiro na planta.

“No nicho de porco vamos surpreender”, avisa. “Os preços e as novas linhagem estão fazendo Pernambuco e Alagoas abrigarem novas criações. Esse animal criado com ração vai ter um grande potencial não só em Pernambuco, mas noutros estados. O brasileiro está comendo mais carne de porco, revela a demanda na sua empresa de distribuição de carnes, que foi a origem do grupo Masterboi.

Bezerra quer aproveitar um movimento que ocorre em vários municípios nordestinos, que apostam numa atividade que se consolidou no Sul e Sudeste, a partir de todo um novo padrão genético suíno cujo ciclo de produção é de até 120 dias abrigado em instalações adequadas.

SHOWROOM DA COMPANHIA

A planta de Canhotinho deve virar uma espécie de “showroom” do Grupo Masterboi, que hoje precisa levar clientes potenciais para o Pará e Tocantins para conferir seu padrão.

A 180 quilômetros do Recife, ela abriga o que tem de melhor em termos de equipamento, abrigo de animais de modo não os estressar e tratamento de efluentes integralmente destinado à fertirrigação que é adotado em todas as suas plantas.

A proposta da indústria é que o gado seja levado ao curral, tome banho para esfriar a viagem e, conforme o Programa de Autocontrole da Masterboi, fique em dieta hídrica de no mínimo oito horas antes de ser abatido. Um sistema de encaminhamento leva o animal para o abate evitando stress, o que contribui para a qualidade da carne e pode até dobrar sua vida útil nas prateleiras.

O abate de cada animal consome em média 600 litros de água. Mas a proposta é que ela tenha mais vida útil. Funciona assim: Depois de usada, a água desce para a Estação de Tratamento de Efluentes (ETF), onde recebe o tratamento físico-químico com flotadores (equipamentos que separam as impurezas), e daí segue para o tratamento microbiológico, em seis lagoas revestidas com geomembranas.

O processo de tratamento com uso da gravidade é inovador, mas o sistema de tratamento da água já é usado na planta do Pará e garante um índice de purificação de 98%, com aprovação da Agência de Meio Ambiente de Pernambuco (CPRH), atendendo às normativas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Depois de purificada, a água estará pronta para a fertirrigação, técnica aplicada na Masterboi Pará.

FERNNADO CASTILHO
O Governador Pauçlo Câmata inagurou as novas onstações da Masterboi - FERNNADO CASTILHO


No seu discurso de inauguração, Nelson Bezerra falou de sua trajetória de empresário onde aprendeu cedo que o diferencial de uma empresa é fazer o cliente se sentir atendido nas suas necessidades.

Isso, segundo ele, começou há 22 anos quando sua microempresa passou a distribuir as peças de carne nos açougues antes que os donos chegassem porque eles confiavam as chaves de suas instalações para que, de madrugada, ele fizesse as entregas.

"A Masterboi cresceu assim: conquistando a confiança do cliente todo dia". Com essa crença não parece impossível que Bezerra convença a centenas de criadores a fazer o Nordeste criar e abater seu boi na própria Região de maneira profissional na produção de proteína animal.

Fotos: Aluísio Moreira/SEI
Paulo Camara decerra a aplaca de ianuguração do Marterboi Ganhotinho - Fotos: Aluísio Moreira/SEI

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