Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

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Por Fernando Castilho
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Gigante chinesa vai explorar lítio na Bolívia e consolida domínio na produção de baterias para carro elétrico no mundo

Empresa é parceira estratéica da Baterias Moura que monta em sua planta de Belo Jardim conjunto elétrico dos caminhões da Volkkswagem

Fernando Castilho
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Publicado em 27/01/2023 às 16:00 | Atualizado em 27/01/2023 às 17:36
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Bolivia deve se tornar o maior produtor mundial de lítio um insumo essencial na produção de baterias especialmente baterias para carros elétrico. - FOTO: DIVULGAÇÃO

Depois de um ano de análise com ao menos 20 concorrentes, o Governo da Bolivia, liderado por Luis Arce, finalmente escolheu o consórcio chinês liderado pela empresa Contemporary Amperex Technology (CATL), com a CMOC Group e Guangdong Bangpu Cycle Technology, também da China.

O acordo do consórcio liderado pela Contemporary Amperex Technology (CATL) é com a estatal boliviana Depósitos de Lítio Boliviano (Yacimientos de Litio Bolivianos), conhecida como YLB, que lidera a aprovação de um projeto que vai exigir US$ 1 bilhão - transformando a Bolívia no maior produtor mundial de lítio - insumo essencial na produção de baterias, especialmente baterias para carros elétricos.

Para quem não lembra, a CATL vem ser a parceira da companhia brasileira Moura, que fez uma parceria com ela, em 2020, vencendo uma disputa na qual estiveram participando todas as grandes montadoras de veículos do mundo.

A Moura virou parceira da CATL em 2020 por decisão do seu controlador Zeng Yuqun, também conhecido como Robin Zeng. Ele é o fundador e presidente da fabricante de baterias Contemporary Amperex Technology, que disse se identificar com a trajetória do fundador da Moura, Edosn Mororó, cuja história conheceu.

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Zeng Yuqun presidente da CATL - Divulgação

A CATL tem dois terços do consórcio (66% das ações) e com ele literalmente fecha o ciclo de produção industrial, uma vez que hoje é uma das maiores produtoras das células que equipam os veículos da China e de vários países do mundo.

A parceria com a Moura permitirá a importação das células com as quais a Moura monta  sua planta de Belo Jardim - conjunto elétrico que hoje já equipa, por exemplo, os caminhões elétricos da Volkkswagem Caminhões, em Resende. O planejamento é que em breve a Moura possa montar no Brasil os conjuntos que recebe hoje da CATL.

Para a empresa pernambucana, a vitória da parceria chinesa sobre ao menos 20 concorrentes globais não poderia ser melhor. A Bolívia tem as maiores reservas de lítio do mundo, mas poucos meios locais para desenvolvê-las. A assinatura de contrato em La Paz, com o próprio presidente boliviano, Luis Arce, prevê o inicio da operação comercial e exporta baterias de lítio no primeiro trimestre de 2025.

Na verdade, o destino do contrato de US$ 1 bilhão é a construção de estradas, instalação de base e infra-estrutura e fornecimento de energia para que a Bolívia tenha os depósitos de lítio conhecidos mais ricos do mundo (21 milhões de toneladas) e possa aproveitá-los.

A conexão da CATL é que antes de a Bolívia exportar as células para baterias automotivas, o mineral seja enviado à China onde será processado para ser usado nas baterias.

A disputa pelo contrato de exploração de lítio começou em 2019, quando o governo da Bolívia revogou a parceria com uma empresa alemã ACI Systems. para produção de lítio. O projeto havia sido lançado há apenas um ano para a exploração do Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo e tido como a maior reserva de lítio do planeta.

O governo boliviano, na época liderado por Evo Morales, cancelou o acordo para uma joint venture, firmado em dezembro de 2018 em Berlim pela estatal boliviana Yacimientos de Litio Bolivianos (YLB) e a empresa alemã.

Mas a alegria do presidente boliviano, Luis Arce, não é um sentimento compartilhado com seu povo. O projeto pode enfrentar desafios dos moradores locais às jazidas de lítio, embora a Lei de Mineração da Bolívia e a Lei para a Criação de Depósitos de Lítio da Bolívia protejam o direito do país de desenvolver recursos de lítio

De qualquer forma, a verticalização obtida pela CATL, a torna diferenciada no mercado global. Além de fornecer os conjuntos modelos e-Delivery de 11 toneladas e 14 toneladas, o Grupo Moura se tornou responsável, na América do Sul, pelos principais serviços de pós-venda e manutenção das baterias de íons de lítio produzidas pela chinesa Contemporary Amperex Technology Co. Ltd. (CATL).

 

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Caminhão feito pelo liderado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) com bateria Moura da CATL - Divulgação

O mercado de veículos comerciais e pesados (como caminhões e ônibus) concentrará a demanda inicial e será plenamente atendido pelo novo pós-venda Moura/CATL na região.

A Rede de Serviços Moura (RSM) atuará em mais de 37 frentes de trabalho, sendo as principais análises de falhas, manutenção, reparo e reposição de peças em sistemas completos, incluindo montagem e desmontagem em campo.

Integrante do e-Consórcio, um projeto liderado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) que impulsionará a produção de caminhões elétricos no Brasil, a Moura irá se concentrar no mercado de veículos comerciais e pesados (como caminhões e ônibus), que serão atendidos pelo novo pós-venda Moura/CATL na região.

A parceria com a chinesa Contemporary Amperex Technology Co. Ltd. (CATL), para os veículos e-Delivery além de garantir o processo de manutenção e pós-vendas, provendo um atendimento local . Os sistemas são montados na unidade industrial de lítio em Belo Jardim.

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