Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Aena, do Aeroporto do Recife, vai administrar Congonhas e será maior operadora de terminais aéreos no Brasil

A empresa espanhola Aena terá quase 20% (18,5%) de todo o tráfego Brasil, operando o equivalente a 40 milhões, com base em dados de 2019

Fernando Castilho
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Fernando Castilho
Publicado em 21/02/2023 às 0:05 | Atualizado em 24/02/2023 às 10:43
DIVULGAÇÃO GOVERNO DE PERNMABUCO
Obras de ampliação do Aeroporto Internacional do Recife - FOTO: DIVULGAÇÃO GOVERNO DE PERNMABUCO

Quando em março de 2019, o grupo espanhol Aena ofereceu R$ 1,9 bilhão pela concessão dos aeroportos de Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa (PB) e Campina Grande (PB), corresponde a um ágio de 1.010,69%, ante a oferta mínima inicial para o bloco, que era de R$ 171 milhões, o mercado se perguntou por que a maior empresa gestora de aeroportos do mundo queria tanto entrar no Brasil?

Mas quando, em agosto do ano passado, venceu a licitação de 11 aeroportos no Brasil, entre eles Congonhas-São Paulo, e pagando R$ 2,45 bilhões num ágio de 231,02%, elevando o número de terminais sob seu controle dos atuais seis para 17, o mercado percebeu que eles parecem ter um interesse estratégico global para o Brasil, já que a área onde estão corresponde a quase duas Espanhas, país sede da companhia.

A companhia, como se sabe, também está presente no Reino Unido, com a propriedade de 51% do Aeroporto de Londres-Luton, e em aeroportos do México, Colômbia e Jamaica. Mas pelo potencial de mercado, parece claro que o Brasil virou a bola da vez.

Quando pagou mais 1000% de ágil por seis terminais com movimentação de 13,2 milhões de passageiros, a Aena revelou a meta de 41 milhões/ano até o final de concessão, em 2049. Mas a maior parte desses passageiros embarca e desembarca no Recife, onde a empresa já está investindo R$ 1,8 bilhão na ampliação do atual terminal, cuja capacidade operacional bateu no teto.

Agência Brasil
Sitio de localização do Aeroporto de Congonhas. - Agência Brasil

Mas isso não é comparável ao Bloco “SP/MS/PA/MG” da 7ª Rodada de Concessões Aeroportuárias, onde está Congonhas (SP), que opera astronômicos 22,8 milhões de passageiros. A empresa também afirma que o aporte total da operação chegará a R$ 4,089 bilhões, com 73% desses investimentos na primeira fase de concessão, até 2028.

O bloco de 11 aeroportos registrou em 2019 um total de 26,8 milhões de passageiros, que corresponde a 12% do tráfego aéreo do País naquele ano. O seis aeroportos do Nordeste representam 6,5% de todo o tráfego nacional. Ou seja, a empresa espanhola terá quase 20% (18,5%) de todo o tráfego Brasil, operando o equivalente a 40 milhões, com base em dados de 2019.

Nesta última sexta-feira, a Aena pagou R$ 813,9 milhões necessários para a concretização da concessão dos onze aeroportos, onde R$ 772, 92 milhões são referentes ao programa de adequação do efetivo da Infraero; R$ 39,40 milhões para as empresas responsáveis pelos estudos de viabilidade e mais R$ 1,60 milhão referentes às despesas da B3. E mais R$ 319,55 milhões como garantia de execução do contrato de concessão. A assinatura do contrato de concessão está prevista para fevereiro de 2023.

Dinheiro para melhorar os terminais parece não ser problema. No caso dos aeroportos do Nordeste, a Aena inaugurou uma operação do BNDES no segmento de infraestrutura, onde o banco entrará com R$ 1 bilhão e o BNB, com R$ 790 milhões. O BNDES usará pela primeira vez a operação Non-Recourse, a contrapartida à garantia do BNDES é lastreada pelas receitas do próprio projeto e não por recursos do acionista.

