Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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IPCA de -0,29% completa "trimestre de ouro" para o governo Bolsonaro que não conseguiu aproveitar baixa de preços

Em junho quando o mesmo IPCA registrou alta de 0,76% a inflação em 12 meses era de 11,89%. Agora, no ano, o IPCA acumulasse alta de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%.

Fernando Castilho
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Publicado em 11/10/2022 às 11:16
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
A inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) agora é de 4,09% no ano e, nos últimos 12 meses, de 7,17%. - FOTO: Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Se o presidente Jair Bolsonaro esperava uma boa noticia na economia ela chegou na manhã desta terça-feira(11) quando o IBGE divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro foi de -0,29%, terceiro mês seguido de deflação.

Foi o trimestre de ouro para o Governo porque também foi a menor variação para um mês de setembro desde o início da série histórica. No geral o IPCA caiu -0,68% em julho, -0,38% em agosto e agora -0,29%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) não teria registrado deflação no período de três meses (-1,32%).

Isso fez com que no ano, o IPCA acumulasse alta de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%.

Para se ter uma idéia do que isso representa basta dizer que em junho quando o mesmo IPCA registrou alta de 0,76% a inflação em 12 meses era de 11,89%. É uma queda brutal quando se sabe que em setembro de 2021, a variação havia sido de 1,16%.

Como já estava previsto pelo mercado financeiro o maior impacto veio, de novo, do grupo de Transportes (-1,98%) que registrou queda pelo terceiro mês consecutivo. E não foram quedas pequenas de modo que o resultado é conseqüência da redução no preço dos combustíveis (-8,50%).

A gasolina (-8,33%) contribuiu com o impacto negativo mais intenso no índice de setembro (-0,42 p.p.). Os outros três combustíveis pesquisados também apresentaram queda: etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%).

O índice de setembro completa uma série trimestral iniciada em julho quando o mesmo dos Transportes ajudou a derrubar a inflação oficial com uma queda de 4,51% ancorada na redução no preço dos combustíveis (-14,15%).

Naquele mês, o preço da gasolina caiu 15,48% e o do etanol recuou 11,38%. A gasolina sozinha baixou 1,04 p.p. no índice geral.

A baixa no índice de transporte só foi menor que recuo do grupo Comunicação (-2,08%) foi puxado por acesso à internet (-10,55%) e por telefonia, internet e tv por assinatura (-2,70%). Juntos, os dois subitens contribuíram com -0,09 p.p. no IPCA de setembro.

E essa queda também tema ver com medidas do governo porque ele reflete a baixa das alíquotas do ICMS de 30% para 18% que os estados precisaram fazer e que estão aparecendo agora.

Na contramão temos o grupo alimentação e bebidas passou de alta de 0,24% em agosto para queda de 0,51% em setembro, puxado pela alimentação no domicílio (-0,86%). Os preços do leite longa vida caíram 13,71%, contribuindo com -0,15 p.p. no resultado do mês.

Apesar da queda, o produto ainda acumula alta de 36,93% nos últimos 12 meses. Destaca-se também a redução nos preços do óleo de soja (-6,27%), com impacto de -0,02 p.p. Entre as altas, a maior contribuição (0,02 p.p.) veio da cebola (11,22%), que havia subido 5,12% em agosto.

Curiosamente, mesmo com essas informações o governo não conseguiu capitalizar politicamente essa queda deixando prevalecer a alta nos preços dos alimentos que ancoraram todas as críticas da oposição.
De fato desde julho que o grupo de alimento vem puxando a alta do IPCA ou pressionando para que a queda não seja maior ainda.

Em julho, por exemplo, os alimentos subiram 1,30% e, em agosto, mais 0, 24% e agora, em setembro, quando registrou queda de -0,51%.

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