Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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PREÇO DA GASOLINA: Decisão sobre petróleo pode obrigar Petrobras a aumentar valor dos combustíveis; entenda

Independentemente da pressão de Bolsonaro, os preços da gasolina, diesel e gás de cozinha vão subir

Fernando Castilho
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Publicado em 06/10/2022 às 7:15 | Atualizado em 06/10/2022 às 11:06
GUGA MATOS/JC IMAGEM
Preço dos combustíveis vai voltar a subir - FOTO: GUGA MATOS/JC IMAGEM
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Não tem como esperar outra coisa. Vem aumento dos preços da gasolina, diesel, gás de cozinha e etanol nas próximas semanas. Embora estejam cada vez mais próximas as pressões do presidente Jair Bolsonaro para que a Petrobras não mexa nos preços, parece claro que a estatal deve corrigir os seus preços.

Mas independentemente da pressão de Bolsonaro, os preços vão subir porque a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu agir.

Isso aconteceu nesta quarta-feira, durante a 45ª Reunião do Comitê Ministerial Conjunto de Monitoramento (JMMC) e a 33ª Reunião Ministerial da OPEP e não-OPEP.

A organização decidiu baixar a produção geral em milhões de barris de petróleo por dia (com base nos níveis de produção exigidos em agosto de 2022), a partir de novembro de 2022 para países participantes da OPEP e não-OPEP, conforme a tabela anexa. E fazer reuniões bimestrais para o Comitê de Acompanhamento Ministerial Conjunto.

Isso aconteceu porque, desde junho, os preços do petróleo não param de cair - o que para os países que fazem parte da OPEP, significou a perda de receita. Para se ter uma ideia, em 14 de junho, o preço do barril de petróleo era de US$ 123,73. No último domingo, chegou a US$ 90,68 uma perda de US$ 33,05. Ou seja, 40,89%.

OPEP
DISPUTA Petróleo vai a máxima em três semanas com corte de produção pela Opep ; decisão afeta o Brasil - OPEP

Foi uma perda grande demais para a OPEP ficar parada, e ela decidiu agir. Para quem não está acostumado a esse mundo da OPEP, hoje os países da OPEP produzem 43.856 milhões de barris de petróleo por dia.

Menos 2 milhões de barris de petróleo quer dizer que os 10 países fundadores vão deixar de vender 1,2 milhão, o que vai impactar nos preços. Aliás, já impactou, pois nesta quarta-feira (5), ele já subiu para US$ 94,05.

E o que isso tem a ver com o Brasil e o mundo? O que pode mudar na rota de preços da Petrobras?

Primeiro porque a Rússia, que faz parte do grupo OPEC+, produz 11 milhões de barris de petróleo por dia, e quando reduz 500 mil, os seus clientes vão pagar mais.

Depois, a Arábia Saudita, que produz outros 11 milhões de barris por dia, também reduz 500 mil - quer dizer que os dois países, que entregam 22 milhões de barris por dia, vão entregar apenas 1 milhão de barris/dia a menos. Apenas esses dois países vão ser os grandes beneficiários.

Isso é bom para a Rússia, que está envolvida numa guerra e que mesmo tendo se beneficiado até junho, começou a perder dinheiro que acaba faltando no seu esforço de guerra.

Assim, mesmo não fazendo parte da OPEP e apenas integrando o grupo que define seus preços por ela, o país de Vladimir Putin é o grande beneficiário.

E a OPEP não tomou essa providência olhando apenas para o que aconteceu até a semana passada. Na verdade, o que fez os países mudarem o comportamento foi a perspectiva de que, em 2023, a economia global vai crescer menos.

Isso já está acertado e, por isso, os países vão comprar menos petróleo. A Europa vai comprar menos até porque ela se estocou para enfrentar o inverno, que está começando. Além da Europa, toda a economia global vai crescer menos. Então, para não perder mais, a OPEP decidiu se cuidar.

Aqui no Brasil isso tem impacto porque o País, através da Petrobras, compra da Arábia Saudita e vários outros países e vai sofrer esse impacto da mesma forma que vem se beneficiando com a queda de 40,89% que lhe permitiu baixar todos os preços.

Assim, aquela mesma conversa de que baixou porque os preços internacionais estavam caindo, ela agora vai dizer que vai subir porque eles voltaram a crescer. O que podemos discutir é o tempo em que fará isso. E pela pressão do Governo, certamente, isso não vai acontecer ate o dia 30 de outubro (segundo turno das eleições 2022).

A Petrobras está no centro de uma disputa política entre governo e oposição
A Petrobras está no centro de uma disputa política entre governo e oposição - A Petrobras está no centro de uma disputa política entre governo e oposição

Além disso, pode acontecer que ela não se mexa até o final do ano, pois ela mesmo analisa períodos mais longos para tomar um posicionamento.

Então, essa política que ajudou muito o presidente Jair Bolsonaro pode lhe prejudicar, mas não até o final de outubro.

Para o consumidor, isso quer dizer que num primeiro momento os preços não vão mais baixar. E num segundo momento, podem até subir um pouco. Mas que vai subir, vai.

Ou seja, acabou a festa de gasolina, diesel e gás de cozinha baixando na bomba.

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