O BNDES também oferecerá fiança bancária para uma operação de infraestrutura pela primeira vez no valor de R$ 395 milhões, correspondente a 50% do crédito aprovado pelo BNB.

DVULGAÇÃO GOVERNO DE PERNAMBUCO
Obras da nova Estação de passageiro sdo Aeroporto do Recife. - DVULGAÇÃO GOVERNO DE PERNAMBUCO

O Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes ficou em primeiro lugar do Brasil, pela segunda vez consecutiva (o quarto colocado no mundo), entre os terminais de médio porte, segundo o levantamento The On-Time Performance Review 2022 – Airlines & Airports, que registra a pontualidade dos terminais, realizada pela consultoria Cirium – uma das mais importantes do setor aéreo. Recife obteve o índice de 88,95% (numa escala de 100) de operações nos horários previstos.

A companhia espanhola é considerada pelo Conselho Internacional de Aeroportos como a maior operadora aeroportuária do mundo em número de passageiros, com mais de 275 milhões em 2019 na Espanha. Certamente, em 2023, ela terá operado 320 milhões de passageiros, agora que vai operar uma rede de 17 aeroportos no Brasil, se transformando na gestora da maior rede de aeroportos concedidos do País.

Agência Brasil
Obras da cabeceira da pista de Congonhas - Agência Brasil

Resistência da Infraero

Apesar do otimismo e dos pagamentos da Aena, parece claro que, dentro da Infraero, os funcionários ainda acreditam numa quebra de contrato, de modo a que Congonhas saísse da lista de terminais privatizados. No mesmo dia que a Aena pagou os primeiros valores da concessão, o presidente da Infraero, Rogério Barzellay, e o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, precisaram desmentir um e-mail enviado por um gerente de manutenção da Infraero, que atua no Aeroporto de Santos Dumont, informando que os terminais Viracopos (SP), São Gonçalo (RN) e Galeão (RJ) iriam, “num futuro”, reintegrar o portfólio de operações da Infraero, e que “todas as futuras concessões estão suspensas/canceladas.” França, que estava em São Gonçalo, lembrou que esse processo foi decidido pela Anac. Mas o incidente revela que apesar de hoje o mercado brasileiro atendido por operadores privadas chegará a 91,6%, a vitória de Lula ainda faz os servidores da Infraero acreditarem numa reestatização.

Nomes do PT

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, indicou os dois primeiros novos diretores para a estatal. Clarice Coppetti vai para a Diretora de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade. Ela foi vice-presidente de TI da CAIXA e de Operações e Serviços da Autoridade Pública Olímpica. Sérgio Caetano será diretor Financeiro e de RI. Ele foi subsecretário do Consórcio Nordeste, responsável pelas Câmaras Temáticas de Saneamento, de Energias (Energias Renováveis, Petróleo e Gás), e de Infraestrutura e Investimentos.

Concorrência forte

A crise mudou o perfil do turista de Carnaval. São Paulo e Minas Gerais, que mandavam foliões para Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro, agora têm suas próprias festas. E mesmo na Bahia e no Rio de Janeiro, o número de viajantes reduziu-se drasticamente. Lotou hotel? Lotou, mas aqui para nós, o número de gente que veio desses estados para o Recife caiu. Nos costuramos com os turistas de Natal, João Pessoa e Maceió. Pernambuco terá que reembalar seu Carnaval para trazer mais gente de fora do chamado Nordeste Oriental, que durante o ano já manda dois de cada três turistas de lazer a Pernambuco.

País do atacarejo

O brasileiro está abandonando o hipermercado como conhecemos. O Assaí Atacadista, cujo conceito era o de ser uma empresa de Cash & Carry que atende pequenos(as) e médios comerciantes e consumidores(as) em geral, entrou, de vez, no varejo da família, e já obtém volume de vendas entre 2 a 2,5 vezes maior nas 47 lojas convertidas a partir dos hipermercados adquiridos em 2021. Em 2022, a rede realizou 60 inaugurações. O faturamento anual cresceu 31% a receita chegou a R$ 59,7 bilhões, mas o lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, ficou em linha com 2021.

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