Quando, no dia 15 de março de 2019, o gigante espanhol Aena levou o bloco do Nordeste no leilão de aeroportos oferecendo R$ 1,9 bilhão pela concessão - o que corresponde a um ágio de 1.010,69% ante a contribuição mínima inicial estipulada para este bloco que era de apenas R$ 171 milhões - pouca gente entendeu o movimento. Na disputa no viva-voz, houve competição entre os espanhóis e a Zurich Airport para ver quem levaria o bloco.
Entretanto, na época o que chamou a atenção no comunicado da empresa foi que ela comemorava o fato de poder administrar um pacote de terminais que representava 6,5% de todo o trafego aéreo brasileiro. Um dado que os próprios brasileiros não se referiam.
Nesta quinta-feira os espanhóis voltaram à carga e arremataram o bloco de aeroportos SP-MS-PA-MG por R$ 2,45 bilhões, um ágio de 231% em relação à outorga mínima estabelecida no edital, de R$ 740,1 milhões. O grupo espanhol já opera seis aeroportos no País.
Os aeroportos adquiridos nesta quinta-feira pela empresa somam aproximadamente 12% do total do tráfego de passageiros do mercado brasileiro. Com os 6,5% dos que já controla isso quer dizer que a Aena vai tomar conta de quase 20% de todo o negócio brasileiro.
Obras noa Aeroproto INternacional do Recife - DIVULGAÇÃO
O que parece claro é que a despeito do Governo Bolsonaro não estar elogiando muito a presença de pais da Europa na nossa economia os espanhóis (como os francesas) continuam muito interessados no Brasil.
O bloco SP-MS-PA-MG é composto pelos aeroportos de Congonhas, em São Paulo; Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul; Santarém, Marabá, Parauapebas e Altamira, no Pará; e Uberlândia, Uberaba e Montes Claros, em Minas Gerais.
E quando os concorrentes desistiram, pareceu que a espanhola iria adquirir o bloco por algum valor próximo ao preço mínimo. Mas pelo tamanho do lance, agora parece claro que a maior companhia de administração de aeroporto da Europa tem um interesse muito especial com o Brasil.
No Nordeste eles já demonstram que essa é uma região diferenciada onde a companhia pode escalar. Para começar este ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, em cofinanciamento com o Banco do Nordeste (BNB), crédito de R$ 1,8 bilhão para investimentos a serem realizados em seis aeroportos do Bloco do Nordeste.
Será a primeira vez que o BNDES oferecerá fiança bancária para uma operação de infra-estrutura. A modalidade Project Finance Non-Recourse, viabilizará a modernização e ampliação da infra-estrutura aeroportuária, com aumento estimado de 50% na capacidade dos aeroportos, com fluxo de passageiros estimado em 19 milhões em 2030.
No caso do Recife uma nova ala da estação de passageiros. Até porque Aeroporto do Recife ultrapassou em 4% o número de pessoas chegando e saindo do Estado em relação ao mesmo período na pré-pandemia.
Segundo o boletim da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que apresenta a situação dos voos em tempo real, dos 89 voos programados, 17 estavam atrasados - FOTO: Agência Brasil
Hoje a companhia que tem 49% de suas ações negociadas na Bolsa de Madri e 51% dos papéis controlados pela estatal Enaire, ligada ao Ministério de Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana do governo espanhol.
Nos primeiros seis meses deste ano, 117,3 milhões de passageiros passaram pelos aeroportos do grupo Aena, sendo 32% deles no Brasil.